NOTÍCIA
Mais de 22% dos jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola, mas, para muitos deles, o abandono ocorre antes de concluir o ensino fundamental
O ensino médio é apontado como o maior problema da educação brasileira em função da alta evasão dos jovens. Estes estariam abandonando a escola por insatisfação com o modelo de ensino, necessidade de trabalhar e incerteza quanto ao retorno desses anos a mais de estudo, para citar as causas mais comentadas.
Na faixa etária dos 15 aos 17 anos, a taxa de jovens fora da escola é de 22% (cerca de 1,6 milhão de pessoas) para todo o Brasil, chegando a 29,7% no Mato Grosso do Sul, 27,4% no Mato Grosso e 27,3% em Rondônia, como mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) compilados no Observatório de Educação, mantido pelo Instituto Unibanco. O detalhe é que, embora as pessoas dessa faixa etária devessem estar no ensino médio, 35% ainda estão no ensino fundamental, agora segundo o iDados. Isso indica que muitos jovens de 15 a 17 anos estão largando a escola antes mesmo de chegar ao ensino médio.
Vale notar que a proporção de 22% para os que estão fora da escola tem se mantido estável há anos. Como referência, em 2008 ela era de 21,53%. O quadro é tão estático que a projeção para 2025 é de que 20,54% dos jovens nessa idade estejam nessa condição. O cálculo é do Observatório, com base na evolução do indicador nos últimos dez anos.
Já a taxa de evasão no ensino médio está melhorando. Considerando os mesmos períodos, ela saiu de 14,34% e chegou a 7,77% na rede pública em 2015. Nesse ritmo, ela chegará a zero em 2025, calcula a plataforma.
A discrepância entre o comportamento das duas taxas indica que as políticas públicas desenvolvidas para conter o abandono escolar talvez estejam focando exclusivamente os alunos matriculados no ensino médio, deixando de lado os jovens das outras etapas escolares e, especialmente, os que estão atrasados no fluxo escolar em função da repetência. Nesse momento de discussão sobre a necessidade de reformular o ensino médio, não seria o caso de estender a discussão ao menos aos anos finais do ensino fundamental?