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Educação brasileira avançou, mas desigualdade de aprendizagem ainda é latente

Enquanto 45,7% dos alunos ricos do 3º ano do ensino médio adquiriram o esperado em matemática, apenas 3,2% dos pobres obtiveram o mesmo patamar

Publicado em 03/08/2020

por Redação revista Educação

educacao-brasileira Foto: Shutterstock

O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2020, lançado recentemente, traz mais de 200 gráficos e tabelas com dados e informações que permitem uma ampla leitura do que vem ocorrendo com o setor, visando assim, promover a igualdade de acesso educacional. Aliás, vale destacar que o material passa longe da onda de achismos e se baseia em dados de pesquisas como IBGE e Inep.

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educação brasileira

Cenário da educação brasileira é destaque de anuário (foto: Shutterstock)

“O Anuário mostra que houve muitos avanços ao longo das últimas décadas na educação básica, como o aumento do atendimento escolar dos 4 aos 17 anos, mas também explicita os desafios que serão aprofundados pela paralisação prolongada das aulas presenciais, como o provável aumento da desigualdade na aprendizagem e a queda na conclusão do ensino médio na idade correta. Se antes a necessidade de mudanças estruturantes no ensino era imprescindível, a crise da covid-19 amplia a urgência de uma aliança intersetorial para amenizar os impactos da pandemia e fortalecer a educação como pilar de reconstrução do país”, alerta Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.

Destacamos algumas informações sobre a educação brasileira presentes no material:

  • Cerca de 80% dos 2 212.018 professores da educação básica estão nas redes públicas de ensino;
  • Dados do Censo Escolar de 2019 mostram que apenas 56.8% das turmas dos anos finais do ensino fundamental possuíam professores com formação compatível com as disciplinas que lecionavam. Enquanto em língua portuguesa, três em cada 10 turmas não possuíam professores com formação compatível; em matemática, a proporção era de 42,2%. Segundo o Anuário, dados como esses reforçam a relevância de ampliar programas de formação continuada para os docentes, políticas essenciais para uma resposta adequada à crise da covid-19 e para a melhoria da qualidade do ensino no Brasil;
  • A aprendizagem adequada em matemática no 9º do ensino fundamental de alunos ricos foi de 54,7%, já para os estudantes pobres, apenas 8,8% chegaram no nível tido como condizente. A desigualdade é ainda maior quando se analisa a qualidade adequada da mesma disciplina nos alunos do 3º ano do ensino médio: enquanto os ricos adquiriram 45,7% do nível esperado, somente 3,2% dos estudantes pobres obtiveram o mesmo patamar de aprendizagem. A saber, tais informações são do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) 2017 e destacadas no Anuário;
  • Sobre laboratórios de ciências, nos anos iniciais do ensino fundamental, somente 9,7% das escolas possuem tal área. Nos anos finais há um pequeno aumento, chegando a 23,7% e somando as duas etapas, 12,5% das escolas com ensino fundamental possuem laboratórios de ciências. Por fim, já no ensino médio, 48% têm infraestrutura laboratorial.

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Mais desafios

Assim também, em um webinar de apresentação do Anuário, Flávia Oliveira, jornalista de economia e colunista do jornal O Globo, enfatizou que pobreza sempre foi vista como insuficiência de renda.

“Mas não é só isso. A definição de pobreza hoje vem incorporando outros elementos, que envolve, por exemplo, a qualidade da habitação: ter parede sem reboco, não ter laje, não ter pelo menos um dos três serviços ligados a saneamento básico, coleta de lixo, não ter acesso a internet”, criticou. Flávia completou ainda: “eu acho que não é aceitável se render a isso. Como é que se faz para acolher o aluno e romper essa deficiência que vem do meio e não da escola? Agregando assistência social, programa de renda mínima. Ter segurança alimentar”, aconselha.

Sendo assim, o que Flávia e Priscila Cruz concordam é que tais disparidades de aprendizagem entre pobres e ricos, brancos e negros, é uma desigualdade estrutural. “Para a gente chegar em equidade maior a gente precisa dar mais para quem tem menos e para isso as políticas precisam ser definidas e formuladas para quem tem menos”, defende Priscila.

Em resumo, a publicação é uma parceria do Todos Pela Educação com a Editora Moderna e, segundo os organizadores, a divulgação anual é uma forma de monitorar e criar ambientes de pressão constante sobre o que melhorou e o que piorou na educação brasileira.

Para ter acesso ao Anuário, acesse: https://bit.ly/308j59C.

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Autor

Redação revista Educação


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