Quais são as competências socioemocionais docentes, por que desenvolvê-las e avaliá-las são questões que Karen Teixeira, doutora e mestre em psicologia pela Universidade de Federal de Santa Catarina, gerente de pesquisa e membro do eduLab21, laboratório de ciências para educação do Instituto Ayrton Senna, responde durante sua participação no Grande Encontro da Educação, realizado pela revista Educação nesta quarta-feira, 25, em SP.

“A gente precisa apoiar os professores para que eles desenvolvam essas competências e estratégias… e assim lidem de forma mais positiva em seu cotidiano. Por isso, ele não faz nada sozinho, precisa do apoio institucional e de sua rede de ensino”, destaca Karen Teixeira.

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A gerente de pesquisa e membro do eduLab21 do Instituto Ayrton Senna, fez parte do painel Competências socioemocionais docentes: quais são e como apoiar seu desenvolvimento. O evento acontece no Centro de Professorado Paulista (CPP), em São Paulo, e vai até esta quinta-feira, 26.

O que são as competências socioemocionais docentes?

Durante seu painel, Karen apresentou uma pesquisa feita pelo eduLab21 sobre o desenvolvimento das competências socioemocionais. De acordo com a apresentação dela, essas competências são “características individuais que originam-se da interação recíproca entre predisposições biológicas e fatores ambientais e manifestam-se em padrões consistentes de pensamentos, sentimentos e comportamentos”.

Para Teixeira, essas competências são aquelas que continuam a se desenvolver por meio de experiências formais e informais de aprendizagem, podem ser adquiridas e desenvolvidas em formações iniciais e em serviço, facilitar direta e indiretamente a aprendizagem dos estudantes e ainda tornar mais fácil a interação com colegas, profissionais da educação, famílias e sociedade.

“O desenvolvimento dessas competências impacta o professor de forma global”, aponta Karen.

Por que desenvolver e avaliar?

O professor possui um papel crítico para o aprendizado integral do estudante, por isso, desenvolver as habilidades é essencial para o educador. É preciso dar suporte e estimular esse desenvolvimento, para que estes possam “dar conta” do dia a dia, dentro e fora da escola. 

Além disso, o desenvolvimento dessas habilidades relaciona-se com a participação, satisfação, saúde mental e autoeficácia dos estudantes, bem como à prevenção do abandono. “Se o professor não trabalha isso, e atua como modelo na sala, como é possível inspirar os estudantes para que eles desenvolvam o socioemocional?”, questiona Karen Teixeira. 

Para que essas competências sejam desenvolvidas é importante que tenhamos um modelo para se basear, destaca a gerente de pesquisa. Assim, foi criado um instrumento de avaliação de competências socioemocionais docentes, baseado nas competências que afetam diretamente e indiretamente os estudantes e contemplam de forma ampla, habilidades importantes para a prática profissional do professor. Até o momento presente, foram cinco amostras diferentes, em um estudo que contou com a participação de mais de 40 mil professores.

“O desenvolvimento dessas competências impacta o professor de forma global”, aponta Karen (Foto: Marcos Muzi)

Diante disso, a partir do estudo, foi traçado um modelo de competências relevantes ao fazer docente, que destacou as macrocompetências como a autogestão e gerenciamento em sala de aula, conexão com o outro, interação social, inovação, regulação emocional e características específicas, como importantes para a atuação do professor. 

Avaliar essas habilidades é essencial para entender o panorama e fazer um mapeamento. Ouvir o professor, fazer entrevistas, aplicar instrumentos pode ajudar a formar melhor os professores e dar o apoio que eles precisam, de acordo com Teixeira. “Se eu não faço essa avaliação, não consigo apoiar eles no que eles precisam…a avaliação serve para dar a voz para o professor”, pontua. 

Quais competências os professores mais precisam de ajuda para desenvolver?

As habilidades que os professores mais disseram ser importantes são: respeito, justiça, motivação, entusiasmo e comunicação e apresentação. Já as competências de controle emocional como: autocontrole emocional, colaboração com os colegas, resiliências ao estresse e recuperação, instrução de sala de aula e comunicação e apresentação, são as habilidades que os professores mais precisam de ajuda para desenvolver, segundo a pesquisa. 

“Será que a lista pode nos mostrar as competências que os professores ainda não dominam?”, finaliza Karen. 

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