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Edição 289

Professor, aprendendo o que teria de ensinar

Segundo especialistas na área, a formação continuada no Brasil oferta aquilo que deveria ter sido aprendido ainda na formação inicial

Publicado em 27/10/2022

por Paulo de Camargo

professor-aprendendo Formação continuada ainda supre o que a inicial não deu conta Foto: Shutterstock

Seria um equívoco pensar que a formação do professor no Brasil esteja estagnada. Tema da meta 16 do Plano Nacional de Educação (PNE), os números mostram evolução significativa. A porcentagem de professores com pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado) passou de 18,1%, em 2007, para 49,6%, em 2020, segundo dados do Observatório do PNE. Da mesma forma, o grupo de docentes que realizou pelo menos uma ação de educação continuada por ano foi de 13,3% em 2007 para 39,5%, em 2020. É pouco, mas vem crescendo.


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Segundo especialistas na área, a formação continuada no Brasil tem um caráter compensatório em relação à precária estrutura da graduação dos professores – ou seja, oferta aquilo que deveria ter sido aprendido ainda na formação inicial. Assim também, durante a pandemia, muitas atividades de formação tiveram de partir do desenvolvimento de competências digitais básicas e focar os temas trabalhados em sala – ou seja, dar a chance ao professor de aprender o que teria de ensinar, no modelo remoto.

Mas, com mais habilidades digitais, os professores também puderam buscar novas possibilidades do estudo a distância, inclusive em cursos online de formação de longa duração – validados pelo Conselho Nacional de Educação, em 2020.

O impacto desses cursos começou a ser analisado por pesquisadores. A última edição da Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores publicou um estudo de caso de pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) sobre o envolvimento de 120 professores de redes municipais em uma pós-graduação cujo tema eram as neurociências aplicadas à educação, com duração de seis meses. Os docentes assistiram a aulas síncronas e assíncronas, fizeram exercícios, fóruns, mapas conceituais e ouviram podcasts, com resultados considerados positivos.

“O curso se apresentou como uma oportunidade para os profissionais da educação refletirem sobre seus saberes experienciais e também a percepção de que existem muitos caminhos que podem ser percorridos dentro da formação continuada”, diz o trabalho.


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Professor e as adaptações

O mesmo ocorreu no curso lato sensu Cartografias da Diversidade e das Singularidades na Atuação Coordenadora, das instituições A Casa Tombada e Diálogos. Segundo um estudo da professora Ana Paula Piti, especialista em inovação, os 60 participantes conseguiram encontrar nesse curso online de 18 meses experiências que acreditavam ser possíveis apenas no mundo presencial.

“Decidir-se por um curso de pós-graduação online passa, principalmente, pela confiança no modelo. Entram na balança não apenas conseguir ou não conseguir fazer um curso, mas saber que se fez uma opção de qualidade”, considera a educadora. A assessora pedagógica e aluna do curso Maria Clara Garcia Tonhatti concorda: “A qualidade de um curso vem da maneira como os professores pensam educação, de forma mais aberta e questionadora, com isso cursos online não deixam nada a desejar em relação aos presenciais”, acredita.

Escute nosso episódio de podcast:

Autor

Paulo de Camargo


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