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O Guia para realizar um bom diagnóstico de equidade racial reforça que o Brasil é marcado por muitas desigualdades e essa realidade se amplia ainda mais sob a perspectiva racial. Na educação, o impacto do racismo estrutural é enorme. Mesmo entre estudantes com condições socioeconômicas […]
Publicado em 06/11/2023
O Guia para realizar um bom diagnóstico de equidade racial reforça que o Brasil é marcado por muitas desigualdades e essa realidade se amplia ainda mais sob a perspectiva racial. Na educação, o impacto do racismo estrutural é enorme. Mesmo entre estudantes com condições socioeconômicas semelhantes, os brancos ainda têm vantagem em relação aos negros. Segundo a Pnad Contínua de 2022 (IBGE), a taxa de analfabetismo entre a população branca com 15 anos de idade ou mais é de 3,4%, enquanto a da população preta ou parda, na mesma faixa etária, é de 7,4%.
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Com intuito de contribuir com a pauta de equidade racial na educação baseada em dados e evidências, a Fundação Lemann, o Centro Lemann e o Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) acabam de lançar esse material para gestoras(gestores), cujos autores são Ernesto Martins Faria e Lecticia Maggi, diretor-fundador e gerente de comunicação do Iede, respectivamente.
A escassez ou até a completa ausência de diagnósticos com marcadores de cor/raça nas redes de ensino do país motivou a elaboração do Guia. Além de evidenciar a relevância desse tipo de estudo nos territórios, o documento traz um passo a passo de como operacionalizá-lo. Considera-se que, somente a partir de um levantamento robusto e contextualizado, é possível às secretarias de Educação e escolas terem informações qualificadas para a elaboração de políticas públicas ligadas ao tema.
“Acreditamos que para solucionar um problema é preciso, antes, entendê-lo. Por isso, a importância de realizar bons diagnósticos para a elaboração de políticas públicas efetivas, que sejam capazes de garantir um ambiente escolar e um ensino racialmente equitativos”, diz Deloise Jesus, gerente de equidade racial da Fundação Lemann.
O Guia teve a contribuição de docentes, diretora(es) escolares, pesquisadoras(es), profissionais do terceiro setor, técnicas(os) e gestoras(es) de secretarias de Educação. É dividido em 10 capítulos, desde a origem das desigualdades raciais, primeiros passos para a estruturação de um diagnóstico, criação e aplicação de questionários, utilização de dados públicos, até os cuidados necessários no momento de divulgação dos resultados e possibilidades de atuação para transformar o cenário encontrado, por meio da criação e do monitoramento de indicadores educacionais. Por fim, o material apresenta exemplos de diagnósticos raciais e ações adotadas em três redes de ensino: São Paulo, Bahia e Goiás.
“A elaboração de um guia que ajude as redes de educação no diagnóstico da desigualdade racial faz todo sentido pra nós que trabalhamos com formação de lideranças educacionais”, explica Eduardo Marino, gerente de pesquisa aplicada do Centro Lemann. “Afinal, trata-se de mais uma ferramenta para gerar evidências que embasam decisões e permitam superarmos as desigualdades com a oferta de uma educação básica de qualidade com equidade no país”, conclui Marino.
“O guia possui tanto o papel de mobilizar como de instrumentalizar gestores para fazerem diagnósticos de equidade racial na educação. Há muitos dados que apontam grandes desigualdades ligadas à cor/raça no Brasil, mas ainda não há ações intencionais de combate ao racismo em muitas redes de ensino. Da mesma forma, os gestores não veem as diferentes possibilidades de diagnósticos que podem fazer com informações que possuem ou podem coletar”, diz Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Iede.
Analfabetismo, em 2022: entre a população branca com 15 anos, 3,4%. Entre pretos e pardos, 7,4% (Pnad 2022).
Educação básica: população com 25 anos ou mais que concluíram até o ensino médio, entre os brancos, 60,7% e entre pretos e pardos, 47% (Pnad 2022).
Desemprego em 2022: 11,3% entre a população branca e 16,5% entre os pretos e 16,2% entre os pardos (IBGE).
Renda: pessoas brancas recebiam em média, R$ 3.099,00; as pretas, R$ 1.764,00 e as pardas, R$ 1.814,00 (IBGE).
Clique e acesse o Guia para realizar um bom diagnóstico de equidade racial.
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