NOTÍCIA
Programa Mais Médicos traz à tona uma discussão a respeito da formação profissional no Brasil “Médicos estrangeiros, nos desculpem, pois estamos com problemas na educação também.” A frase no cartaz que circulou numa rede social da internet nos dias que sucederam a chegada de médicos […]
Programa Mais Médicos traz à tona uma discussão a respeito da formação profissional no Brasil
“Médicos estrangeiros, nos desculpem, pois estamos com problemas na educação também.” A frase no cartaz que circulou numa rede social da internet nos dias que sucederam a chegada de médicos cubanos ao Brasil ilustra os problemas enfrentados na formação profissional como um todo. Neste caso, vamos nos ater à saúde, mas sabemos que faltam profissionais em diversas áreas estruturais e tecnológicas para o desenvolvimento do país, além de bons professores na base de tudo.
A contratação de médicos do exterior para atuar em localidades onde há carência de profissionais da saúde é parte da estratégia do programa do governo federal para ampliar o atendimento à população e equilibrar a distribuição de médicos, que hoje no Brasil é de 1,8 por mil habitantes. Esse foi justamente o primeiro argumento atacado pelas entidades médicas, que defendem que o problema não é a quantidade e sim a má distribuição dos profissionais pelo país. A falta de equilíbrio suscita outro grave problema, que é a carência de infraestrutura hospitalar para o bom atendimento.
Essa falha, no entanto, apesar de grave, não serve de desculpa, já que a falta de atenção médica em locais desfavorecidos não justifica o abandono do serviço de saúde. Um exemplo disso pode ser dado pela equipe dos Médicos sem Fronteiras, que atua em locais e condições extremamente desfavoráveis e nem por isso deixa de prestar o melhor atendimento possível aos que necessitam de assistência.
Por lidar com a saúde das pessoas e, consequentemente, questões de vida e morte, a medicina é uma das profissões mais respeitadas e valorizadas. Requer muito além de conhecimento, vocação e grande parte de doação pessoal. É aqui que reside um ponto crucial da formação médica no Brasil, pois o custo dessa graduação é bastante alto, impossibilitando a qualquer pessoa que simplesmente queira ou seja vocacionada à assistência da saúde realizá-la. É preciso, portanto, estudar uma forma de democratizar o acesso aos cursos de medicina a fim de diversificar o perfil socioeconômico dos profissionais formados, valorizando ainda mais a vocação para essa profissão em detrimento de fatores de oportunidade.