A guerra entre Rússia e Ucrânia deve ser discutida com as crianças na escola e com a família, defendem alguns educadores como Lilian Gramorelli, coordenadora do ensino fundamental 1 do paulista Colégio Marista Arquidiocesano. Para a professora, é importante que os responsáveis passem as informações em uma linguagem que possa ser compreendida pelos pequenos e deixar que eles formem sua própria opinião, levando sempre em conta a inteligência deles.
“É uma boa oportunidade de explicar para eles o que são as guerras e o impacto que elas trazem para a humanidade. O diálogo entre pais e filhos é extremamente fértil para o desenvolvimento de uma cultura de paz”, defende a coordenadora.
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O papel dos educadores
Na escola, o papel dos professores não é muito diferente dos familiares. Lilian ressalta que a instituição deve aproveitar o fato para debater com os alunos, envolvendo várias disciplinas, além de história e geografia.
“Independentemente do ponto de vista ideológico da situação de cada país na guerra, a escola desenvolve o conceito de “humanidade e solidariedade” e é por esse viés, dialogando com os componentes curriculares, que as situações didáticas podem ser desenvolvidas. O desenvolvimento do senso crítico e o conhecimento do momento histórico podem ser cultivados em um momento delicado como esse”, finaliza.

Aproximação
Cerca de 40 alunos do 9º ano da Escola Cristã Jundiaí receberam no início de março a presença do pesquisador e tradutor búlgaro Nikolai Boyadjiev para falar de sua experiência pessoal, já que seu país sofreu com uma guerra durante anos.
Boyadjiev tentou explicar, em inglês, como tudo começou e a relação existente entre o passado e o atual conflito entre Rússia e Ucrânia.
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Sobre isso, o convidado ressaltou que, durante a II Guerra Mundial, mais de cinco milhões de russos morreram de fome e que as crianças foram as primeiras vítimas. A Bulgária sofreu diretamente esses impactos. “Onde se tem guerra, tem fome. Minha família passou por maus momentos, vivemos grandes dificuldades, minha avó foi agredida na frente de meu pai e meus tios quando eles eram crianças, só porque ela não tinha resposta a uma pergunta. Nossas casas eram invadidas e não podíamos viajar. Isso só terminou em 1989, quando eu tinha 14 anos”, contou.
Abertura para os alunos
Durante seus depoimentos, alguns alunos interagiram e mostraram grande interesse complementando o assunto com dados que estavam acompanhando nas mídias. Nicolas Alcântara, por exemplo, destacou que não estava surpreso com as informações, pois sabia que o final do mundo seria por meio de guerras. “Eu li na Bíblia que, no fim, haveria guerras e rumores de guerras, além de pestes como o coronavírus”, apontou.
Há poucos dias, quando estourou o conflito entre Ucrânia e Rússia, Boyadjiev já estava no Brasil a trabalho e ficou bastante preocupado pela proximidade logística de seu país, onde ficou sua família.