ARTIGO

Olhar pedagógico

Afetos e saberes no processo de ensino e aprendizagem da língua estrangeira

Publicado em 03/05/2021

por Apresentado por Cel.Lep

afetos-saberes-ensino-aprendizagem Foto: divulgação

Por Veruska Gallo*: Segundo Emilia Cipriano Sanches em seu livro Saberes e afetos do ser professor (2019), “não dá para falar de conhecimento cognitivo sem falar de afetividade”. O processo ensino e aprendizagem é construído por relações e a aprendizagem é afetiva, pois são relações que nos afetam, que nos tocam, tanto ao aluno quanto ao professor. A tríade que compõe esse processo é extremamente valorizada no Cel.Lep: a relação do aluno com o saber, do aluno consigo próprio e do aluno com o professor.

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A relação do aluno com o saber

Para que a relação do aluno com o saber seja saudável e positiva, o saber precisa ser significativo e ter propósito. Uma aprendizagem significativa possibilita que os novos conhecimentos os quais o aluno adquire ancorem-se em seu conhecimento de mundo, relacionem-se com seu conhecimento prévio e promovam novas conexões. Além disso, o aluno precisa perceber que as experiências que vivencia na sala de aula têm um propósito e uma relação muita clara com as suas experiências de vida, e o conhecimento e competência que adquirirá ao longo do processo de aprendizagem lhe permitirão ter sucesso nas diversas esferas em que atuará ao longo da vida. O aprendizado de uma língua estrangeira, por exemplo, muitas vezes não é o objetivo final em si, mas o meio pelo qual o indivíduo conseguirá outras conquistas, como a estabilidade após uma promoção no trabalho, a possibilidade de se comunicar com outras culturas ou, para os pais de crianças e jovens, a segurança de estar proporcionando uma educação completa para os filhos.

afetos e saberes ensino aprendizagem

Foto: divulgação

A relação do aluno consigo próprio

Ao iniciar o processo de aprendizagem, o aluno inicia também a construção da sua identidade, sua autoimagem e autoestima dentro do universo da sala de aula.

Alguns fatores são essenciais para uma autoestima saudável: reconhecer-se como indivíduo valorizado e ouvido ao longo do processo, sentir-se parte ativa da comunidade escolar e acolhido por ela, e a confiança na sua autoeficácia como aluno, ou seja, na sua capacidade de aprender e superar desafios. O aprendizado da língua estrangeira muitas vezes parece um grande desafio, pois a falta de domínio do idioma pode representar uma barreira à premissa básica das relações: a comunicação entre os indivíduos. O aluno precisa sentir que conseguirá expressar sua individualidade, estreitar seus laços com seus colegas de sala e seu professor e, consequentemente, não duvidar da sua capacidade de aprender.

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A relação aluno-professor

Essa relação é a principal da tríade do ensino e aprendizagem, pois o professor tem em suas mãos o poder de transformar a relação que o aluno tem com o saber e consigo próprio por meio de sua prática pedagógica e do vínculo que estabelece com ele.

Ao conhecer os princípios, fundamentos e práticas da aprendizagem afetiva, o professor desempenha um papel fundamental como facilitador do processo e promotor do desenvolvimento e sucesso do aluno.

É ele que, com um interesse genuíno em conhecer seu aluno, seus objetivos, suas necessidades, seu conhecimento de mundo e, por meio de uma escuta ativa, é capaz de personalizar as experiências da sala de aula para promover maiores conexões. É o professor que cria uma atmosfera segura e acolhedora, que organiza a aprendizagem em pequenos passos alcançáveis e com propósito, e que ajuda seus alunos a mudarem sua percepção do erro dentro do processo de aprendizagem e entendê-lo como uma oportunidade de desenvolvimento. É o professor que ensina o aluno a aprender e que aprende com o aluno ao ensinar. É o professor que concretiza a percepção de progresso por parte do aluno e celebra cada conquista, mostrando que a grande diferença entre o fácil e o difícil é o tempo que será dedicado a cada passo.

A aprendizagem afetiva tem contribuições da psicologia, neurociência, pedagogia,  andragogia, como mostra, por exemplo, a coletânea de artigos em Affect in Language Learning (1999), livro editado por Jane Arnold. E estas, como ciências, quebram o estereótipo de que ser um professor que promove a aprendizagem afetiva é possível apenas para quem nasceu com este ‘dom’.

No Cel.Lep, a aprendizagem afetiva faz parte da formação holística docente para que todos os professores possam desenvolver tal competência.

*Veruska Gallo é teacher development coordinator do Cel.Lep.

Mais informações pela Central de Atendimento do Cel.Lep no (11) 2388-0483 ou pelo site www.cellep.com.br.

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Autor

Apresentado por Cel.Lep


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