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Edição 255

Falta de regulamentação da educação bilíngue confunde escolas brasileiras

Nem toda escola que diz oferecer educação bilíngue de fato oferece e, muitas vezes, por falta de informação

Publicado em 18/03/2019

por Redacao

educacao-bilingue Foto: Shutterstock

No Brasil, a educação bilíngue não é regulamentada e, mesmo assim, essa prática de ensino se expande cada vez mais pelo país — nos últimos cinco anos, o mercado bilíngue cresceu cerca de 10%, segundo a Associação Brasileira do Ensino Bilíngue (ABEBI), e este ano a previsão é de mais avanço. Entretanto, por conta dessa falta de definição, os pais e as próprias escolas acabam criando confusão em relação à educação bilíngue.


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Muitas escolas dizem oferecer em sua proposta pedagógica uma educação bilíngue, só que na prática o que elas fazem é, por exemplo, uma extensão de aula de inglês ou outra língua estrangeira.

Educação bilíngue difere de cursos de idioma e escolas internacionais, uma vez que o foco é o a língua estrangeira como meio de comunicação para desenvolver nos alunos saberes, como português e matemática. As escolas bilíngues seguem ainda os padrões do MEC, ao contrário das internacionais que utilizam o modelo de ensino estrangeiro.

Para o MEC, são consideradas bilíngues escolas para surdos e indígenas. Já a Organização das Escolas Bilíngues de São Paulo (OEBI) considera bilíngue, em seu estatuto, escolas cuja carga horária na educação infantil seja de no mínimo 75% em língua estrangeira a 25% no ensino médio.

“Com a regulamentação, espera-se que as escolas bilíngues atendam a um critério preestabelecido que garanta a qualidade do ensino”, aponta Ana Paula Mustafá, presidente da OEBI e diretora da Builders Educação Bilíngue. A presidente reforça que a falta de regulamentação dá margem para qualquer escola se intitular bilíngue sem ter os requisitos básicos para isso.

Criação da lei

Vanessa Tenório, sócia e desenvolvedora do primeiro programa de educação bilíngue do país, o Systemic Bilingual, aconselha que a criação de uma lei que regulamente o ensino bilíngue merece cuidado, atenção e não pode ser construída em torno de pouco debate. “Se as pessoas que fizerem a lei [ ainda sem sinal de que acontecerá] não possuírem conhecimento do assunto, correrá o risco de importar um modelo de fora”. Para Tenório, a regulamentação no Brasil deve estar atrelada com a realidade e, consequentemente, necessidade da educação brasileira.

“Meu medo é que definam que a escola para ser considerada bilíngue, por exemplo, deve ter duas matérias integralmente dadas na língua estrangeira. Ou então, oferecer até 10 horas de inglês, intensificando o idioma e sendo mais do mesmo”, desabafa.

Formação continuada

Nesses tipos de escolas, o professor precisa de apoio, ainda mais devido aos cursos de Pedagogia não darem atenção à educação bilíngue. Por isso, é importante uma formação continuada ou mesmo pequenos cursos, cuja escola deve incentivar e estar atenta às necessidades do docente.

A Sistemic Bilingual investiu cerca de R$ 4 milhões em uma plataforma para formação de professores que acompanha o desenvolvimento deles. Segundo a sócia da empresa, ao propor um programa bilíngue, de imediato já pensarem em atividades para o professor.

Bilinguismo X educação bilíngue

Outro equívoco que as escolas cometem, segundo André Coutinho Storto, professor de inglês e autor da dissertação de mestrado pela Unicamp Discursos sobre bilinguismo e educação bilíngue: a perspectiva das escolas [2015], é achar que bilinguismo e educação bilíngue são sinônimos, uma vez que há no mundo muitos cidadãos bilíngues devido, por exemplo, ao país de origem possuir duas línguas oficiais. “O bilinguismo não é uma prerrogativa da educação bilíngue. Não se pode considerar bilíngues somente os falantes que estudaram em escolas bilíngues, esquecendo-nos de que há milhões de falantes bilíngues no mundo que jamais participaram de um programa de educação bilíngue, critica Storto em entrevista à Patrícia Lauretti, do Jornal Unicamp.

Para sua dissertação, o professor pesquisou o site de 31 escolas bilíngues inglês/português localizadas na cidade de São Paulo com o intuito de analisar com essas instituições compreendem o conceito de educação bilíngue.

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