ARTIGO

Olhar pedagógico

Metodologias ativas: quando o aluno tem consciência de seu potencial

Ter como modelo um ensino e aprendizagem do século 18 não dialoga com as necessidades atuais. É preciso colocar o estudante no centro

Publicado em 24/08/2021

por Redação revista Educação

Por Jonas Stanley*: Estimular o estudante para que ele atue como protagonista do processo de aprendizagem é o propósito das metodologias ativas, que têm ganho cada vez mais força, estando presente, inclusive, na nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

O formato inclui, por exemplo, a proposta da sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em projetos e ações que envolvem design thinking, tudo com o objetivo de oferecer aos estudantes experiências e meios para que eles possam guiar seu desenvolvimento educacional e abandonem a postura passiva, presente na sala de aula tradicional, muito similar à educação do século 18: massiva, em larga escala, natural para aquele momento específico da nossa história.

Leia: Os benefícios da aprendizagem baseada em projetos

metodologias ativas

Foto: Envato Elements

Porém, em pleno século 21, vivemos uma necessidade completamente diferente. As salas de aulas tradicionais, com cerca de 30 alunos (que repassam informações encontradas com facilidade na internet) e um professor detentor do conhecimento, se tornaram desinteressantes. O modelo em que o aluno se comporta passivamente já não atende mais às expectativas da escola, da família e do próprio estudante. Seu perfil agora é tecnológico, inquieto e não vê sentido em conhecimento sem as devidas conexões.

Pirâmide de aprendizagem

A saber, as metodologias ativas vêm sendo idealizadas há algum tempo e um de seus precursores foi o psiquiatra, estudante de saúde mental e educação, William Glasser, que pesquisou uma maneira alternativa de aprendizado por meio de uma pirâmide de aprendizagem. No topo dessa pirâmide, está o aprendizado por meio da leitura com retenção inferior a 10%. Por outro lado, quando se pratica exercícios, discute o tema ou, até mesmo, se ensina o conteúdo a alguém, as chances de retenção superam a marca de 90%.

Mais do que isso, é importante salientar como as metodologias ativas colaboraram para o desenvolvimento do estudante. Quando pensamos em projetos paralelos que desafiam o aluno, por mais que ele tenha potencial, se não estiver consciente sobre isso e não for o sujeito ativo desse processo, é muito natural que ele se sinta incapaz e julgue que não faz parte do processo.

O tempo muda

Ao trabalhar com a metodologia ativa e colocar o aluno como protagonista do desenvolvimento desse conhecimento, ele começa a se conscientizar da sua capacidade e a entender que está no comando e na gestão desse processo.

Assim, ao assistir uma aula gravada, por exemplo, caso tenha ficado com dúvida em algum ponto, não precisa mais ter medo de levantar a mão para fazer uma pergunta. Pode, simplesmente, rever o vídeo quantas vezes forem necessárias. Se tiver curiosidade por algo, pode pesquisar na internet e anotar a dúvida para esclarecer com o professor que agora não é mais o detentor e sim o mediador do conhecimento.

Na metodologia ativa, o processo de aprendizagem é desconstruído. Como mediador, o professor assume o papel de estimular o aluno a buscar mais conhecimento por meio de vídeos, de conteúdos e de experiências. Ele incentiva o estudante e adapta esse ensino às diversas realidades dentro da sala de aula.

Leia: Tecnologia digital não é ferramenta, mas linguagem

Como fica a avaliação

Quando se trata de medir o aprendizado, a avaliação já não é mais tida como uma atividade fim. Não termina o ciclo ou determina se o aluno aprendeu. A avaliação é o caminho. Esse aluno faz uma série de verificações de aprendizagem ao longo do conteúdo que está sendo trabalhado por meio de uma pesquisa, um debate, um seminário. Assim, as avaliações são diversas e contínuas e não padronizadas.

O grande ganho da metodologia ativa é, sem dúvida, conseguirmos criar um estudo que seja personalizado e adaptável à realidade daquele aluno. Assim, qualquer forma de alcançar um resultado individual e propor soluções pedagógicas com foco exclusivo neste aluno vai contribuir para a melhora do seu processo de aprendizagem.

*Jonas Stanley é diretor pedagógico da Inspira Rede de Educadores

Leia também

Para que serve a alfabetização midiática e informacional (AMI)

 

Autor

Redação revista Educação


Leia Olhar pedagógico

WhatsApp Image 2024-10-09 at 10.30.20

Impresso ou digital? Para a aprendizagem, melhor é o equilíbrio,...

+ Mais Informações
Gepem 1 home

Mais de 350 estudantes se reúnem para debater convivência ética e...

+ Mais Informações
WhatsApp Image 2024-10-03 at 12.13.47

Estudar no digital ou no papel? Participe de webinar internacional

+ Mais Informações
0046 - BR Edu_podcast_EP_46 [ThumbYT] (1)

Podcast | O eu, o outro e nós: humanizando o espaço escolar (#46)

+ Mais Informações

Mapa do Site