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Avaliar para quê?

Por Francisca Paris*: O principal objetivo de um projeto de avaliação escolar para os anos iniciais do ensino fundamental é constatar até que ponto as metas de aprendizagem estabelecidas para cada turma da escola estão sendo cumpridas, considerando o bom desempenho acadêmico que os estudantes […]

Por Francisca Paris*: O principal objetivo de um projeto de avaliação escolar para os anos iniciais do ensino fundamental é constatar até que ponto as metas de aprendizagem estabelecidas para cada turma da escola estão sendo cumpridas, considerando o bom desempenho acadêmico que os estudantes devem alcançar à medida em que eles frequentam a escola. Sob essa perspectiva, a avaliação é um poderoso instrumento pedagógico que deve estar a serviço das aprendizagens de todos.

Por essa razão, é necessário que, antes de um projeto de avaliação de toda a escola ser estabelecido, escolhendo métodos, tipos e técnicas de avaliação, seja estabelecido, junto à comunidade educativa, um trabalho reflexivo que busque respostas para as seguintes perguntas: para quê avaliamos? Que usos damos aos resultados? Como beneficiamos os estudantes? Melhoramos a qualidade do ensino e a qualidade da aprendizagem? Só depois, quando a equipe de educadores tiver respondido coletivamente as perguntas sugeridas, é possível montar as diretrizes sobre as quais as atividades de avaliação serão desenvolvidas.

Foto: divulgação

O propósito da avaliação na escola é servir à aprendizagem, entendida como um ponto de vista formativo no processo educativo, e que deve ser permeada por um diálogo permanente envolvendo os processos de ensino.

Por meio da avaliação escolar é possível fazer um diagnóstico, conhecendo aquilo que os estudantes já sabem e o que precisa ser ensinado, e ajustar os processos de ensino para que todos possam aprender, dando-lhes, também, um feedback após cada percurso de aprendizagem. O feedback formativo deve ser priorizado, mas não para dizer se o estudante estava certo ou errado, e sim para orientá-lo no reconhecimento do desempenho com dificuldades, dando-lhe as ferramentas que ajudam a superar esses obstáculos. Finalmente, a avaliação somativa pode apontar os resultados obtidos ao final de um ciclo de trabalho.

Para se estabelecer um projeto de avaliação, há necessidade de uma mudança de cultura quanto à concepção de avaliação e de seus propósitos, passando de uma concepção da avaliação “do” aprendizado para a avaliação “para” aprendizagem, cuja intencionalidade avaliativa é predominantemente educativa.

Uma ação importante para esse fim é promover atividades de formação continuada sobra a temática da avaliação. Uma oportunidade prestigiosa é mobilizar a equipe docente para participar do curso em EAD Avaliação a serviço da aprendizagem, organizado pela Editora do Brasil, cuja proposta é estudar o papel da avaliação como guia, mediadora, feedback e motor do progresso das aprendizagens ao longo das etapas escolares. Trata-se de um curso de 60h, composto de oito módulos, totalmente gratuito e com emissão de certificado. Basta clicar em https://educa-brasil.com/, inscrever-se e iniciar seus estudos.

Assim sendo, é possível fomentar nas escolas uma “outra cultura de avaliação”, na qual a comunidade de docentes trabalhe atividades avaliativas a partir de diversas metodologias e técnicas, voltadas para estudantes que, ainda que apresentem diferentes estratégias individuais de aprendizagem, possam se apropriar dos saberes escolares e mostrar o que aprenderam.

Por fim, quando falamos de uma cultura de avaliação escolar, é necessário distinguir uma cultura existente (das provas e exames) de uma cultura desejável (com ferramentas para melhor aprender e ensinar). Desejamos a criação de uma cultura de avaliação que comece por buscar um entendimento comum e um significado compartilhado da avaliação para cada estudante e para cada educador de cada escola, para que ela seja, de fato, um elemento de melhoria das aprendizagens de todos.

*Francisca Paris é pedagoga, especialista em psicologia e mestre em educação. Atuou como professora em todos os níveis da educação escolar, da educação infantil ao ensino superior. Foi orientadora educacional e coordenadora pedagógica de várias escolas. Na área da educação pública foi diretora de departamento, presidente do Conselho Municipal de Educação e Secretária de Educação de Ribeirão Preto. Atualmente é consultora pedagógica, autora de livros de gestão escolar e organizadora de cursos de formação continuada no Educa Brasil/Editora do Brasil. 

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