NOTÍCIA

Formação docente

Autor

Redação revista Educação

Publicado em 19/12/2024

Qualis Periódicos substituído: diretor da Capes explica o motivo

Entre as causas, medida visa acolher especificidades das áreas de avaliação. Antonio Gomes também conta à revista Educação os três procedimentos da nova metodologia de classificação dos artigos

A classificação direta dos artigos de estudantes e professores dos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu passará a ter mais força do que o nome do periódico em que o texto será publicado. A mudança valerá já no ciclo 2025 a 2028, a chamada avaliação quadrienal de 2029. Isso porque a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) anunciou no segundo semestre deste ano que o Qualis Periódicos — sistema criado pela Capes que classifica os veículos de publicação científica, divulgando o nível de prestígio —, não será mais utilizado.  

A Capes alega que a medida foi tomada para aprimorar o sistema avaliativo, ampliando a classificação direta dos artigos, seja por análise bibliométrica ou qualitativa. Com isso, os nomes das revistas científicas perderão o foco. Com a nova metodologia, caso dois artigos sejam publicados em um mesmo periódico, por exemplo, eles poderão ter classificações diferentes devido aos indicadores bibliométricos serem diferentes. As novas regras serão detalhadas em março de 2025.

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A justificativa da mudança é a de que “para algumas áreas está claro que o Qualis no formato atual não servia mais para distinguir os programas [de pós-graduação] no que dizia respeito à qualidade da produção de artigos. As limitações do modelo Qualis foram naturalmente consideradas na avaliação de entrada (abertura de cursos novos) quando muitas áreas já não citaram mais o Qualis nos seus documentos orientadores de APCN (Avaliação de Propostas de Cursos Novos) em 2023”, respondeu por e-mail à Laura Rachid, editora da revista Educação, Antonio Gomes de Souza Filho, diretor de avaliação da Capes. 

Um dos procedimentos da nova metodologia vai permitir, por exemplo, que dois artigos publicados em um mesmo periódico possam ter classificações diferentes, pois os indicadores bibliométricos dos artigos são diferentes. Com isso, um texto poderá receber classificação melhor do que o outro. 

Antonio Gomes diz que ano passado o Qualis foi debatido nos Seminários de Meio Termo junto aos coordenadores de programas de pós-graduação. Além disso, alega que a decisão foi tema de parte das discussões também de 2023 do Conselho Técnico Científico da Educação Superior, tendo como encaminhamento a constituição de um grupo de trabalho com o objetivo de subsidiar a Capes no aprimoramento dos processos avaliativos da produção intelectual dos programas de pós-graduação stricto sensu para as avaliações de permanência.

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O que esperar a partir dessa decisão

Foram definidos três procedimentos para a classificação dos artigos. Cada uma das 50 áreas de avaliação da Capes poderá adotar um ou a combinação entre eles. O diretor de avaliação da Capes, Antonio Gomes de Souza Filho, explica cada um desses procedimentos:

Primeiro

“A classificação se dará pelos indicadores bibliométricos dos veículos de publicação, baseada no desempenho da revista, como é feito atualmente pelo Qualis Periódicos, mas a classificação vai recair sobre artigos”.

Segundo

“Neste procedimento, são considerados os indicadores diretos dos artigos mais os indicadores dos periódicos, tais como o índice de citações alcançado para a análise quantitativa. Os atributos dos periódicos usam seus indicadores bibliométricos como ponto de partida para adicionar outros critérios que qualificam o periódico, tais como critérios de indexação e acesso aberto, dentre outros. A classificação final dos artigos resulta da combinação das duas análises mencionadas e os critérios são estabelecidos pelas áreas”.

 

Qualis Periódicos

Antonio Gomes de Souza Filho, diretor de avaliação da Capes (Foto: Julia Prado/Capes)

Terceiro 

“A análise qualitativa de artigos é baseada em fatores e metodologias definidos pela área de avaliação que podem abarcar, por exemplo, uma análise de pertinência do tema abordado, avanço conceitual proveniente do trabalho e a contribuição científica do estudo, dentre outros. Nesta fase, eles receberão conceitos em uma escala já bem conhecida: muito bom, bom, regular, fraco e insuficiente”.

Antonio Gomes de Souza Filho finaliza que a Capes espera com essa mudança alguns aprimoramentos, tais como: “acolhimento de outras informações, métricas e novas metodologias de avaliação da produção científica; valorização de boas revistas de acesso aberto ou de relevância nacional, a exemplo daquelas indexadas no Scielo; possibilidade de acolher de forma mais acurada as especificidades de cada uma das áreas de avaliação. 

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