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Educação no Mundo

O levante internacional

Estudos que mostram relação inversa entre maior tempo dedicado ao dever de casa e melhor desempenho mobilizam manifestações contra a tarefa

Publicado em 10/08/2012

por Carmen Guerreiro

Reuters/Latinstock
Em visita a uma escola, o presidente francês François Hollande segura o desenho onde se lê “é a hora da mudança”

Em alguns países, a lição de casa tem sido não apenas discutida, mas provocado mobilizações para que seja banida ou limitada. A França, que proibiu na década de 1950 a lição de casa no ensino primário, hoje assiste à maior associação de pais boicotar essas atividades em todos os níveis de ensino.

Na vizinha Espanha, a Associação Majoritária de Pais e Mães de Alunos na Espanha (Ceapa) compartilha das críticas feitas pelas famílias francesas, e anunciou que pretende protestar contra a lição de casa. O questionamento dos pais espanhóis e franceses se concentra na sobrecarga de trabalho que as crianças são obrigadas a fazer em casa, na transferência de responsabilidade da escola para a família e no conteúdo enfadonho das tarefas, em geral distante da realidade e interesse dos estudantes.

Desempenho em xeque
A mesma crítica divide opiniões nos Estados Unidos, com a agravante de que, no país, o principal foco da discussão é se a lição de casa de fato melhora significativamente o desempenho acadêmico dos alunos. Em declaração à revista Time, o pesquisador Alfie Kohn, duro crítico do dever de casa e autor de diversos livros, entre eles The Myth About Homework (O mito sobre a lição de casa, em tradução livre), observa que em diversos países que superam os Estados Unidos nos resultados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), como o Japão, a Dinamarca e a República Tcheca, os professores tendem a dar menos lição que os americanos. A própria Finlândia, no topo de todas as pesquisas de qualidade de ensino, trabalha pouco ou nada com a lição de casa – estudantes de ensino médio dedicam, quando muito, 30 minutos diários à tarefa. Enquanto isso, outros países com um pior desempenho no exame internacional (Grécia, Tailândia e Irã, por exemplo), têm bastante lição.

Movidas por esses questionamentos, em junho 18 mil americanos – entre pais, educadores e pessoas envolvidas com políticas públicas – lançaram a campanha Healthy Homework Guidelines (Diretrizes Saudáveis de Lição de Casa). O movimento tem três bases: a primeira é o fim do dever como punição e a promoção do seu uso como uma atividade estimulante e com conteúdo que não possa ser trabalhado em sala. A segunda defende que os estudantes devem ter alguma liberdade para escolher o que levar como tarefa, e que independente disso, a atividade deve poder ser realizada sem o auxílio de outros. O terceiro pilar estabelece que a quantidade de dever seja dosada, impedindo sua prática nos fins de semana e feriados, por exemplo, permitindo que as crianças tenham tempo para atividades de lazer e com a família.

+Leia mais:

– O desafio da medida da lição de casa para o aprendizado

– Como escolas públicas brasileiras conseguiram envolver os pais nas tarefas escolares

Autor

Carmen Guerreiro


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