NOTÍCIA
O psicoterapeuta destaca a necessidade de os docentes entenderem a importância do projeto de vida e competências socioemocionais, temas que serão abordados em sua palestra no GEduc 2024
Publicado em 01/03/2024
O desenvolvimento de um projeto de vida e de competências socioemocionais na educação básica se tornou nos últimos anos um dos pilares para a formação pessoal e profissional dos alunos. Leo Fraiman, psicoterapeuta, escritor de mais de 20 livros e criador da metodologia OPEE (Projeto de Vida e Atitude Empreendedora), é referência nesses dois temas e fala da necessidade dessa abordagem humana estar presente dentro e fora da sala de aula.
Para o psicoterapeuta, após a pandemia e os vícios digitais, o aluno está mais cansado e fragilizado. Por isso, o primeiro passo para que a escola construa um currículo que insira o projeto de vida e as competências socioemocionais é compreender que a disciplina não é mais um acessório, um assunto que precisa ser tratado apenas dentro da sala de aula.
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“Esse é o primeiro e talvez mais importante ponto, que é o gestor escolar entender: ‘Poxa sem o projeto de vida, eu, meus alunos, meus familiares, meus profissionais somos reféns fáceis de projetos de morte,’ que são a depressão, ansiedade não tratada, autolesão, o vício em drogas, álcool, comida e telas”, analisa Leo Fraiman.
A partir disso, segundo o psicoterapeuta, o gestor começa a espalhar uma onda de persuasão, de engajamento, de motivação para os coordenadores, para os professores e, a partir desses, tocar os alunos e os familiares por meio de intervenções sistemáticas. “projeto de vida não deve ser uma aula no meio do currículo”, acrescenta.
Segundo Leo, por meio da metodologia OPEE, é possível auxiliar os docentes a inserir a disciplina de projeto de vida nas escolas.
“O nosso grande diferencial é que há 20 anos decidimos envolver a comunidade escolar, ou seja, o primeiro passo e talvez o mais importante, sensibilizar o educador, formá-lo bem, acolhê-lo e orientá-lo. Trabalhamos com uma formação teórica, prática, uma certificação e um acompanhamento ao longo do ano inteiro para verificar o andamento do trabalho e para ter aderência com padrão de excelência que a gente quer”, explica.
Sobre sua obra Pensar, sentir e agir (ed. FTD), campeã de vendas do PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático), Leo afirma que se inspirou na logoterapia, a terapia do sentido da vida, que se inspira na obra de Viktor Frankl e também na psicologia cognitiva, técnica psicoterapêutica, e por isso o livro faz sucesso entre os docentes.
“Não basta falar de problemas, não basta saber o nome de valores, não basta entender que a paz é relevante, então não basta pensar, eu preciso sentir a importância disso…Que eu entenda que ser feliz não é sobre não ser triste, é o contrário, é sobre lidar com a tristeza com sabedoria, com serenidade, humildade, com curiosidade, com criatividade. E aí vem o agir”, diz Fraiman sobre a sua obra.
Fraiman afirma que a disciplina de projeto de vida deve ser trabalhada na prática, cujos alunos possam desenvolver a empatia, respeito, responsabilidade e a compaixão por meio de amostras culturais que falem sobre empreendedorismo, rodas de conversa com os familiares sobre a educação financeira, durante visitas ao asilo, por exemplo.
“O ensino disso tudo se dá pela teoria, pelo conceito, mas fundamentalmente pela prática. Então é construir uma cultura de vivência e convivência, de trocas entre pares, de aprendizado comum, sair daquela cultura binária de certo e errado, eu sou bom, você é ruim. É realmente construir a cultura de que nós somos melhores do que cada um isoladamente. Feliz é aquele que faz feliz o mundo à sua volta, sucesso é melhorar a sociedade”, afirma.
“O que adianta o aluno saber sobre rosa dos ventos, mitocôndrias, saber sobre fissão nuclear e não saber quem ele é, como construir uma boa vida, como fazer amizades? É sobre isso”, destaca Leo sobre a importância do autoconhecimento.
Leo Fraiman ainda pontua que um projeto de vida consistente é aquele que é construído por meio de dados, fatos, evidências, passos e escrito a lápis, para que o aluno possa apagá-lo, podendo corrigir a rota. Para ele, querer ser bem-sucedido é uma boa semente, mas é preciso cultivá-la por meio de uma cultura de autoconhecimento, de autocuidado, e de conexões sociais significativas.
O psicoterapeuta falará sobre projeto de vida e competências socioemocionais: formando uma consciência para os novos tempos, em 5 de abril, às 14h, no terceiro dia do evento GEduc, realizado na cidade de SP.
Sobre a abordagem do projeto de vida na educação infantil, Fraiman destaca que a criança aprende vivendo e sentindo, e que sua metodologia ajuda a criança a ser criança, ensinando-a a se perdoar, se entender, expressar os seus sentimentos e entender os sentimentos dos outros.
“O meu método é voltado a ajudar a criança a ser criança. Desenhar, pintar, brincar, cantar, experimentar, explorar sua motricidade e suas relações. Eu poderia dizer que é uma alfabetização emocional…Entender seus sentimentos, começar a experimentar com cultivo de emoções positivas em si e ao redor de si, com a natureza, com seu animalzinho de estimação, com a sua família, com seus amiguinhos”, finaliza Leo Fraiman.
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