Tradicional colégio paulista vem se inserindo no mundo VUCA – Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo – de maneira corajosa e inovadora
Em recente visita a importantes colégios de São Paulo pude identificar em cada um deles projetos inovadores e altamente vinculados ao desejo de adequar a educação à contemporaneidade, sem abrir mão de suas culturas, valores e propósitos. Entre muitos projetos que conheci citarei nesta coluna o arrojado modelo de gestão colaborativa que vem sendo implementado pelo centenário Colégio Porto Seguro de São Paulo, liderado pela diretora geral pedagógica e educacional, Silmara Rascalha Casadei.
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A partir da criação de vários comitês e fóruns de discussão – envolvendo professores, pais, alunos e colaboradores administrativos –, o colégio vem movimentando diferentes pontos de vista sobre os múltiplos aspectos da escola e do processo de formação dos estudantes e sua responsabilidade com a sociedade e o meio ambiente.
Orientados por uma escuta ativa de diferentes demandas e desejos, da estratégia a questões logísticas, do currículo ao ativismo dos jovens, o tradicional colégio vem se inserindo no mundo VUCA (acrônimo em inglês que significa Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) de maneira corajosa e inovadora. Esse intenso diálogo comunitário já vem apresentando resultados, como projetos educativos e de gestão surgidos a partir dessas trocas.
De forma geral, assim como percebe o Porto Seguro, tamanha complexidade exigirá cada vez mais da comunidade escolar uma intensa adequação aos novos tempos e uma grande capacidade de se transformar. Em tempos de alta interatividade entre os diferentes atores escolares, do WhatsApp dos pais ao ativismo estudantil, das inovações didáticas que desafiam o corpo docente aos conceitos mais modernos de serviço que orientam os colaboradores administrativos, fica cada vez mais patente a necessidade de gestões colaborativas.
Estimular o diálogo e a expressão dos diversos atores da comunidade escolar passa a ser um imperativo para a boa gestão. Quanto maior a capacidade de escuta do dirigente, maior a capacidade de compreensão da complexidade dos eventos internos e externos que compõem o cotidiano e o imaginário de uma escola, em uma família mais dialógica em seu interior e com maior interesse nos projetos pedagógicos, em jovens, cada vez mais instados a exporem suas ideias sobre o mundo e sobre si.
Dessa forma, cabe ao diretor escolar muitas responsabilidades: engajar os jovens em seu processo de aprendizagem, construir uma coletividade ativa e otimista frente ao futuro; orientar a formação de professores, em uma função mais interativa e participativa; motivar a comunidade administrativa em torno dos propósitos educacionais, transformando cada colaborador em um educador.
Tamanho desafio implica uma nova forma de atuar do diretor, muito menos administrativa e muito política, organizador de desejos e demandas de sua comunidade, guardião dos propósitos institucionais, leitor de seu tempo, do tempo de seus colaboradores e das demandas do mundo emergente.
Implicar todos esses agentes exige ampla capacidade de diálogo, análise, síntese e implementação de projetos. Criar canais de comunicação e de gestão coletiva que permitam que a complexidade do mundo escolar seja mais que uma dificuldade, mas uma força institucional, exigirá que os líderes criem grupos de trabalho com diferentes atores escolares visando a construção de um projeto pedagógico atual e transformador.
Miguel Thompson é diretor acadêmico da Fundação Santillana e presidente do Conselho Editorial da revista Educação.
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