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Arte e Cultura

Com o que sonham os robôs?

Realidades alternativas mostradas nos filmes de ficção científica podem ser bastante assustadoras quando tratam de um futuro que está “logo aí”

Publicado em 19/09/2017

por Gabriel Jareta

ex machina 1 A androide Ava: capacidade de compreender tons de voz e microexpressões faciais (Crédito: Divulgação)

robôs

A androide Ava: capacidade de compreender tons de voz e microexpressões faciais (Crédito: Divulgação)

As realidades alternativas mostradas nos filmes de ficção científica podem ser bastante assustadoras quando tratam de um futuro que está logo aí, “virando a esquina”, e não daqui a centenas de anos. É essa a desconfortável sensação provocada pelo filme Ex machina: instinto artificial, produção de 2015 que aborda a criação de um robô – na verdade, “uma” robô – cuja inteligência é programada de tal maneira que se torna possível conversar, questionar, seduzir e até mesmo manipular um ser humano.
O diretor britânico Alex Garland, mais conhecido por sua carreira como escritor, diz que o futuro tratado no filme será “daqui a dez minutos”. “Se empresas como Google ou Apple anunciassem amanhã que criaram Ava (a androide do filme), as pessoas ficariam surpresas, mas nem tanto”, ele afirmou. No filme, um jovem programador chamado Caleb vence um concurso da companhia onde trabalha para passar uma semana na casa do CEO, Nathan, um excêntrico gênio da computação que vive isolado em uma propriedade hi-tech no meio da floresta. Sua fortuna vem de um mecanismo de busca criado por ele, o Blue Book.
Nathan enxerga em Caleb uma mente ideal para aplicar o “teste de Turing” em sua criação, uma androide de curvas femininas, com apenas parte do corpo coberta por uma simulação de pele. Mais do que entender a fala de Caleb, Ava é capaz de compreender tons de voz e microexpressões faciais – graças à quantidade incalculável de dados recolhidos pelo sistema de busca desenvolvido por seu criador, incluindo aí tudo que é captado pelas câmeras e microfones de virtualmente todas as pessoas que utilizam um computador ou celular. A proximidade entre Caleb e Ava logo começa a ganhar uma tensão sexual e é desnecessário dizer que todo o cenário favorece um desenrolar que vai mostrar ao espectador o quanto um robô é capaz de pensar por conta própria.
Por enquanto, na “vida real”, a discussão sobre os limites da inteligência artificial – e o quanto robôs que pensam por conta própria poderiam ser prejudiciais à espécie humana – começa a ganhar força. Para o físico Stephen Hawking, o sucesso na criação da inteligência artificial poderia ser o maior acontecimento na história da humanidade, mas também o último, a não ser que os cientistas aprendam a evitar os seus riscos. Afinal, não há nenhuma limitação para que um cérebro artificial possa se rearranjar de maneira a superar a inteligência de seus criadores. E se a ficção de alguma maneira precede a realidade, é melhor ouvir os conselhos de Hawking.
➤ Androide
O personagem Nathan diz que a aparência de Ava foi desenvolvida a partir das buscas por atrizes pornográficas de Caleb, fazendo com que ela se tornasse atraente para ele. Os efeitos especiais renderam ao filme um Oscar – curiosamente, o filme teve um orçamento muito modesto (US$ 15 milhões) se comparado aos concorrentes, como Star Wars: o despertar da força, que custou US$ 200 milhões.
➤ Teste de Turing
O teste proposto pelo matemático e cientista da computação britânico Alan Turing (1912-1954) procura avaliar o quanto uma máquina é capaz de se comportar de maneira indistinguível a um ser humano. A história de Turing e sua participação como decifrador de códigos nazistas durante a Segunda Guerra foi contada no filme O jogo da imitação (2014).
➤ Cérebro artificial
Uma das principais aplicações da inteligência artificial são os chatbots, programas que tentam simular uma pessoa real em situações de conversa. Recentemente, o Facebook abandonou um experimento em vendas quando dois chatbots desenvolveram uma linguagem própria para comunicação entre si, incompreensível para os pesquisadores. A empresa alega apenas não ter tido o resultado esperado.


Filmoteca: um futuro sempre imaginado

Computadores e robôs capazes de ter sentimentos, além de outras consequências da incorporação da tecnologia a uma dimensão humana.

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Alphaville (França, 1965)
O detetive Lemmy Caution chega a uma cidade com tons futuristas chamada Alphaville com o objetivo de encontrar um agente desaparecido e eliminar o tirano que comanda os habitantes da cidade por meio do computador Alpha 60, que suprimiu o pensamento livre e sentimentos como o amor. Uma fantasia distópica de Jean-Luc Godard filmada nas ruas de Paris.
 
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2001: uma odisseia no espaço (Estados Unidos, 1968)
Dirigida por Stanley Kubrick e baseada em livro de Arthur C. Clarke, essa obra-prima do cinema aborda a relação do ser humano com a tecnologia (do domínio do fogo ao computador) e levanta questões sobre a evolução e a própria existência. Um dos “personagens” do filme que entraram para a história é o computador HAL 9000, a quem são atribuídos sentimentos quase humanos.
 
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Blade Runner, o caçador de androides (Estados Unidos, 1982)
Nesse clássico do cinema de ficção científica, ambientado em uma Los Angeles decadente no ano de 2019, Harrison Ford faz o papel de Rick Deckard, um ex-policial que se tornou um caçador de “replicantes”, androides que foram banidos da Terra. Baseado em romance de Philip K. Dick, o filme terá uma sequência nos cinemas ainda neste ano.
 
 
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A.I.: inteligência artificial (Estados Unidos, 2001)
A produção do filme começou com Stanley Kubrick, que morreu antes de ver a história no cinema. Um robô em forma de criança – e capaz de ter sentimentos, como amar seus donos – é comprado por um casal com um filho doente. Depois de descartado, precisa sobreviver em um mundo hostil a androides de sua espécie, enquanto sonha em se tornar uma criança de verdade.
 
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Eis os delírios do mundo conectado (Estados Unidos, 2016)
O cineasta alemão Werner Herzog investiga nesse documentário o desenvolvimento da internet, da robótica, da inteligência artificial e de outros avanços do mundo contemporâneo. Para Herzog, o interesse está nas histórias das pessoas que desenvolveram as tecnologias, no “lado negro” dessas descobertas e em como elas afetam a humanidade.
 

Autor

Gabriel Jareta


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