NOTÍCIA
Educadoras paulistas falam sobre a tecnologia no processo de aprendizagem e da necessidade de uma sustentabilidade socioambiental
Publicado em 22/06/2020
A pandemia está intensificando transformações cuja sociedade já estava notando e adotando — só que de forma lenta — e, claro, na área da educação não está sendo diferente. Para a diretora-geral da Escola da Vila, Fernanda Flores, este período tão inusitado não está apenas aproximando o setor educacional das possibilidades de aprendizagem tecnológicas, mas escancara a necessidade de assumirmos “questões sobre como estamos cuidando do clima, de nosso planeta e de todos os seus habitantes”.
Leia: Não é momento de os pais se transformarem em alfabetizadores
Já na visão de Letícia Lyle, diretora da Camino School, como o momento pede uma nova narrativa e, de certa forma, uma transformação, esse processo tende a ser muito rico, uma vez que gera “oportunidade para o educador se reinventar, incorporar uma visão coletiva, sistêmica e complexa a todo o conhecimento já existente”.
Leia abaixo as considerações completas das duas diretoras escolares:
“Como se trata de uma projeção, há a parte mais imediata e tangível, por exemplo, já há consensos de que haverá maior incorporação de práticas digitais na vida escolar, na relação das escolas com as famílias, e mesmo na maneira de conceber os planejamentos das aulas. Além de uma maior diversificação de estratégias de aprendizagens mescladas com trabalho a distância e ação presencial para cooperação intelectual e construção de novas aprendizagens. Vejo como o tema da cidadania digital passará a ser central e estruturante nos projetos pedagógicos, pela relevância de se considerar a formação para a crítica e o discernimento no campo das ideias que circulam nos meios digitais, a necessidade de colocar as crianças e jovens produzindo virtualmente. Vejo ainda que temos de aprender algumas lições com a pandemia e colocar ao centro dos projetos a valorização da cultura científica e seu papel crucial na vida no planeta, bem como a importância de tornar estrutural em todas as etapas da escolaridade a questão da sustentabilidade socioambiental, ou seja, assumir como emergencial questões sobre como estamos cuidando do clima, de nosso planeta e de todos os seus habitantes.
“A pandemia trouxe uma transformação profunda para os professores e estudantes — o espaço de interação da escola e da aprendizagem teve que sair das restrições físicas e ganhar o espaço virtual. Apesar de muita coisa ainda levar tempo para ser absorvida por todos, as discussões de educação partirão de um novo lugar, não mais a partir da educação afastada da tecnologia, mas a partir de um repertório comum constituído, pois já foi utilizado por todos. A chance de aprofundarmos a nossa discussão sobre aprendizagem desses novos patamares pode nos ajudar a incorporar novas soluções para problemas antigos da educação. Todos estão ouvindo falar de aprendizagem ativa, de competências socioemocionais, de ensino híbrido — termos não mais tão distantes assim e que passaram a fazer parte da nossa gramática. Essa nova dinâmica de interação entre professor – estudante – tecnologia é desafiadora, mas também uma oportunidade para o educador se reinventar, incorporar uma visão coletiva, sistêmica e complexa a todo o conhecimento já existente. Imagino que teremos uma educação composta de indivíduos que tiveram que construir novos repertórios, novas conexões, novas parcerias e as nossas narrativas de aprendizagem têm chance de serem expedições mais ricas e generativas.”
Mentoria reversa e empatia nos tempos de pandemia