NOTÍCIA
Prêmio Nacional de Gestão Educacional (PNGE) reconhece iniciativas de instituições que contribuem para o avanço educacional
Incentivar as instituições de ensino a desenvolverem práticas para o aprimoramento contínuo da educação no Brasil é o objetivo do Prêmio Nacional de Gestão Educacional (PNGE), realizado desde 2006 pela empresa Humus em parceria com outras organizações. A premiação é dividida em dois segmentos do setor privado: instituições de educação básica ou técnica (IEB) e instituições de educação superior (IES).
As vencedoras são celebradas anualmente durante o evento GEduc, em São Paulo. A premiação possui três categorias: inovação acadêmico-pedagógica; gestão administrativa; e responsabilidade social. Para cada categoria são distribuídos três prêmios: ouro, prata e bronze. Confira os ganhadores ouro do PNGE 2023.
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Na categoria gestão administrativa são avaliados os trabalhos realizados nos âmbitos administrativo, financeiro, gestão de pessoas e marketing. No segmento ensino superior, o Centro Universitário La Salle (Unilasalle), em Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, criou o UNI infinito – Pensando em rede até 2030, projeto que estabelece práticas voltadas à saúde mental e emocional dos colaboradores e membros da instituição por meio de pequenas ações como: identificação dos espaços institucionais com placas de identificação da campanha; criação de momentos de formação; inserção da temática nas reflexões e jornadas formativas e pedagógicas até 2030; entre outros.
De acordo com o pró-reitor administrativo da Unilasalle/Lucas, Paulo Renato Folleto, o que começou por conta da pandemia, hoje segue sendo um projeto institucional que resultou em um aumento do sentimento de pertencimento de cada colaborador e fortaleceu o clima e o desempenho organizacional. “Um exemplo prático é o compartilhamento compulsivo da grande maioria dos colaboradores ao receber uma mensagem com um cuidado especial da IES que alegra o seu dia ou o momento em que ele está vivendo”, explica.
“Além das ações voltadas com um cunho de pertencimento à IES pelos colaboradores, foram e ainda são trabalhadas ações motivacionais com todos os estudantes. Ações que impactam na acolhida, mas também no fortalecimento de temas centrais, por exemplo, o ‘Setembro Amarelo’ (prevenção ao suicídio)”, complementa Paulo.
Já na educação básica, o Colégio Farroupilha, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, desenvolveu o Sistema de gestão de proteção de dados (SGPD), conjunto de boas práticas cujo objetivo é servir como modelo para a adequação das empresas no modelo europeu de Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR), e na aplicação brasileira da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Segundo a diretora pedagógica do colégio, Maricia Ferri, o projeto de adequação à LGPD teve início em 2019. Já em janeiro de 2022, foi consolidado como processo institucional e em fevereiro do mesmo ano deu origem ao SGPD, que contribui para o colégio organizar seus processos e adequá-los para a legislação vigente.
“Todos os educadores foram convidados a participar de encontros com o supervisor de processamento de dados da instituição, Marcelo Bueno de Souza. Nessas oportunidades, eles conheceram o projeto, tiraram dúvidas e entenderam como os dados da comunidade escolar são tratados na escola. Além disso, frequentemente os educadores recebem materiais informativos sobre segurança da informação e processos internos relacionados à privacidade e à proteção de dados pessoais”, explica Maricia.
O Colégio Farroupilha também foi ganhador na categoria responsabilidade social — que avalia as práticas adotadas para promover o bem-estar da comunidade interna e externa, com atitudes sustentáveis e colaborativas que ajudem a desenvolver o entorno. A instituição desenvolveu o Feira de reuso de uniformes escolares, que promove a sustentabilidade e economia escolar por meio da troca de uniformes, doação de peças para projetos sociais e reciclagem daquelas sem condições de uso. O evento ocorre semestralmente.
No primeiro semestre deste ano já foram adquiridas aproximadamente 5 mil peças entre as duas unidades do colégio: Três Figueiras e Correia Lima. Segundo Maricia, os estudantes participam ativamente de todos os processos da feira: “eles se envolvem na doação das peças, na divulgação da Feira, nos dias de ação, além de participarem da confecção das artes para os adesivos termocolantes que customizam as peças doadas. De modo geral, a sustentabilidade e a prática social são temas que atraem os alunos, que costumam mostrar abertura para conhecer o outro e atitudes de empatia”, conta Maricia.
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Na categoria de ensino superior de responsabilidade social, o ouro foi para o Centro Universitário IESB, em Brasília, Distrito Federal, que desenvolveu o projeto i.prótese, voltado a ajudar pessoas com agenesia de membros superiores. A iniciativa surgiu em 2019 e conta com a participação de estudantes de arquitetura, design de interiores, de moda e gráfico, além de estudantes do curso de direito. “Essa interdisciplinaridade dos cursos é muito importante para uma formação mais completa dos nossos estudantes, focando nas habilidades pessoais e profissionais (soft skills) que contribuirá para destacar nossos estudantes no mercado de trabalho”, aponta Larissa Cayres, coordenadora dos cursos de arquitetura e design de interiores do IESB.
O projeto procura atender adultos e, em especial, crianças. “Permitir que crianças e adultos com agenesia de membros possam ter mais independência e relevância traz à tona a importância de se trabalhar inclusão e fomentar nos estudantes e na população mais igualdade e solidariedade. Trabalhamos ainda a autoestima dessas minorias e o quanto elas podem e conseguem ter vidas normais e desenvolver todas as atividades que quiserem”, conclui Larissa.
A categoria inovação acadêmico-pedagógica avalia trabalhos voltados às práticas de ensino e aprendizagem. No segmento ensino superior, o Centro Universitário Grupo Integrado, em Campo Mourão, Paraná, criou a Vertical do agro, um ecossistema que engloba soluções de educação, tecnologia e inovação na área de agronegócio. “O projeto consegue fortalecer a educação de forma gratuita por meio de bootcamps, eventos e webinars, oportunizando o acesso ao ensino superior, e, durante a graduação, fortalece a formação de profissionais com as habilidades que o mercado de trabalho exige”, explica Fabrício Pelloso, head de inovação do Grupo Integrado.
Atualmente sob o nome de BeAgro, o projeto continua inserindo novas propostas, como o novo curso de agronomia com matriz baseada em competências, ofertado na graduação presencial e semipresencial, e a criação do webinar Agro do Futuro, que traz especialistas do setor para discussões dos temas. Confira a matéria da revista Ensino Superior sobre a vertical do agronegócio.
Já na educação básica, o Centro Educacional da Lagoa (Colégio CEL), do Rio de Janeiro, criou o Calculando suas metas, ferramenta que concentra dados gerados pelos resultados dos estudantes nos simulados modelo Enem, nas notas de corte do SISU e nas notas do projeto de redação semanal dos alunos do 3º ano do fundamental.
“Não podemos mais pensar num processo de ensino e aprendizagem que não envolva a análise de dados e decisões baseadas nos mesmos. Era muito comum ver alunos com vontade de passar no vestibular, mas sem saber sequer a nota de corte do curso que desejam ingressar. Ao mesmo tempo, para que serve o resultado de um simulado modelo Enem? Como os alunos conseguem saber o que precisam estudar? Todos nós que estamos envolvidos na rotina escolar sabemos o quão difícil é conseguir reunir essas informações para cada aluno”, enfatiza Romulo Teixeira Braga Nunes, coordenador pedagógico do Colégio CEL.
Segundo Romulo, foi observado um aumento no índice de aprovação de universidades públicas. Desde a adoção do projeto, que começou a ser elaborado em 2021, o colégio teve em média um aumento de 25% para 40% de aprovação de todos os alunos concluintes. Além disso, também pode ser adequado para outros níveis de ensino — o colégio está adaptando o modelo para alunos do 4º e 5º ano de uma ONG se prepararem para o ensino fundamental 2.
As inscrições para o PNGE 2024 já estão abertas e vão até 26 de janeiro, sendo que a entrega da premiação será realizada no GEduc 2024, no início de abril.
Para mais informações sobre os ganhadores do PNGE deste ano e o processo de inscrição, clique aqui.
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