NOTÍCIA
Entidades educacionais repudiam o uso do ChatGPT sem consulta prévia às comunidades escolares
Publicado em 21/05/2024
Diversas organizações da sociedade civil manifestam sua preocupação em relação à recente decisão da Secretaria de Educação do governo de São Paulo, liderada por Renato Feder, de introduzir ferramentas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, nas escolas, como na elaboração de aulas digitais para professoras e professores da rede estadual. A medida, anunciada recentemente, é parte de um conjunto de iniciativas voltadas à implementação de plataformas digitais nas escolas públicas paulistas.
“O que propomos é que seu uso seja parte de uma discussão ampla e contextualizada numa perspectiva de que possa contribuir com a melhoria da qualidade educacional e com a valorização de profissionais da educação”, diz a nota.
Assinam a nota Abong, Ação Educativa, Alana, Cenpec, Coletivo 660, Comitê São Paulo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Instituto Sumaúma, Instituto de Referência em Internet e Sociedade, LAPIN – Laboratório de Políticas Públicas e Internet, Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife e Rede Escola Pública e Universidade.
Para essas entidades, a utilização do ChatGPT na elaboração de aulas digitais deve abranger uma série de discussões fundamentais, como a questão da conectividade significativa — conceito utilizado pela Unesco que estabelece referenciais para o acesso de qualidade à internet.
Uma pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), de abril de 2024, relatou que um terço da população brasileira está na pior faixa de desempenho deste marcador, que considera quatro dimensões principais: acessibilidade financeira, acesso a equipamentos, qualidade da conexão e ambiente de uso.
Outra crítica advém dos vieses presentes nos bancos de dados dessas ferramentas, pois já são conhecidas “as fragilidades na integridade informacional das produções da inteligência artificial, incluindo o plágio e a reprodução de ideias racistas e sexistas”.
As organizações defendem que a definição sobre o uso de qualquer tecnologia em larga escala seja orientada por uma consulta pública abrangente, dando prioridade à experiência e às necessidades das comunidades escolares, estudantes e profissionais da educação.
“Qualquer abordagem que não valorize a carreira docente significa sucumbir a uma lógica mercadológica e tecnicista na educação, que não coloca em primeiro plano o desenvolvimento integral dos indivíduos e das comunidades escolares”, conclui a nota.
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