Primeira sul-americana finalista do Global Teacher Prize, prêmio que a colocou entre os 10 melhores professores do mundo
Publicado em 13/05/2024
Confira orientações para implantar a nova lei tendo como base a interdisciplinaridade e a preservação das interações humanas
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz diretrizes importantes sobre a utilização da tecnologia como uma das 10 competências de ensino e objeto de conhecimento a serem trabalhadas ao longo da educação básica, além de outros temas relevantes como a inclusão digital e seu uso crítico, ético e reflexivo.
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Recentemente, foi lançado o seu complemento, a BNCC da Computação, como é conhecida a normatização desenvolvida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que orienta a implementação da Base, homologada em 2022. Esse documento estabelece normas relativas ao ensino de computação ao longo da escolarização no nosso país, com mudanças significativas para o processo de ensino e aprendizagem, normas que precisamos colocar em prática e fazer chegar às salas de aula.
Conhecer e compreender essas diretrizes e estratégias de uso é essencial para que os educadores adaptem suas aulas de forma eficaz e alinhada às novas necessidades dos estudantes e demandas educacionais.
Um exemplo prático é o desenvolvimento do pensamento computacional, que envolve habilidades como resolução de problemas, raciocínio lógico e criatividade, sendo fundamental para a formação dos estudantes no contexto da sociedade digital e para a compreensão de como funciona um dado por detrás da informação. Outro exemplo relevante é a integração do ensino da programação e da robótica, com as demais áreas do conhecimento, exercitando a resolução colaborativa de problemas.
O parecer CNE/CEB 2/2022, homologado pelo Ministério da Educação (MEC), apresenta a resolução que estabelece diretrizes que definem o ensino de computação ao longo da educação básica, trazendo normas e um maior detalhamento no desenvolvimento de habilidades e competências pautadas nos eixos do mundo digital, da cultura digital e do pensamento computacional.
A partir disso, iniciativas de formação dos educadores, de adequação curricular, elaboração e disponibilização de recursos didáticos devem ser criadas e dialogadas como políticas públicas nas redes de ensino e junto às unidades escolares, o que gera a necessidade de adaptação de aulas, currículos, estratégias e práticas pedagógicas e avaliações segundo a BNCC da Computação.
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Para adotar a BNCC da Computação de forma eficaz, é importante seguir algumas estratégias e diretrizes. Aqui estão algumas orientações para realizar essa implementação:
A BNCC da Computação traz diferentes orientações que variam de acordo com cada etapa da educação básica. Por exemplo, na etapa da educação infantil, a computação deve ocorrer de maneira lúdica. Já no ensino fundamental, deve ser trabalhada como uma maneira de explicar nosso mundo atual, estimular uma visão crítica e uma compreensão dos impactos na sociedade e no meio ambiente. No ensino médio, ela deve ser compreendida como uma ferramenta para o desenvolvimento de projetos e para que os estudantes tomem ações e resolvam problemas colaborativamente, usando a programação e a robótica.
É preciso acabar com os mitos em torno do pensamento computacional. É comum que o associemos a dispositivos e à linguagem de programação. No entanto, ele abrange a mentalidade computacional que se relaciona ao pensamento crítico e permite a resolução de problemas, dialogando com o pensamento matemático. Os professores podem adotar algumas estratégias e abordagens.
Veja algumas dicas para desmistificar e avançar nessa temática:
O pensamento computacional está pautado em quatro pilares fundamentais e pode ser desenvolvido a partir do trabalho de habilidades e competências:
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O conceito de interdisciplinaridade perpassa por toda a BNCC e orienta o seu complemento, em que se faz necessário integrar teoria e prática associando computação a outras áreas e projetos para tornar a experiência mais significativa para os estudantes e o conhecimento mais aplicável.
Um exemplo disso, na prática, é a criação de um projeto que envolva a produção de um jogo educativo sobre um tema específico, como a preservação do meio ambiente. Nesse projeto, os estudantes das disciplinas de ciências, geografia e tecnologias podem trabalhar juntos para pesquisar e entender os impactos ambientais, desenvolver o conteúdo do jogo e programar a sua versão digital.
Ademais, podem contribuir com informações sobre os ecossistemas, as espécies em extinção e as consequências da poluição, enquanto os estudantes de geografia podem fornecer dados sobre a distribuição geográfica dos recursos naturais e as mudanças climáticas. Já os estudantes das aulas de tecnologia podem aplicar seus conhecimentos de programação para desenvolver o jogo, criando desafios e atividades que estimulem a sensibilização ambiental.
Nesse contexto, a interdisciplinaridade permite que os estudantes integrem diferentes áreas do conhecimento, desenvolvendo habilidades cognitivas, sociais e emocionais de forma contextualizada e significativa. Ainda, o projeto estimula a criatividade, a colaboração e a resolução de problemas, promovendo uma aprendizagem mais ampla e enriquecedora que atende aos objetivos da BNCC da Computação.
Para realizar essa combinação, é importante adotar práticas pedagógicas que incentivem a participação ativa dos estudantes no processo de aprendizagem. Uma maneira de fazer isso é por meio de projetos interdisciplinares que abordem temas relacionados à tecnologia da informação e comunicação, permitindo que os estudantes desenvolvam habilidades práticas e críticas enquanto trabalham em equipe para resolver problemas reais.
Além disso, a utilização de recursos tecnológicos e ferramentas digitais pode enriquecer as atividades de aprendizagem, proporcionando aos discentes a oportunidade de explorar diferentes possibilidades e ampliar seus conhecimentos de forma autônoma. Os professores também podem adotar estratégias como a sala de aula invertida, o aprendizado baseado em projetos e a gamificação, que estimulam a colaboração, a criatividade e a resolução de problemas.
Outra forma de integração ocorre por meio da avaliação formativa, que permite acompanhar o desenvolvimento dos estudantes de maneira contínua e personalizada, identificando suas dificuldades e oferecendo suporte individualizado. Ao promover uma aprendizagem mais significativa e contextualizada, essa abordagem contribui para o desenvolvimento das competências e habilidades previstas na BNCC, preparando os estudantes para atuarem de forma crítica e responsável no mundo digital.
Adotar a BNCC da Computação na sala de aula é ofertar aos estudantes ferramentas para decodificar e hackear o mundo digital em que vivemos, capacitando-os a serem agentes de transformação e inovação em uma sociedade cada vez mais tecnológica em que precisamos preservar as interações humanas.
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