Enquanto 45,7% dos alunos ricos do 3º ano do ensino médio adquiriram o esperado em matemática, apenas 3,2% dos pobres obtiveram o mesmo patamar
Publicado em 03/08/2020
O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2020, lançado recentemente, traz mais de 200 gráficos e tabelas com dados e informações que permitem uma ampla leitura do que vem ocorrendo com o setor, visando assim, promover a igualdade de acesso educacional. Aliás, vale destacar que o material passa longe da onda de achismos e se baseia em dados de pesquisas como IBGE e Inep.
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“O Anuário mostra que houve muitos avanços ao longo das últimas décadas na educação básica, como o aumento do atendimento escolar dos 4 aos 17 anos, mas também explicita os desafios que serão aprofundados pela paralisação prolongada das aulas presenciais, como o provável aumento da desigualdade na aprendizagem e a queda na conclusão do ensino médio na idade correta. Se antes a necessidade de mudanças estruturantes no ensino era imprescindível, a crise da covid-19 amplia a urgência de uma aliança intersetorial para amenizar os impactos da pandemia e fortalecer a educação como pilar de reconstrução do país”, alerta Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.
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Assim também, em um webinar de apresentação do Anuário, Flávia Oliveira, jornalista de economia e colunista do jornal O Globo, enfatizou que pobreza sempre foi vista como insuficiência de renda.
“Mas não é só isso. A definição de pobreza hoje vem incorporando outros elementos, que envolve, por exemplo, a qualidade da habitação: ter parede sem reboco, não ter laje, não ter pelo menos um dos três serviços ligados a saneamento básico, coleta de lixo, não ter acesso a internet”, criticou. Flávia completou ainda: “eu acho que não é aceitável se render a isso. Como é que se faz para acolher o aluno e romper essa deficiência que vem do meio e não da escola? Agregando assistência social, programa de renda mínima. Ter segurança alimentar”, aconselha.
Sendo assim, o que Flávia e Priscila Cruz concordam é que tais disparidades de aprendizagem entre pobres e ricos, brancos e negros, é uma desigualdade estrutural. “Para a gente chegar em equidade maior a gente precisa dar mais para quem tem menos e para isso as políticas precisam ser definidas e formuladas para quem tem menos”, defende Priscila.
Em resumo, a publicação é uma parceria do Todos Pela Educação com a Editora Moderna e, segundo os organizadores, a divulgação anual é uma forma de monitorar e criar ambientes de pressão constante sobre o que melhorou e o que piorou na educação brasileira.
Para ter acesso ao Anuário, acesse: https://bit.ly/308j59C.
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