ARTIGO

Olhar pedagógico

Avaliação diversa ganha força e escola inclui até autoavaliação

Colégio Santa Maria, localizado na capital paulista, amplia processo avaliativo: nota da prova vale, mas não é único fator

Publicado em 24/06/2021

por Redação revista Educação

Quando se fala em avaliar um aluno, o que vem à mente é uma prova dissertativa ou de múltipla escolha, que sempre foi o “termômetro” do conhecimento adquirido pelo estudante, mas nos tempos atuais são diversas as possibilidades de diagnóstico da aprendizagem. A nota que ele consegue numa prova recheada de exercícios e perguntas é o que de fato “mede” suas habilidades e competências?

Leia: Chico Soares: pandemia expõe as fragilidades do nosso sistema de avaliação

“A prova tem seu papel, mas é só mais um instrumento avaliativo. É importante que as estratégias e os instrumentos de avaliação sejam diversificados”, diz a orientadora pedagógica do 8º ano do Colégio Santa Maria, em SP, Maria Cristina Forti. Mais do que um fim, as avaliações devem servir de orientação a novos caminhos no percurso da aprendizagem. “Os processos avaliativos, como processos pedagógicos, são muito importantes para efeito de diagnóstico das aprendizagens e replanejamento das atividades pelos professores e alunos”, explica a educadora.

avaliação diversa

Aluna do Santa Maria (foto: reprodução Facebook)

Mais possibilidades, mais acolhimento

Na prática, para que o aluno desenvolva habilidades, essa avaliação diversa entra por meio de grupos de pesquisa, produções variadas como desenho, pintura, performances, seminários, além de passar pelo processo de autoavaliação, momento em que se questiona no que pode melhorar.

A somatória da participação e desempenho do estudante em todas essas avaliações, incluindo as provas, resulta em um conceito (A/B/C/D/E) para cada componente curricular ao final do bimestre. A diferença é que nem sempre a nota baixa na avaliação formal define o resultado do aluno ao final do bimestre.

Para o professor de língua portuguesa do 8º ano, Tiago Fernandes de Souza, diversos fatores, que vão desde a ansiedade na prova até o nervosismo pelo tempo cronometrado para concluir os exercícios, podem fazer com que um aluno não consiga uma boa nota, o que não quer dizer que não tenha evoluído em suas aprendizagens. “No conjunto, não posso desconsiderar nem deixar de evidenciar o potencial deste aluno”, afirma.

Ser humano diverso, avaliação diversa

Exemplo típico é o de Carolina Muniz. Reconhecidamente participativa, a estudante não vai tão bem nas provas. “Fico muito nervosa, sinto medo de ir mal, mesmo quando estou segura, não sei explicar o que acontece”, revela. “A participação em grupo me deixa mais calma.” A mãe, Elizabeth Muniz, conta que em uma das aulas online, a filha propôs ao professor gravar um vídeo para explicar um dos conteúdos que havia aprendido porque se sentiu mais à vontade. “O professor Tiago aceitou a proposta e deu certo. Ela é tímida para se expor nas lives, por isso teve essa ideia. Acho bacana essa flexibilidade dele”, diz a mãe da estudante, que também é professora.

“Aos poucos, os alunos têm percebido que importa mais a sua postura de estudante, de investigação, de busca pela melhoria na atuação do que ter conceito ou nota satisfatórios nos produtos finais. Nesse sentido, tem ocorrido uma melhora na compreensão, por parte dos alunos, de que um processo de aprendizagem bem feito, consequentemente, resultará em bom desempenho. Assim, vai se constituindo um processo de aprendizagem mais fluido e reflexivo e menos pragmático, somente para obter nota”, ressalta a orientadora pedagógica Maria Cristina Forti.

 

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Redação revista Educação


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