NOTÍCIA

Políticas Públicas

Deputados aprovam mudanças no Novo Ensino Médio. Agora vai?

Com idas e vindas entre Câmara e Senado, texto segue para sanção de Lula —relator do Novo Ensino Médio no CNE avalia os próximos passos

Publicado em 11/07/2024

por Maria Eugênia

A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei do Novo Ensino Médio, nesta terça-feira, 9, por meio de uma votação simbólica. O texto já havia sido aprovado em março deste ano, porém, em julho, foi alterado no Senado, e precisou passar por uma nova análise da Câmara. Agora o Projeto de Lei segue para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O relator da Câmara, Mendonça Filho (União Brasil-PE), decidiu fazer alterações no texto, tornando o ensino da língua espanhola em escolas públicas facultativo. Mendonça ainda rejeitou o aumento da carga horária do ensino médio técnico proposto pelos senadores, alterando-a de 2,2 mil horas, para 2,1 mil horas. 

—–

Leia também

Novo ensino médio: entre oportunidades e descasos

 PNE 2014-2024: não sendo plano de Estado, fracasso era esperado

—–

Eduardo Deschamps, que foi o relator do Novo Ensino Médio no Conselho Nacional de Educação (CNE) e também faz parte do conselho editorial da revista Educação, analisa o que pode acontecer daqui em diante: 

“Em relação à lei, após a aprovação pela Câmara não há mais como serem feitas mudanças, apenas vetos por parte do presidente da República. Mas, como a versão aprovada pela Câmara é fruto de acordo entre a relatoria e o Ministério da Educação, acho difícil que haja algum veto. Entretanto, a implementação da lei depende ainda de regulamentação por parte do CNE e CEEs (Conselhos Estaduais de Educação) e, neste caso, alguns ajustes podem ser feitos desde que seja respeitado o disposto na lei”, destaca Deschamps. 

Aprovações no Senado e na Câmara

As 2,4 mil horas para as disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e 600 horas para disciplinas optativas do itinerário formativo, propostas pelos senadores, foram mantidas pelos deputados. A carga mínima anual do ensino médio também aumenta de 800 para 1.000 horas, e o acréscimo será distribuído em 200 dias letivos. 

Sobre os itinerários formativos, os alunos ainda poderão escolher as disciplinas que querem se aprofundar dentro das áreas do conhecimento previstas na BNCC: linguagens e suas tecnologias (língua portuguesa e suas literaturas, língua inglesa, artes e educação física); matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias (integrada pela biologia, física e química); e ciências humanas e sociais aplicadas (integrada pela filosofia, geografia, história e sociologia).

Novo Ensino Médio

Ajustes podem ser feitos pelos Conselhos de Educação Nacional e Estaduais “desde que seja respeitado o disposto na lei”, diz Eduardo Deschamps (Foto: Shutterstock)

Os estados deverão manter, na sede de cada um dos municípios, pelo menos uma escola da rede pública que oferte o ensino médio regular no período noturno. O ensino a distância poderá ser utilizado apenas em situações emergenciais.

De acordo com Eduardo Deschamps, o processo de revisão da reforma do ensino médio manteve o espírito da lei de 2017, mas com ajustes em relação à carga horária da formação geral básica e na definição dos itinerários, de acordo com Eduardo.  “Um dos pontos que necessitará de muita atenção a seguir diz respeito à oferta dos itinerários de formação técnica profissional, em particular para aqueles que incorporarem os cursos técnicos de 1.200 horas que só poderão ser ofertados com jornada estendida.”

—–

Leia também

Língua inglesa e técnica japonesa como meio para a cultura de paz

Qualidade das escolas de Sobral influencia faculdades locais

—–

O que esperar do Novo Ensino Médio?

Segundo com Eduardo, é possível esperar um trabalho intenso por parte do CNE e CEEs para adequar as normas nacionais e estaduais sobre o ensino médio e revisão por parte das Secretarias de Educação e dos CEEs sobre os referenciais curriculares de cada estado. Já nas escolas privadas, deverá ser realizada a revisão dos currículos. 

“Em seguida há a necessidade de formação dos docentes e da adequação das condições de oferta pelas escolas tanto públicas quanto privadas aos novos referenciais. Cabe lembrar que o MEC tem papel fundamental no processo de implementação com apoio financeiro e técnico, mas, principalmente, realizando a adequação do PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático) e do Enem. Como proposta, o novo ensino médio alinha esta etapa da educação básica brasileira às melhores práticas mundiais”, afirma Deschamps. 

“Com a aprovação da nova lei, Eduardo espera que o Brasil “deixe de lado a polêmica que marcou a implementação dos novos currículos desde 2017, e que haja um alinhamento para uma implementação efetiva dos novos currículos a fim de reduzir a incerteza de estudantes e suas famílias que estão passando ou irão passar pelo ensino médio”, finaliza. 

—–

Revista Educação: referência há 28 anos em reportagens jornalísticas e artigos exclusivos para profissionais da educação básica

—–

Escute nosso podcast:

Autor

Maria Eugênia


Leia Políticas Públicas

WhatsApp Image 2024-11-11 at 15.09.57 (1)

Charles Fadel, da OCDE: países devem apoiar docentes em um redesenho...

+ Mais Informações
Artificial,Intelligence,Jobs,,Robot,Career,,Human,Resource,(hr),,Hiring,,Recruitment

Recém-lançado, Observatório Brasileiro de IA na Educação Básica abre...

+ Mais Informações
aluno-autista

Diretrizes para educação de estudantes com autismo são aprovadas pelo...

+ Mais Informações
financiamento-educacao-unesco

Mais de 50 ministros de Educação e Finanças se reúnem no Brasil e...

+ Mais Informações

Mapa do Site