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Educação profissional: virada de chave para reverter o apagão de talentos

Por Maurício Pedro*: Você já ouviu falar que o Brasil vive um apagão de talentos, principalmente considerando a mão de obra qualificada? Empresas têm tido dificuldades em preencher vagas tanto nos níveis operacionais quanto nos níveis técnicos.  No setor industrial, por exemplo, não faltam relatos […]

Publicado em 23/11/2021

por Redação revista Educação

Por Maurício Pedro*: Você já ouviu falar que o Brasil vive um apagão de talentos, principalmente considerando a mão de obra qualificada? Empresas têm tido dificuldades em preencher vagas tanto nos níveis operacionais quanto nos níveis técnicos. 

No setor industrial, por exemplo, não faltam relatos sobre a dificuldade dos funcionários em conhecimentos básicos de matemática; no setor de serviços, por sua vez, nota-se que os jovens estão com problemas em redigir e-mails ou na digitalização de documentos, fora as questões de comunicação e a dificuldade de expressão e trato com os clientes, que são um outro ponto de atenção.

Além disso, também vale mencionar que uma das áreas mais estratégicas da atualidade, a Tecnologia da Informação (TI), vem sofrendo com a falta de profissionais habilitados. Muitos deles, inclusive, fazem a opção por oportunidades fora do Brasil, com salários mais atraentes, qualidade de vida superior e experiências culturais diversificadas.

Leia: O que os jovens gostariam de ter aprendido na escola sobre o mercado de trabalho

Novas competências

Levando em conta que o desenvolvimento tecnológico exponencial vai continuar mudando a natureza das tarefas e das ocupações de trabalho, e que até 2025 a automação substituirá 85 milhões de postos no mundo e irá gerar um novo direcional das funções laborais, onde a convivência entre máquinas, algoritmos e humanos criará 97 milhões de empregos, segundo dados do relatório anual do Fórum Econômico Mundial (WEF), The Future of Jobs, os profissionais precisarão aprender e adquirir competências para atender às novas demandas.

Como estamos tratando de jovens nesta reflexão, os dados de desemprego nesta faixa etária também devem ser considerados. Segundo nota técnica da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, eles são os mais afetados pelo desemprego: 46% dos jovens entre 14 e 17 anos e 31% dos que têm entre 18 e 24 anos estão procurando emprego. 

Leia: Transformação humano digital da educação é inevitável

Reforma do ensino médio

Mas como reverter esse quadro? Pela educação, resposta simples, mas de execução complexa devido à falta de prioridade nas agendas. A reforma do ensino médio, por exemplo, em fase de implementação, pode ser uma boa alternativa para a solução almejada. As alterações neste nível de ensino preveem o diálogo entre as disciplinas, o que se pode chamar de transdisciplinaridade. Além disso, os estudantes poderão escolher um itinerário formativo, ou seja, escolher áreas de aprofundamento com conhecimentos básicos de cada disciplina e conteúdos focados em seus objetivos pessoais e profissionais, ministrado em conjunto com disciplinas gerais previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 

Como as habilidades socioemocionais são fundamentais nesse novo mundo, a criação do componente transversal ‘projeto de vida’ também será oferecida nas escolas, ajudando os estudantes a compreenderem e darem vazão às suas aspirações, trazendo propósito neste momento tão importante da formação não apenas de futuros profissionais, mas de cidadãos melhores para o mundo. 

Com ferramentas mentais adequadas para tomarem melhores decisões, embasadas em um senso crítico apurado para enfrentarem uma sociedade que está imersa em dilemas, cujas resoluções podem ser complexas e exigir essa inteligência – também – emocional, ao qual o novo modelo se propõe agregar. 

Portanto, um dos pontos de virada para reverter o apagão de talentos, gerando empregabilidade, está na incorporação da formação técnica no currículo da educação básica regular, também prevista na reforma do ensino médio. Em linha com a escolha do itinerário formativo, um dos caminhos será o técnico profissional, o que significa um novo olhar institucional que possibilita a ampliação do número de estudantes formados pelo ensino profissionalizante, estreitando o diálogo da escola com o mundo do trabalho.

Leia: Novo ensino médio coloca formação técnica e profissional para dentro do currículo regular

Educação profissional

A educação profissional e tecnológica (EPT), modalidade educacional prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), ajuda na preparação dos jovens brasileiros e, por consequência, na produtividade sistêmica da economia.

O ensino técnico precisa ser compreendido como parte do desenvolvimento inicial das pessoas. Não podemos alimentar a ideia do século passado de que ou você trabalha ou se desenvolve intelectualmente: é necessário alinhar as duas coisas. Há países em que setores produtivos valorizam enormemente a formação profissional dentro da empresa e possuem legislação para isso.

Além do mais, a educação profissional de referência está atenta aos problemas complexos da sociedade e prevê a conciliação entre a construção da formação humana do estudante e das competências técnicas/profissionais, ajudando a formar cidadãos críticos e participantes.

Por fim, qualificação é a chave para lidar com o desemprego, o desalento e a informalidade. É preponderante ter um olhar estendido para a educação profissional e priorizar a educação de uma vez por todas.

Educação profissional
Maurício Pedro

*Maurício Pedro é gerente do atendimento corporativo do Senac São Paulo

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Autor

Redação revista Educação


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