Em artigo, relator da ONU pelo direito à educação afirma que escolas particulares carecem de um sistema de ensino diversificado e de pluralidade cultural
Publicado em 30/04/2015
O rápido crescimento das instituições de ensino particulares não é visto como um progresso para o relator da ONU (Organização das Nações Unidas) pelo direito à educação Kishore Singh. “É um indicativo de que os governos falharam em sua obrigação de prover educação gratuita, universal e de alta qualidade para todos”, disse em artigo publicado no site do jornal britânico The Guardian.
No artigo, o representante da ONU alerta para as 58 milhões de crianças no mundo que ainda não têm acesso a escolas, e declara que a educação não é um privilégio dos ricos, mas é um direito inalienável de toda criança. “A política admissional das escolas privadas é baseada na capacidade de pagar e no poder socioeconômico dos pais. Como resultado, as escolas particulares carecem de um sistema de ensino diversificado e de uma pluralidade cultural que é tão necessária nos dias atuais”, critica.
De acordo com Singh, os comerciais publicitários exercem influência na escolha dos pais, pois os induzem a optar por escolas privadas na expectativa de que os seus filhos vão receber uma educação melhor. Quanto a uma solução para a privatização na educação, Kishore enfatiza: “Eu não estou dizendo que as tradicionais escolas públicas são a única solução. Escolas comunitárias, organizadas localmente e apoiadas pelo Estado podem complementar os esforços do governo em prover educação e ser uma alternativa à privatização. Os investimentos na educação devem ser priorizados”.