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Redação revista Educação

Publicado em 18/09/2020

Ensino integral contribui para o avanço do ensino médio no Ideb

Na maioria dos estados, as escolas das redes estaduais de tempo integral tiveram melhor desempenho que as regulares

Ao separar as escolas da rede estadual em período parcial e integral, é possível verificar que o desempenho das escolas integrais na maioria dos estados é melhor do que o das escolas parciais. O Ideb 2019, divulgado nesta terça, 15, mostra que as instituições escolares parciais atingiram 4 pontos, já as integrais 4,7 pontos. O resultado do ensino médio em tempo integral, inclusive, atinge a meta prevista para a etapa (4,6). A diferença comparativa se reproduz em dois componentes específicos: nota padronizada (desempenho no SAEB) e percentual de aprovação. As informações são de um levantamento do Instituto Sonho Grande e Instituto Natura divulgados esta semana, logo após o Inep apresentar os resultados do Ideb.

Leia: Ideb: ensino fundamental 2 e médio são os principais desafios

O levantamento também identificou que as escolas que eram parciais em 2017 e migraram para o modelo integral em 2019 tiveram uma melhora de 17,3% no Ideb. Já as que permaneceram no modelo regular cresceram apenas 9,7% no índice em 2019.

Apesar da situação delicada das regiões Norte e Nordeste no ensino médio, as escolas de tempo integral desta etapa obtiveram resultados expressivos no Norte (4,2) e Nordeste (4,5) do país. No Ideb geral do ensino médio, o Norte alcançou 3,4 pontos e, o nordeste, 3,6 pontos.

Pernambuco

Estados com grande número de escolas de tempo integral e de matrículas neste modelo têm crescimento no Ideb em 2019 acima da média. Pernambuco, por exemplo, subiu 10%. A Paraíba, cresceu 16,1%. E o Ceará, 10,5%.

Pernambuco é uma prova que as escolas de ensino médio em tempo integral contribuem para melhora da qualidade da educação. A partir de 2008, quando o modelo integral foi adotado como política pública, o rendimento no Ideb cresceu e acompanhou a expansão anual do número de escolas e matrículas. Em 2019, a rede estadual pernambucana ocupa o 3º lugar no ranking nacional. Em 2007, estava em 22º lugar. O estado possui a maior rede de ensino integral do Brasil no ensino médio: 438 escolas ofertam esta modalidade, totalizando 62% das matrículas de estudantes que acessaram o ensino médio (dados de 2020).

Ideb ensino médio integral

Fonte: Instituto Sonho Grande e Instituto Natura

Vale destacar que Pernambuco figura entre os piores PIBs per capita do Brasil, assim como o Ceará e a Paraíba. Esses são estados que estão apostando na política do ensino médio Integral em tempo integral e avançando na expansão desse modelo para um alto percentual de escolas, revertendo assim  o histórico de baixos índices de aprendizagem e evasão.

Leia: O que o país tem a aprender com a educação de Pernambuco

Mais crescimentos

Entre 2017 e 2019, Ceará e Paraíba ampliaram significativamente o número de escolas e matrículas. Na edição de 2019, o Ceará ocupa a 6ª posição no Ideb. Já a Paraíba, embora em 18º lugar no ranking geral, registrou o quinto melhor crescimento (16%).

Ideb ensino médio integral

Fonte: Instituto Sonho Grande e Instituto Natura

Por que o ensino médio em tempo integral vale a pena?

Segundo o Sonho Grande e Natura:

✔ Um ano no ensino médio em tempo integral é equivalente à proficiência em língua portuguesa e matemática de três anos letivos em escolas de tempo parcial;

Leia: Rede municipal ensina melhor nas cidades médias

✔ Os resultados acadêmicos positivos dos estudantes estão relacionados a duas frentes: ensino do currículo (tempo de aula bem utilizado e baixa quantidade de aulas dispensadas/ substituídas) e elementos diversificados da matriz curricular (estudo dirigido supervisionado por professores, orientação para projeto de vida, práticas de protagonismo, formação da equipe escolar e nivelamento);

✔ Entre os principais motivos que agradam aos professores que atuam nas escolas integrais, mais da metade destaca o acolhimento dos alunos, 38% o projeto de vida, 35% os clubes de protagonismo, 25% o acolhimento da família e 24% as tutorias;

ensino médio integral

Foto: Envato Elements

✔ O custo adicional em uma escola integral se deve, principalmente, a dois pontos: merenda e remuneração dos professores (40 horas semanais). Por outro lado, devido à menor evasão e repetência, o custo por aluno formado das escolas integrais é apenas 33% maior do que as de tempo regular;

✔ Escolas de ensino médio em tempo integral em Pernambuco apresentam bons resultados de proficiência (língua portuguesa e matemática) e fluxo mesmo nas regiões mais vulneráveis;

✔ Pesquisa com egressos de Pernambuco (2009 a 2014) mostra que a probabilidade de entrar no ensino superior é de 63% entre os ex-alunos de escolas integrais contra 46% daqueles formados em escolas regulares – diferença significativa de 17 pontos percentuais;

✔ Em relação à renda, os resultados em Pernambuco mostram que, desde o início da carreira, os egressos das escolas integrais apresentam maior probabilidade de estarem em faixas de renda superiores – em média, o ensino integral adiciona R$ 265 à renda individual, o que corresponde a 18% do salário mensal médio;

Leia: Perda com evasão escolar é de R$ 214 bilhões por ano

✔ O resultado mais impactante é em relação à equidade racial. Nas escolas regulares de Pernambuco, quando se analisa a diferença salarial entre egressos brancos e negros, o segundo grupo apresenta ganhos aproximadamente 10% inferiores em relação ao primeiro. Quando considerado o ensino integral, essa diferença não mais existe, ou seja, o integral se mostra capaz de fechar o gap da diferença salarial racial;

✔ Professores do ensino médio em tempo integral de Pernambuco estão mais satisfeitos com a carreira e com o trabalho, se sentem mais valorizados profissionalmente e têm uma melhor opinião sobre suas condições de trabalho, em comparação com os professores da rede regular. Os resultados também são positivos quando analisado o relacionamento entre professores e estudantes.

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