Meta só foi cumprida nos anos iniciais de ensino. Contudo, vale destacar que o ensino médio obteve avanços significativos
Publicado em 15/09/2020
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2019, principal indicador de qualidade do país, foi divulgado pelo Inep hoje, 15. Apesar do ensino médio ter tido um salto histórico, de 3,8 em 2017, para 4,2, a meta estabelecida para 2019 de 5 pontos não foi alcançada, fato que ocorre desde 2013. Neste cenário, exceto Sergipe, que se manteve estável, todos os outros estados apresentaram aumento no valor do Ideb. Espírito Santo e Goiás são os estados com melhor desempenho, ambos com 4,8.
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A rede privada, que representa 12,2% da matrícula no ensino médio, alcançou em 2019, um desempenho 2,1 pontos superior ao obtido pela rede estadual, no caso, Ideb igual a 6,0, contra 3,9 da rede estadual.
Para a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Cecilia Motta, os dados mostram que o ensino médio precisa de mais políticas públicas. “Tudo avançou no ensino médio. E o que fizemos: educação integral em tempo integral. Ceará e Pernambuco, que têm ensino integrado profissionalizante, tiveram avanços. E isso [o avanço] será possibilidade com o Novo Ensino Médio. Com o itinerário formativo, tenho certeza que o menino não vai evadir, desde que as políticas de tempo integral permaneçam”, defendeu em coletiva de imprensa.
Segundo o Instituto Unibanco, embora os primeiros anos tenham sido de melhora significativa para o ensino médio, a partir de 2009, há estagnação com pequena ascensão entre 2013-2015. O país está parado em um nível baixo de qualidade – uma vez que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tinha nível 6 de qualidade no início do milênio. Em 2005, por exemplo, o Ideb do ensino médio era 3,0 e chegou em 2009 com 3,4. Contudo, 2011 e 2013 houve estagnação, permanecendo em 3,4. Em 2015 subiu para 3,5 e em 2015 se manteve.
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O resultado do Ideb é calculado a cada dois anos pela média das notas de português e matemática dos alunos no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e sobre os dados da aprovação escolar, obtidos pelo Censo Escolar. É importante destacar que cada estado possui suas metas próprias de Ideb para todas as etapas, iniciais, finais e ensino médio, uma vez que as realidades são distintas, e as notas vão de zero a 10, sendo que quanto maior, melhor. O objetivo é melhorar a educação brasileira para que o mesmo atinja o patamar educacional da média dos países da OCDE.
Alcançando 4,9, os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) também não atingiram a meta de 5,2, sendo alcançada, nas metas individuais, por apenas sete estados: Amazonas, Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Paraná e Goiás. Já Santa Catarina com 5,1 e Mato Grosso com 4,8, tiveram queda. “Nós, como gestores, temos de olhar onde estamos falhando, e ficou muito claro que é no fundamental 2”, alertou a presidente do Consed.
Os dados também revelam pontos positivos, uma vez que os anos inicias do ensino fundamental (1º ao 5º ano) seguem melhorando, atingindo 5,9 (superior à meta de 5,7). Amapá, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal foram os únicos que não alcançaram as metas. Contudo, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Distrito Federal e Rio Grande do Sul alcançaram um Ideb maior ou igual a 6,0.
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Em relação às oito edições, vale destacar que o Ceará, Alagoas e Piauí apresentam os maiores crescimentos e São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Distrito Federal detêm os maiores Ideb do país nos anos iniciais do ensino fundamental. O Inep explica que o Distrito Federal (Ideb 2019 de 6,5) e o Rio Grande do Sul (Ideb 2019 de 6,9) têm desempenho superior à média nacional, mas não atingiram as suas metas.
“O Ideb é uma avaliação de rede, fala das nossas competências e habilidades desenvolvidas para nossos alunos e dá para pensarmos em políticas de avaliação de Estado. Ficou claro que os anos iniciais estão indo para a frente, que estamos conseguindo trabalhar na alfabetização”, afirmou Cecilia Motta.
Na mesma coletiva de imprensa à qual Motta participou, no caso, para a divulgação do Ideb, o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Garcia também esteve presente e alertou para algo que há muito especialistas defendem: a valorização da formação e carreira docente como estratégia para alavancar a qualidade da educação.
A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Isabel Motta foi na mesma linha do presidente da Undime.
“Se a gente investir em uma formação de professores de qualidade, certamente nossa educação dará um salto de qualidade”, defendeu.
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