NOTÍCIA
Diretora e fundadora do Colégio Barreto Gurian defende direção presente, que atue em equipe e próxima da comunidade escolar
Cada vez mais a boa gestão tem sido reconhecida como fator fundamental para a qualidade da educação. Na avaliação de Márcia Barreto Gurian, diretora e fundadora do Colégio Barreto Gurian, em São Paulo, SP, um dos fatores cruciais é o olhar humano, além da parceria em equipe. Essa postura humana se traduz em diferentes ações no dia a dia. A diretora destaca que a presença constante e a proximidade com todos que integram a comunidade escolar, por exemplo, são diferenciais importantes para a construção dessa relação. Ela e o marido, seu sócio, costumam até mesmo recepcionar os alunos na porta do colégio.
“Às vezes, causa até um certo susto nos novos professores que chegam para trabalhar”, conta, a respeito dessa presença e envolvimento. “A gente não é aquela direção que larga na mão de coordenação e passa no final da semana para saber o que ocorreu.”
Tudo isso se relaciona com outro ponto que Márcia destaca como importante para uma boa gestão: o trabalho em equipe. Para qualquer projeto da escola, é esse o fator que ela aponta como responsável por resultados positivos. “A gente não gosta daquela questão de professores que ficam competindo entre si. Procuramos passar para eles que nós somos uma equipe, uma engrenagem”, explica. “O aluno do 4º ano vai ser do professor do 5º ano; se o do 4º ano não fizer um bom trabalho, o do 5º, no ano que vem, terá problemas. A gente procura passar isso para os professores, auxiliá-los em tudo que podemos.”
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A formação também faz parte da construção de uma boa gestão, uma vez que permite a atualização na área. Segundo a diretora, essa ‘reciclagem’, aliás, tem se tornado cada vez mais necessária, já que a educação tem passado por muitas mudanças. Um exemplo que ocorreu ainda neste ano no colégio, durante a semana de planejamento, foi a realização de um curso sobre inclusão, voltado não apenas a ela, mas também aos professores. Márcia pontua que esse tipo de curso é importante para que os profissionais possam, por exemplo, se especializar melhor na inclusão de alunos com transtorno do espectro autista (TEA). Na análise da diretora, essa é uma questão que, no pós-pandemia, tornou-se crescente. “Foi um curso muito significativo, todos ficaram impactados com o que a gente aprendeu”, conta.
Os frutos de uma boa gestão aparecem de diferentes formas. Além da satisfação das famílias, a diretora cita que, neste ano, o colégio alcançou um índice de 94% de alunos rematriculados. “Para nós, foi além da meta, além do esperado”, diz.
O colégio também se prepara para novidades em 2025. Em novembro inaugurou-se um novo espaço para os estudantes do ensino fundamental 2 e do ensino médio, num prédio ao lado da unidade. As aulas no novo ambiente já começam ano que vem. Além da nova unidade, também haverá modificações no espaço atual, que passa por reformas e irá contar com minicidade e parque aquático, por exemplo. “Também trabalhamos com período integral, e essas crianças precisam de um olhar diferenciado, porque aqui se torna uma segunda casa para elas”, explica sobre a necessidade da revitalização.
Ao refletir sobre o futuro da escola — e da direção — num contexto geral, Márcia cita uma preocupação com a visão mercadológica da educação. “A educação tem de ser vista de uma forma mais humanizada e menos empresarial”, defende. “Hoje, muitas gestões estão vendo a escola só como uma empresa, se preocupam mais com números do que com qualidade, humanidade, empatia com aluno e com as famílias. As escolas estão visando muito isso, vendo as crianças única e exclusivamente como mercadoria.”
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Para ela, ainda que a escola particular viva da mensalidade, “é preciso saber distinguir as duas coisas”. “Não existe falar de escola sem amor, não tem como.” Outro ponto de preocupação é a parceria entre escola e família. “Hoje, infelizmente, muitos pais delegam a educação. Acham que, por estarem pagando, não precisam acompanhar o filho”, analisa. Justamente por isso, ela afirma que é importante ter uma proximidade com as famílias.
Márcia Barreto Gurian é pedagoga e fundou o colégio ainda jovem, aos 17 anos, quando foi emancipada pelo pai. O encantamento com a educação veio desde cedo: por volta de 12 anos, ao lado do comércio do qual seus pais eram proprietários, havia uma escolinha. Ela observava o local, sua movimentação. A partir disso, aos 15 anos, decidiu que queria fazer magistério. Foi assistente numa outra escola localizada na rua onde ela morava e, depois, em 1996, criou a escola Recanto do Mickey — à época, destinada apenas à educação infantil.
Em 2007, o colégio mudou de nome, passando a se chamar Barreto Gurian, e se expandiu: foi nesse ano que passou a atender o ensino fundamental 1. Posteriormente, também começou a oferecer as outras etapas da educação básica. Hoje, o colégio conta com 930 alunos e 81 funcionários, sendo 50 professores.
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