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Colunista

Damaris Silva

Mestre em letras e consultora de gestão de projetos educacionais para redes públicas e privadas de ensino

Publicado em 16/05/2024

Como vivenciar a matemática

Por meio de uma experiência sensorial e afetiva, professor impulsiona a etnomatemática ao criar para o 5º ano a Fração no Sushi

Os saberes matemáticos são essenciais para a vida: o raciocínio lógico, a resolução de problemas, o cálculo, a medição, a educação financeira, entre outros, são conhecimentos necessários para nossa participação ativa na sociedade e para enfrentar os desafios cotidianos. Além disso, a matemática estimula o pensamento crítico e a criatividade. 

Para atingir esses objetivos, diversas abordagens educacionais se dedicam à educação matemática, como a etnomatemática, que valoriza o saber matemático por meio da compreensão das relações interculturais e de como a disciplina é vivenciada em diferentes contextos culturais. Na perspectiva de uma cultura plural, a etnomatemática enfatiza os conceitos matemáticos desenvolvidos pelos alunos fora da sala de aula. 

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Nas escolas, o desafio é tornar o ensino de matemática acessível e envolvente para todos os alunos. O professor Milton Perecin, da escola municipal CEM Profª Anita Liévana Camargo em Votuporanga, SP, reconheceu essa necessidade ao perceber que o ensino de frações poderia ser mais concreto e envolvente para seus alunos do 5º ano. Assim nasceu o Projeto Fração no Sushi. 

A iniciativa partiu da vontade do professor de proporcionar um momento ‘mão na massa’ para que os alunos dominassem o conteúdo de frações de maneira mais efetiva, além de aproximar a escola e as famílias dos estudantes. Para isso, Milton colaborou com uma das famílias da sala, que possuía experiência na culinária japonesa por trabalhar em um food truck. Juntos, eles criaram uma atividade prática em que os alunos aprenderam sobre frações enquanto preparavam sushis. 

etnomatemática

Na perspectiva de uma cultura plural, a etnomatemática enfatiza os conceitos matemáticos desenvolvidos pelos alunos fora da sala de aula (Foto: Shutterstock)

Durante a execução do projeto, os alunos não apenas manipularam ingredientes e entenderam conceitos como numerador e denominador, mas também exploraram a cultura japonesa e a diferença entre a comida feita no Japão e a feita no Brasil. Após a preparação das peças de sushi, com uma lousa móvel, o professor esclarecia e ampliava o domínio conceitual sobre frações, sua aplicabilidade e técnicas.  

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Para Milton, o objetivo inicial era proporcionar aos alunos uma experiência que fosse além dos livros didáticos, de modo que vissem ‘as frações em ação’, de forma tangível. O resultado não apenas consolidou os conceitos de frações, mas também fortaleceu os laços entre a escola e as famílias. Ele define esse momento como uma oportunidade de aprendizado compartilhado, no qual a matemática foi vivenciada por meio de uma experiência sensorial e afetiva. 

O projeto Fração no Sushi é um exemplo inspirador de como a matemática pode ser ensinada de maneira envolvente e significativa. Ao unir conceitos abstratos de frações com a prática culinária japonesa, o professor Milton Perecin e todos os educadores envolvidos proporcionaram aos alunos uma experiência matemática para a vida. 

Sugestão de leitura 

Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade (ed. Autêntica), do autor Ubiratan D’ambrosio. 

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Revista Educação: referência há 28 anos em reportagens jornalísticas e artigos exclusivos para profissionais da educação básica

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