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Edição 285

Faculdade africana prioriza economia circular

Preocupada com a sustentabilidade e reconhecida como inovadora, a African Leadership University pretende desenvolver 3 milhões de líderes éticos e empreendedores até 2035

Publicado em 14/06/2022

por Revista Ensino Superior

A Ellen MacArthur Foundation, que mantém a African Leadership University (ALU) nas Ilhas Maurício e Ruanda, trabalha para acelerar a transição da sociedade para uma economia circular. “Desenvolvemos e promovemos a ideia de uma economia circular e trabalhamos com empresas, academia, formuladores de políticas e instituições para mobilizar soluções de sistemas em escala global.” Visa desenvolver 3 milhões de líderes éticos e empreendedores para a África e o mundo até 2035. Ela usa uma abordagem personalizada, orientada para o aluno, baseada em projetos e pautada na missão de criar aprendizes ágeis e duradouros que possam se adaptar a um mundo em mudança.


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No seu estudo sobre o futuro do ensino, os pesquisadores da Faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas de São Paulo focaram a ALU como estudo de caso, já que está em uma missão para catalisar a transformação da África. Ao preparar novas gerações de líderes éticos e empreendedores, pretendem provocar uma onda de impacto em todo o continente africano. Com uma visão totalmente inovadora, vale enfatizar que a economia circular é um modelo de produção e de consumo que envolve a partilha, o aluguel, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos existentes, enquanto possível. Desta forma, o ciclo de vida dos produtos é alargado.

A abordagem inteiramente nova permite que a ALU tenha dezenas de empresas e governos que a apoiam – do Brasil, a cidade de São Paulo é uma delas. Na prática, a economia circular implica a redução do desperdício ou dos resíduos ao mínimo. Quando um produto chega ao fim do seu ciclo de vida, os seus materiais são mantidos dentro da economia sempre que possível, podendo ser utilizados uma e outra vez, o que permite assim criar mais valor.

Além de ser um estudo de caso na publicação Uncharted Territory – Stanford 2025, a ALU foi eleita em 2019 a empresa mais inovadora do continente africano e está na 39ª posição dentre as empresas mais inovadoras do mundo.

O estudo da FGV-SP informa que o campus físico tem vagas para 250 estudantes ao mesmo tempo. Assim, para várias disciplinas, os estudantes assistem a aulas de outras universidades, no formato online. Ao final da graduação, há ainda previsão de um estágio em forma de intercâmbio de 12 meses.

Para proporcionar integração com a comunidade local, na graduação os estudantes escolhem missões para seguir durante seu curso relacionadas ao desenvolvimento do continente africano. Segundo o site da instituição, além de trazer melhorias concretas para a comunidade, isso permite que os estudantes já pensem e criem oportunidades de trabalho para eles mesmos.

A ideia de missão a ser seguida está baseada na cidadania, uma vez que a missão visa promover o desenvolvimento sustentável no continente africano.

Alunos participam de bate-papo no campus
Foto: Pelumi Obanure

Democratização

Em relação à contratação de pessoas, a ALU entende que não é necessário produzir novos conteúdos no mundo, uma vez que todos já foram produzidos. A posição institucional é de contratar pessoas que organizem estes conteúdos, mais do que pessoas que os produzam. Portanto, a ALU contrata especialistas em aprendizagem que fazem uma curadoria de experiências educacionais e mentores, tutores, que possam apoiar os projetos dos estudantes. A instituição prefere contratar pessoas que demonstram habilidades em determinadas funções, ao invés de focar a qualificação formal.


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A universidade é de baixo custo e com um modelo de financiamento flexível. Isso se dá devido ao seu modelo de negócio democrático, que prevê acordos de participação nos lucros com os estudantes, fazendo com que paguem menos no início por sua educação, combinado com o “pay-it-forward”, no qual eles quitam seus estudos de volta aos investidores depois que encontram um emprego.

Recursos educacionais acessíveis: a ALX é uma plataforma e comunidade que oferece cursos ainda mais baratos do que a graduação. Esta plataforma tem um modelo de ensino para a vida toda, voltada para o desenvolvimento de liderança, sendo acessada por pessoas em todo o continente africano. Há cursos de 6 meses de duração que podem ser feitos por graduandos ou trabalhadores que querem ascender na carreira e aumentar sua empregabilidade, contando com um modelo de financiamento que permite uma maior acessibilidade.

Com foco na aprendizagem ao longo da vida, a ideia é formar líderes em qualquer momento. Inclusive, há programas voltados para pessoas que trabalham e querem se atualizar na carreira. Com formação integral e transdisciplinar, a instituição tem a missão de formar estudantes ágeis e focados em resolver problemas, que, se graduando em Global Challenges ou Entrepreneurial Leadership, a IES entende que este modelo faz com que eles se adaptem melhor ao mundo no qual a inteligência artificial e automação estão em alta.

Personalização e flexibilidade: cada um escolhe sua própria missão para seguir durante a graduação e vai fazendo disciplinas e projetos baseados nela.

Protagonismo e cocriação: a instituição utiliza o Innovative Learning Model, baseado em descoberta, individualidade, aprendizagem com os pares e facilitação da aprendizagem em grupo. Somente 10% da aprendizagem dos estudantes acontece na sala de aula, 20% com os pares e mentores. Todo o restante da experiên­cia se dá em estágios e projetos reais, o que permite que construam uma rede de contatos profissionais. A faculdade age como um guia, e considera a experiência dos estudantes, por meio de um tutor que trabalha individualmente com cada um.

Como cada aluno na ALU tem mentores/tutores que os guiam e apoiam nos projetos, o contato é bem próximo. Durante a pandemia a IES garantiu, por reuniões virtuais, que alunos e tutores estivessem conectados. Além das medidas de isolamento e aulas online, a universidade tem fornecido apoio à saúde a todos os membros da comunidade acadêmica.

A ALU utiliza a tecnologia existente ao seu favor, não investe na construção de bibliotecas ou cursos novos, mas aproveita aqueles que estão disponíveis online com plataformas como Coursera, edX e Udacity. Durante a pandemia usaram a plataforma Canvas para integrar plataformas e recursos educacionais existentes.

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