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Bett Brasil

Aliança entre escola e território permite, de fato, uma educação integral

Promover uma educação integral pressupõe olhar para o estudante como um ser que existe também fora do ambiente escolar. Afinal, não adianta pensar nas dimensões intelectual, emocional, física, social sem considerar que ele tem uma vida dentro de um espaço geográfico. Só com a articulação […]

Publicado em 12/05/2023

por Luciana Alvarez

Promover uma educação integral pressupõe olhar para o estudante como um ser que existe também fora do ambiente escolar. Afinal, não adianta pensar nas dimensões intelectual, emocional, física, social sem considerar que ele tem uma vida dentro de um espaço geográfico. Só com a articulação entre as escolas e outros atores do território, portanto, é possível desenvolver o estudante de maneira completa.


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“A escola reconhecer o território é uma forma de reconhecer os estudantes, porque eles seguem sendo sujeitos no território”, afirma Raiana Ribeiro, coordenadora de programas na Cidade Escola Aprendiz.

Raiana e Mayra Antonelli, apresenta a seguir, estarão juntas no painel Como construir a educação integral, que acontece hoje, 12, às 15h30, no último dia da Bett Brasil*, em SP.

Como cada território é único, não existe receita sobre como e com quem fazer as alianças. Pode ser desde entidades oficiais, como uma Unidade Básica de Saúde (UBS), até pessoas com saberes importantes para a comunidade, como um mestre de capoeira, uma bordadeira, um grafiteiro etc. A iniciativa pode sim partir da escola, mas, às vezes, é a própria comunidade que procura essa integração com a instituição de educação.

Para dar certo, é importante evitar alguns lugares-comuns de que incluir outros atores na educação será um trabalho extra para equipe docente, já sobrecarregada. “A escola precisa de apoio. O trabalho em rede vai ajudar quem está na escola e apoiar nas questões e demandas que já existem. Ele vai trazer mais gente para a construção dos caminhos”, diz a educadora.

Mas o trabalho conjunto deve ser uma via de mão dupla, com vantagens para todos. O território deve ser encarado como uma finalidade em si, e não apenas um meio de melhorar a aprendizagem dos mais novos.

“A educação integral que a gente defende vai ser provocadora por uma visão coletiva, um projeto para a comunidade, uma proposta que não é só daquele sujeito, para ele fazer faculdade ter um emprego e ele ‘melhorar’ de vida”, afirma a Raiana.

Foto: Freekpik

Planejar é preciso

Reconhecer a importância de agir em conjunto é o primeiro passo, mas sair da roda-vida de fazeres e obrigações da sala de aula pode representar um grande desafio. “O sistema não ajuda os professores a se desprenderem de cartilhas, apostilas. Cobrados para fazer uma série de entregas, acabam incorrendo em algo mais tradicional. Eles precisam de condições para reformular suas aulas”, afirma Mayra Antonelli Ponti, gerente de política educacional e impacto no Nees (Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais) e líder da agenda de desenvolvimento integral no Lepes (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social), da Universidade de São Paulo.


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Para que novas ações tenham repercussão efetiva na educação, Mayra defende uma preparação anterior feita em conjunto, em vez de uma ação isolada de um professor. “A etapa do planejamento é muito importante. Tenho que planejar para que faça sentido com o restante do ecossistema escolar”, diz. Só assim, a educação fará sentido para os estudantes.

Planejar, contudo, não pode ser encarado como uma camisa de força, como uma cartilha a ser seguida ao pé da letra. “Tudo bem mudar o que foi planejado; não é para ser algo estanque. O planejamento serve de base, até para depois eu saber o que foi possível e o que não consegui fazer”, explica Mayra.

Claro que, para que a própria escola possa ter mais articulação com seu território, ela precisa ter autonomia, defende Mayra. Portanto, uma política pública garantindo esse espaço de autonomia alinhado ao currículo seria o caminho de a educação integral chegar a cada vez mais escolas do país. A autonomia é desejável, portanto, para escola, professores e alunos.

Promover o desenvolvimento do estudante de forma integral traz frutos que vão além da melhoria do desempenho acadêmico, podendo ter impacto, por exemplo, na saúde mental deles. “Não quero dizer que a saúde mental é responsabilidade da escola, mas ter um professor aberto ao diálogo tem provocado modificações na prática. Em um estudo de caso do Programa Inteligentes, no Ceará, vimos que houve uma queda nos casos de autolesão”, relata Mayra.



Bett Brasil

*A Bett Brasil é o maior evento de educação e tecnologia na América Latina. Acontece de 9 a 12 de maio, no Transamerica Expo Center, São Paulo. E nós, da Educação, estamos fazendo uma cobertura especial. Clique aqui para ficar por dentro de tudo.

Nossa cobertura jornalística tem o apoio das seguintes empresas: Epson, FTD Educação, Santillana Educação, Skies Learning by Red Balloon e Somos Educação.



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Luciana Alvarez


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