NOTÍCIA
Dos profissionais formados, 12,8% não foram demitidos durante a crise pandêmica. Além disso, diploma trouxe acréscimo de 135% na renda profissional, aponta estudo do Semesp recém-divulgado
Dos formandos no ensino superior, a maioria (30,4%) não se sentiu afetado profissionalmente ou financeiramente pela pandemia. O pior dos quadros, que é a demissão, ocorreu para apenas 12,8% deles. Os que tiveram redução do salário ou suspensão do contrato de trabalho foram 10,1% e 2,9% respectivamente, é o que revela alguns dos dados da 3ª edição da Pesquisa de Empregabilidade do Brasil, desenvolvida pelo Instituto Semesp em parceria com a Simplicity e que ouviu 8.500 egressos e alunos.
Leia: Apenas 8% dos alunos saem de cursos técnicos, contra 40% da média dos países da OCDE
A sensação de preparo para o mundo do trabalho após a conclusão da graduação também é um dos pontos que chamam a atenção no estudo: a maioria se disse preparada para o mercado, contando 48,7% advindos da rede privada e 45% da rede pública.
“Isso desmitifica a falácia de que a formação não tem acompanhado as demandas de mercado. Cada vez mais as instituições buscam parceria com as empresas e isso é reconhecido pelos próprios egressos”, disse Rodrigo Capelato, economista e diretor-executivo do Semesp. O dado que comprova essa observação, mostra que a maioria da rede privada (42,2%) concorda que o curso de graduação foi importante para garantir diferenciais no mercado de trabalho. Porém, em comparação com a rede pública, esse número cai para 36%.
Entre os que ainda estão estudando em busco do diploma, a sensação de preparo para o mercado curiosamente é maior entre alunos de cursos EAD (52,4%) do que de cursos presenciais (44,4%), uma vez que a maioria dos estudantes do ensino a distância já trabalha – o que segundo Capelato, também justifica a baixa no número de estágios para estudantes dessa modalidade, que é de apenas de 20%.
Ele também comenta o preconceito ainda latente por parte de empresas e dos próprios conselhos profissionais que julgam o ensino a distância como inferior.
“Claro que a qualidade de muitos é um fator discutível, mas o reconhecimento do curso pelo MEC já é justificativa suficiente para que não haja nenhum tipo de impedimento para que um egresso dessa modalidade exerça sua profissão”, enfatiza. “A função do conselho é verificar se ele está exercendo bem, não barrá-lo antes de qualquer coisa.”
Leia: Novo ensino médio: currículo nunca foi tão discutido
Para 82,2% houve melhorias após o diploma. Mais egressos de instituições públicas conseguiram primeiro ou novo emprego na área de formação (42,7%) do que de instituições privadas (33%), enquanto por modalidade a diferença é bastante perceptível: 35,9% de cursos presenciais conseguiram novo ou primeiro emprego, contra 6,7% do EAD. Sem considerar uma parte ou outra, a maioria (38,9%) só realizou tal feito depois de mais de três anos após a formatura.
Já o aumento de salário é pouco maior para quem estudou na rede privada: 24,9%, contra 23,2% da pública e maior também para quem estudou no presencial (25,2%) do que a distância (14,5%).
Ao comparar a renda do estudante entre antes e depois do diploma, o estudo constatou 135% de aumento. 34,2% dos que se formaram há até três anos recebem em média 3 mil reais, já há mais de três anos e que ganham mais de 3 mil reais são 62% – maioria da região sudeste, sendo que homens chegam a ganhar mais que mulheres e brancos mais do que negros (61,8% contra 41,4% respectivamente).
Antes da graduação os salários atingiam em média 1.785 reais e depois, uma média de4.202,00 reais. Apenas 12,4% dos que possuem formação de nível médio têm mais do que 3 mil reais de renda.
As áreas de saúde e tecnologia são as que mais possuem egressos atuantes: medicina soma 100% e engenharia e ciência da computação pouco mais de 90%. Também estão neste grupo entre 79% e 60%: farmácia, odontologia, fisioterapia, arquitetura e urbanismo, psicologia, publicidade e propaganda e contabilidade.
Já entre os que atuam em áreas diferentes por falta de oportunidade estão: relações internacionais com 34,6%, engenharia ambiental, 27,8%, seguida das de produção e química, 27,6% e 26,5%.
A pesquisa, realizada pelo Instituto Semesp e Symplicity, com o apoio da CIA de Talentos e da InfoJobs, contou com um total de 8.523 participantes, dos quais 3.086 egressos do ensino superior de 441 instituições de ensino superior de 137 cursos, 3.338 alunos de cursos presenciais e 2.099 alunos de cursos EAD de 194 instituições de ensino de 126 cursos, no período de 2 de agosto a 12 de outubro de 2021.
O estudo contou com a participação de egressos residentes de todas as regiões do país, sendo que a maioria está localizada na região Sudeste (58,9%) e uma pequena parcela no exterior (0,2%). Do total de respondentes, 15% concluíram a graduação em uma instituição de ensino superior pública, 45,1% concluíram em uma instituição privada com algum auxílio (bolsa ou financiamento) e 39,9% concluíram em uma instituição privada sem nenhum tipo de ajuda.
A maioria pertence ao sexo feminino (62,5%) e 55,2% estão na faixa etária de 25 a 34 anos. 66,5% dos egressos se autodeclararam brancos, o que representa mais que o dobro do número de concluintes da cor parda ou preta. Pouco mais de 2% dos egressos respondentes possuem algum tipo de deficiência.
*Esta matéria foi publicada originalmente em nossa parceira revista Ensino Superior.
Educação profissional: virada de chave para reverter o apagão de talentos