NOTÍCIA
Projeto de acolhimento e conexão dos estudantes também permite que a instituição da rede estadual de SP concorra na categoria Superação de Adversidades
A Escola Estadual Parque dos Sonhos, em Cubatão (SP), está no Top 10 do World’s Best School Prizes (Prêmio Melhor Escola do Mundo) e concorre à principal premiação na categoria Superação de Adversidades. O reconhecimento é da T4 Education, instituição internacional que enaltece iniciativas transformadoras nas comunidades escolares. Em 2024, a Escola Estadual Deputado Pedro Costa, localizada na capital paulista, ficou entre as três melhores unidades de ensino na categoria Colaboração com a Comunidade.
Neste ano, a Parque dos Sonhos concorre ao prêmio a partir de um projeto de acolhimento e conexão dos estudantes, que moram em uma área de vulnerabilidade em Cubatão, e que envolve a superação de episódios de violência, com foco no aprendizado, e 21 projetos complementares, como a patinação artística.
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A classificação foi anunciada em 18 de junho em uma festa organizada na unidade para alunos, professores, familiares e toda a comunidade do bairro do Jardim Nova República. A votação ao prêmio de Melhor Escola do Mundo está aberta no portal vote.worldsbestschool.org e segue até 8 de julho.
No Brasil, a escola pública de Cubatão — que atende 536 alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental — concorre à categoria Superação de Adversidades com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint-Hilaire, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Unidades de ensino na Palestina, Estados Unidos, Austrália, Argentina, Colômbia, Uganda, Paquistão e Reino Unido também concorrem ao prêmio de Melhor Escola do Mundo na mesma categoria.
O diretor Régis Marques e alunas da Escola Estadual Parque dos Sonhos durante o anúncio da premiação em 18 de junho (Foto: Seduc-SP)
“Não faço um boletim de ocorrência de invasão da escola desde 2021 e não tivemos qualquer incidente de vandalismo na escola nesses últimos anos.” A ausência do registro de casos de violência é um dos motivos de comemoração do diretor da Escola Estadual Parque dos Sonhos, professor Régis Marques Ribeiro, que guardou consigo o segredo de classificação da escola no Top 10 do World’s Best School e, agora, também concorrente à Melhor Escola do Mundo.
Ribeiro chegou à unidade de Cubatão como diretor em 2016, três anos depois de sua inauguração. “Quando cheguei, a escola era conhecida como Parque dos Pesadelos, e não Parque dos Sonhos, e tinha acabado de ter 40 de seus computadores furtados à noite. O trabalho de transformação dos últimos anos para que ela seja reconhecida pelo seu nome, seja uma escola que dá aos nossos estudantes perspectiva, criação e realização de sonhos, envolveu e envolve todos os professores, estudantes que passaram a se sentir parte do ambiente escolar e a conquista do respeito da comunidade por este espaço”, lembra.
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O diretor avisa que, na escola Parque dos Sonhos, todos os estudantes são conhecidos por seus nomes e os professores são considerados e motivados a criar projetos com os quais eles se identificam, em complemento às aulas do Currículo Paulista.
“Temos 21 projetos e nossos estudantes são reconhecidos regionalmente no vôlei, por exemplo, e internacionalmente na patinação artística. Nossa escola desenvolve ainda o projeto ‘A escola vai à sua casa’, em que nossos professores visitam as casas dos nossos estudantes em mais uma forma de nos aproximar das famílias”, inclui.
Foto: divulgação Seduc-SP
Com alunos reconhecidos por seus nomes e particularidades, números são adicionados à história da escola para comprovar como a cultura de paz e o olhar para o indivíduo impactam o dia a dia. “Tivemos um aumento de 500% no número de matrículas da nossa escola, nosso projeto de patinação artística começou com nove alunos em 2017 e, agora, são 80 patinadores. Temos incontáveis prêmios conquistados no esporte, além do desenvolvimento artístico com o teatro e dança”, conta o diretor.
Nos índices externos, o Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) dos anos finais do ensino fundamental saltou de 2,27 em 2014, para 4,5, no ano de 2024.
Rafael Henrique Santos, de 12 anos de idade, começou as aulas de patinação artística na Escola Estadual Parque dos Sonhos. A partir dali, tornou-se duas vezes campeão brasileiro em três categorias, é, atualmente, o vice-campeão da Copa do Mundo de Free Dance e conquistou uma bolsa para estudar nos Estados Unidos.
Hoje, Rafael estuda na cidade de Praia Grande para ficar mais perto dos treinos de sua equipe, mas mantém o carinho e gratidão pela escola de Cubatão. “A escola Parque dos Sonhos foi a melhor escola para mim. Na escola, aprendi a ter empatia, respeito com os outros e recebi muitos ensinamentos. Foi nessa escola que aprendi sobre a patinação artística com a professora Helena e hoje sou bicampeão brasileiro de patinação e vice-campeão do mundo”, reconhece Rafael.
Atualmente moradora do estado de Santa Catarina, diretora comercial e sócia de uma escola de idiomas, Jordana Vieira Correia Lima, de 21 anos de idade, também destaca os projetos da Escola Parque dos Sonhos.
“A escola influenciou e muito a minha transformação de vida com seus projetos, que ajudaram o meu desenvolvimento pessoal e profissional e que carrego até hoje. Eu acho que, sem os projetos da escola, eu não teria me tornado a pessoa que sou hoje. Sempre tive professores incríveis que estavam ali ao meu lado. Se eu fosse resumir a escola Parque dos Sonhos, eu diria que ela é um lugar de conforto, porque você entra de uma forma e sai totalmente diferente. Sou imensamente grata a essa escola”, analisa Jordana.
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Guilherme Guedes, de 18 anos de idade, faz uma lista das primeiras experiências que teve na escola Parque dos Sonhos. “Sou muito grato a tudo que vivi nessa escola. Fiz minha primeira peça de teatro, dirigi a minha primeira peça de teatro, fui líder de grêmio, de turma e de um clube juvenil. Fui realmente um aluno protagonista. Se eu pudesse, viveria tudo de novo, sem mudar nenhum detalhe, porque foi tudo incrível.”
Mesmo os anos de pandemia não afastaram os estudantes da aproximação e pertencimento à escola, confirma o ex-aluno Vinicius Ferreira. “Comecei a estudar na escola durante a pandemia e, apesar de um tempo difícil, quando não fomos presencialmente para a escola, eu já tinha criado amizades que se mantêm até hoje. A escola me ajudou em tantas coisas que às vezes nem consigo explicar. A minha fonética hoje é muito melhor graças à escola, o meu vocabulário é rico por causa da escola, principalmente das aulas com a professora Lourdes, e hoje trabalho como jovem aprendiz”, conta Vinicius.
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