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Por Ewerton Fulini*: O ambiente escolar é um grande impulsionador de potenciais e desenvolvimento integral dos estudantes. Nos últimos tempos, vimos as escolas de portas fechadas devido à pandemia, levando estudantes e educadores a seguirem com a missão da educação em diferentes lugares e formatos. […]
Publicado em 05/06/2023
Por Ewerton Fulini*: O ambiente escolar é um grande impulsionador de potenciais e desenvolvimento integral dos estudantes. Nos últimos tempos, vimos as escolas de portas fechadas devido à pandemia, levando estudantes e educadores a seguirem com a missão da educação em diferentes lugares e formatos. Até pouco tempo incalculáveis, as consequências dos abalos sofridos agora começam a se delinear, e apontam para um futuro cheio de desafios para redes de ensino, gestores e educadores.
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BNCC e as competências: a fase ainda é de implementação
Dentre os papeis da escola, está também uma função socializadora, por meio de seu ambiente de interações, o que a torna um espaço muito propício para promover o desenvolvimento socioemocional.
Nesse contexto, a escola oferece ao estudante inúmeras oportunidades para que ele identifique, desenvolva e coloque em prática suas competências, pois é lá que o jovem passa parte significativa do seu tempo, em contato com o saber, os colegas e os professores. É onde ele enfrenta os primeiros desafios, seja em relação ao aprendizado, ao convívio social, ou até mesmo ao modo como o estudante vê a si mesmo e as situações no seu entorno.
Tudo isso é importante pois conhecer a si mesmo e lidar com as próprias emoções pode ajudar o jovem a encarar esses e outros desafios que se colocam na vida dele.
De olho em tudo que queremos recompor, e nos avanços necessários e urgentes que o momento pede, é preciso mais do que nunca saber identificar quais as prioridades em cada escola, região e rede, para então elaborar estratégias eficazes, aderentes às necessidades locais, e mitigar os prejuízos no desenvolvimento dos estudantes brasileiros.
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Emoções e autoconhecimento dentro do currículo
Os melhores planos de ação começam com bons diagnósticos e objetivos claros. É fundamental criar e aprimorar conjuntos de instrumentos que permitam uma visibilidade precisa e em múltiplas esferas, pois as ações que precisamos implementar agora são de naturezas variadas.
No âmbito da sala de aula, por exemplo, é preciso ter avaliações que consigam apoiar o processo de desenvolvimento enquanto ele acontece, oferecendo insumos para que cada professor conheça quais são as dificuldades e os avanços de suas turmas, para então desenhar seu planejamento de aulas.
Com resultados em mãos, os professores estarão mais guarnecidos para propor atividades, estratégias e metodologias que sejam mais efetivas para a aprendizagem e o desenvolvimento da sua turma. No nível de uma rede de ensino, promover avaliações em escala são fundamentais para o desenho de políticas públicas e auxiliar os gestores a concentrarem recursos e esforços onde é mais necessário.
É preciso promover avaliações e ferramentas inovadoras, comprometidas com os novos rumos da educação e da sociedade, e que deem conta de toda a complexidade de ser um estudante do século 21. Os diagnósticos devem oferecer informações sobre todo o desenvolvimento do jovem, como suas competências socioemocionais, entre outras, além de servir como uma bússola para ele próprio se autoconhecer e poder traçar suas metas e objetivos.
Redes de ensino, como as do Ceará e São Paulo, já têm aplicado avaliações para conhecer mais sobre o desenvolvimento socioemocional de seus estudantes e educadores, criando bússolas, para a rede e para os próprios jovens, que apontam onde é possível e melhorar e qual caminho seguir.
Estas ações já estão alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece 10 competências gerais que são direitos de desenvolvimento dos jovens; para acompanharmos sua implementação, será fundamental criar formas de monitorar se o documento cumpre com seus objetivos e se eles estão sendo de fato concretizados.
Para contribuir com essas discussões e apoiar os educadores com conhecimentos e instrumentos de avaliação que favoreçam a sua prática, o Instituto Ayrton Senna lançou recentemente uma nova cátedra no Instituto de Estudos Avançados (IEA), da USP Ribeirão Preto. A Cátedra, que tem como titular Maria Helena Guimarães de Castro, uma das maiores especialistas do Brasil na área e presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (ABAVE), vai disseminar conhecimento sobre o tema e buscar fazer parcerias para a implementação de avaliações piloto.
Este espaço terá como missão levar cada vez mais a inovação em avaliação da teoria para a prática, da universidade para a escola, dos pesquisadores para os gestores públicos. A cátedra, que nasce com um propósito urgente, buscará promover avanços concretos, influindo em políticas públicas e promovendo conversas, com organizações de pesquisa e do terceiro setor, que nos permitam avançar. Ela vai reunir o que há de mais novo nas evidências sobre avaliação educacional para gerar influência, discussão e construção conjunta com toda a comunidade.
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