NOTÍCIA
Afinal, condições de trabalho e qualidade de ensino é uma combinação inseparável
Por Ailton Fernandes, diretor do SinproSP: Em 23 de novembro, num sábado, a Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo), que representa 26 sindicatos docentes e também de trabalhadoras e trabalhadores administrativos, reunida em seu Conselho Sindical, definiu coletivamente as estratégias políticas que nortearão os rumos das campanhas salariais da rede privada de ensino em 2025, em seus quatro segmentos: educação básica, ensino superior, Sesi/Senai e Senac.
Vale lembrar que é justamente durante as campanhas que as condições de trabalho e as normas que definem o cotidiano docente em sala de aula são discutidas e negociadas com as representações patronais, processo que resulta, ao final, nas convenções e nos acordos coletivos de trabalho.
Sabemos que serão batalhas duríssimas, já que o princípio político aprovado no encontro da Federação foi o de manter as conquistas já alcançadas e avançar ainda mais nas garantias de condições dignas de trabalho para a categoria, combatendo o processo acelerado de precarização da profissão e também as rotinas cada vez mais desgastantes e exaustivas. Afinal, quando se fala em qualidade de ensino, é preciso lançar olhos às condições de trabalho dos e das profissionais da educação. É uma combinação inseparável.
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Na assembleia estadual do Sesi, por exemplo, realizada em 30 de novembro e que reuniu quase 400 professores e professoras, chamou a atenção o fato de 80% do tempo — e foram quase quatro horas de excelentes discussões — ter sido utilizado para refletir sobre essas condições.
Uma das questões que apareceu com muita força nas falas das pessoas presentes foi a inclusão de alunos laudados na sala de aula e as dificuldades e a sobrecarga de trabalho enfrentadas por docentes, que têm de dar a atenção a todos e, em especial, a esses alunos que manifestam algum déficit de atenção ou outras singularidades.
A discussão sobre as condições de trabalho, evidentemente, vem acompanhada da exigência por remuneração justa, considerando inclusive que, nos últimos anos, por conta da digitalização do espaço escolar e das demandas impostas (e consolidadas) pela pandemia, as funções que o magistério adquiriu vão muito além da sala de aula. Estamos falando da alimentação de plataformas, elaboração de atividades adaptadas, preenchimento de planilhas, gravação de aulas e tantas outras atribuições incorporadas à nossa função original, de tal maneira que hoje se trabalha fora da sala de aula tanto quanto dentro dela.
Não seria exagero afirmar que, cada vez mais, o professor e a professora levam a escola para dentro de outros ambientes, principalmente para dentro de suas casas.
Diante desse cenário, e organizando e mobilizando a categoria, nas últimas negociações alcançamos algumas cláusulas importantíssimas e que tentam coibir esse excesso de trabalho e, ao mesmo tempo, remunerar esse trabalho excessivo. Na educação básica, por exemplo, conquistamos a remuneração pelas provas substitutivas, pelo trabalho tecnológico e, recentemente, o pagamento por atividades adaptadas. Houve uma grita, claro, dos empresários da educação especificamente contra essa conquista — o que confirma o acerto de nossas lutas e reafirma a necessidade de força de organização para o ano que vem, justamente para que possamos manter esse direito e avançar na consolidação de outros.
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Insistimos: sem condições dignas de trabalho, não haverá educação de qualidade. Assim, fazemos desde já um chamado para que todas as professoras e todos os professores participem desse ‘esquenta’ e das atividades relacionadas às campanhas salariais chamadas pelos seus sindicatos; com essa força coletiva, esperamos que, logo depois do Carnaval, possamos encaminhar as assinaturas das convenções e acordos coletivos de trabalho de 2025, fato que será motivo de comemorações e, quem sabe, até de uma verdadeira apoteose.
Aproveitamos para desejar boas festas a todas as leitoras e a todos os leitores.
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