NOTÍCIA

Evento Socioemocional na Escola

“Vida cotidiana é o espinho central da educação infantil”, defende Paulo Fochi

Mudar a forma de tratamento das crianças já tem um grande potencial transformador

Publicado em 15/09/2023

por Ana Gabriela Nascimento

educacao-infantil-paulo-fochi Paulo Fochi durante o evento que contou com cerca de 400 pessoas, entre gestores e coordenadores Foto: Thiago Carvalho/revista Educação

Métodos da moda, equipamentos de alta tecnologia digital, mobiliário sofisticado: nada disso é necessário para uma educação infantil que cumpra seu papel socializador. Adultos responsáveis e responsivos ao que as crianças precisam, por outro lado, são essenciais. Essa premissa guiou o painel Escola de educação infantil: lugar de encontros entre as crianças e os adultos, conduzido por Paulo Fochi, professor e coordenador de curso na Unisinos, no evento Socioemocional na Escola, promovido pela revista Educação ontem, 14, no Teatro Fecap, em São Paulo.


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“Essa experiência de socialização das crianças envolve ter tempo dentro de uma instituição, tempo de encontro com os amigos e é de uma complexidade gigante para as crianças irem compreendendo um senso de comunidade, suas identidades, quem são os outros e o que é feito neste lugar. Escola é um grande laboratório de cidadania”, comenta o educador, que é mestre e doutor em educação.

Fochi acredita que essa tarefa já é complexa o suficiente para a primeira infância e, por isso, critica os modelos de múltiplas atividades para a infância, tendo em vista que “uma das responsabilidades da escola é, justamente, diminuir a fragmentação da vida das crianças”. O professor defende “a vida cotidiana como espinho central para educação infantil”, entendendo que mudanças na forma de tratar os estudantes têm um grande potencial transformador.

Educar como não fomos educados: o grande desafio para a mudança

“Convido todos vocês, educadores aqui presentes, a voltar para suas escolas estranhando tudo que é familiar. Tem muitos jeitos de fazer educação infantil. Largar as crianças à própria sorte e escolher apostilas e livros didáticos para esta fase não são as únicas opções” provoca Fochi.


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Ele questiona práticas cotidianas das escolas de educação infantil, como limpar o nariz das crianças de surpresa, sem pedir autorização a elas, assim como ordená-las a comer em silêncio e com o tempo contado. “Gostaríamos que fizessem isso conosco? Por que, então, fazemos isso com as crianças?” questiona.

Em 2013, Fochi fundou o Observatório da Cultura Infantil (OBECI), uma comunidade de apoio ao desenvolvimento profissional de professores e também atuou como consultor e redator da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil. Para ele, a quantidade de barbáries que vemos diariamente, no noticiário ou mesmo na nossa vida nas cidades, é a prova de que a educação que recebemos falhou. Ele faz também uma ressalva ao atual estado da discussão.

“Desconfiem de qualquer um que apareça oferecendo soluções rápidas para a educação infantil. Construir uma comunidade educativa, além de ser uma escolha política do tipo de sociedade que queremos ter, é um projeto de longuíssimo prazo”, alerta Fochi.

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Autor

Ana Gabriela Nascimento


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