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Para além do estudante, a aprendizagem socioemocional precisa incluir também o educador e toda a comunidade escolar
Publicado em 14/09/2023
As competências socioemocionais finalmente têm se consolidado no processo de aprendizagem dos estudantes, estando previstas, inclusive, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Porém, para Ceciliany Alves Feitosa, diretora de plataformas, inovação e avaliação educacional da FTD Educação, o desenvolvimento socioemocional vai além da BNCC e deve ser visto como um componente necessário para a formação humana, não sendo trabalhado apenas pensando no ambiente escolar, mas levando em conta toda a comunidade da escola e o redor.
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Para ela a parceria entre escola e comunidade é fundamental para a consolidação da formação humana. “As experiências de aprendizagem nessa perspectiva de uma formação humana e integral têm que afetar a comunidade. Se não afetar, não aconteceu. É aquela visão da educação da porta para dentro. ‘Aqui tudo é perfeito, o mundo idealizado’, quando a criança sai é o Médico e o monstro [em menção a obra do autor Robert Louis Stevenson]”, explica.
Ceciliany possui 20 anos de mercado educacional e discorrerá hoje, 14, sobre o assunto no painel Competências socioemocionais: por uma educação humana e integral, no evento Socioemocional na Escola, promovido pela revista Educação. A expectativa é de um público de 400 pessoas, entre gestores e coordenadores da educação básica. O evento acontece na Fecap, em São Paulo. Clique aqui para mais informações sobre o evento.
É importante que a aprendizagem socioemocional seja implantada de modo interdisciplinar, envolvendo as áreas da saúde, pedagogia e sociologia. “Ninguém vai resolver nada sozinho na escola se não se juntar em torno de uma mesma mesa e conversar sobre as crianças e os jovens de hoje para achar caminhos”, ressalta Ceciliany.
Ela também enfatiza a importância de se investir em formação docente, apontando três recomendações aos educadores. A primeira está ligada à participação mais ativa em fóruns e debates educacionais. Em segundo cita acompanhar as pesquisas que estão sendo feitas sobre o tema socioemocional por publicações de confiança, que tenham curadoria de especialistas, ou seja, ter uma parceria mais presente entre as escolas de educação básica e as universidades. “A escola tem que saber o que a universidade está pensando e a universidade saber o que está acontecendo na escola. Esse diálogo é importantíssimo, significa uma formação científica acadêmica”, explica.
Por último, recomenda a partilha de boas práticas. “No Instagram, ao invés de falar sobre as reformas da escola, falar: ‘olha, temos um case de sucesso muito legal. A gente tinha muita violência, muito conflito entre os alunos do ensino médio e fizemos um campeonato, uma gincana’. Partilhar boas práticas é algo muito da educação, não vamos atrás de educação e informação para ficar só para a gente”, reflete.
“A gente está fazendo um trabalho lindo, monta um plano lindo, faz um monte de coisa linda, mas vocês têm percebido alguma coisa diferente? Tem percebido algum eco desse nosso trabalho? Tem ajudado? Quer contribuir com alguma coisa? Eu acho que é isso, é abrir um espaço para o diálogo”, complementa Ceciliany em relação à necessidade de troca e partilha de boas práticas também com as famílias.
Ceciliany não acredita que exista uma única forma ou modelo para trabalhar as competências socioemocionais no processo de formação do ser humano integral. Cada escola possui uma realidade e liberdade para trabalhar à sua maneira, mas sugere que a escola tenha um espaço destinado a ouvir e olhar seus estudantes.
“Não é uma disciplina obrigatória, não é o componente curricular de toda semana vai ter uma aula de competência emocional. Não defendo isso”, explica. “A escola precisa saber que ela tem essa liberdade de fazer o desenho em seu projeto pedagógico: ‘aqui a gente desenvolve competência socioemocional neste espaço de currículo, nesse espaço físico de aprendizagem, nesse lugar pedagógico’. Essa é a recomendação que eu deixo para professores e gestores. Qual é o seu espaço? Qual é o seu lugar de currículo? Que lugar você está dando no seu projeto pedagógico para o desenvolvimento de competências socioemocionais?”, conclui.
Por uma formação humana e integral