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Liderada por Mozart Ramos, Cátedra Sérgio Henrique Ferreira lança plataforma gratuita que unifica dados educacionais para apoiar formuladores de políticas públicas a trabalharem com diagnósticos mais claros e eficazes e estimula ainda a colaboração entre redes
Em um cenário brasileiro já sombrio e aprofundado pela crise pandêmica, políticas públicas baseadas em evidências, em dados, são ainda mais fundamentais para a construção de projetos de qualidade e eficácia. E é com o intuito de apoiar gestores educacionais e suas equipes que foi lançado em 31 de maio o QEdu Gestão, uma plataforma gratuita que fornece dados educacionais como os do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), Censo Escolar, desempenho entre escolas e/ou redes, perfil docente, infraestrutura, dentre outras informações.
Desenvolvida pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) a pedido da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, pertencente ao Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP), a plataforma permite acrescentar avaliações próprias e também tem como apoiadores a Fundação Lemann e a B3 Social. Entre seus principais objetivos está o de apresentar de forma simples e rápida boas práticas que possam servir de exemplos e inspirações para os gestores (clique aqui para acessar a ferramenta da cátedra e clique aqui para o acesso geral).
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O QEdu Gestão fornece dados das cidades médias brasileiras – aquelas que possuem de 100 a 500 mil habitantes, de acordo com o Censo 2010 – e que são o foco dos estudos da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, liderada por Mozart Neves Ramos. “Temos que começar cada vez mais a trabalhar com pesquisas, evidências, e não achismos”, enfatiza Ramos, que tem uma trajetória educacional pautada em experiências tanto pelo lado político quanto acadêmico, uma vez que é membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), já foi reitor da Universidade Federal de Pernambuco e secretário de Educação do mesmo estado.
“Tomada de decisão demanda dados. A gente precisa de informação para orientar nossa ação, senão o investimento não será efetivo e será colocado, por exemplo, em escola que não precisa”, complementa Ernesto Martins, diretor executivo do Iede e especialista em cálculos e análises de indicadores educacionais, já tendo passado pela Fundação Lemann, Insper e Todos pela Educação.
Martins critica que, de maneira geral, quando há divulgação de dados (como o Saeb), o nível de discussão é baixo, sem aprofundamento e dura poucos dias. Para ele, é preciso um olhar mais a fundo, cruzar informações, tentar entender o contexto das escolas ou redes que vão bem e as dificuldades de quem vai mal.
A nova ferramenta dá mais subsídios ao gestor, dirigente e coordenador para organizarem seus trabalhos, enxerga Luiz Miguel Martins, presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) e secretário de Educação de Sud Mennucci, SP. “Baixos índices de aprendizagem vão exigir determinadas ações e essa plataforma permite enxergar dentro de um território, de uma cidade de médio porte, quais as escolas e até bairros que apresentam determinadas características e com isso possibilitar a promoção de atividades de formação, ações para equipar, ações específicas”, acredita.
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A saber, Mozart Ramos e Luiz Miguel enxergam as cidades médias como espaços que irradiam suas ações para seus entornos, no caso, para as cidades pequenas que costumam ter menos recursos, menos profissionais e equipe técnica reduzida. Com cerca de 210 mil habitantes, segundo o IBGE, Sobral, localizada no Ceará, é uma dessas cidades que acaba apoiando as demais, exemplifica Ramos. O titular da cátedra da USP também afirma que fragmentar e verificar o que está acontecendo em cada uma das mais de 5.570 cidades brasileiras tende a ser um processo demorado.
“Mas se tivermos cidades referências para irradiar, o processo será mais rápido. O Brasil precisa melhorar sua gestão, ainda mais com a pandemia”, alerta Neves Ramos.
Ramos também defende regimes de colaboração entre escolas e redes diferentes. Para ele, essas parcerias devem ser vistas como territórios colaborativos, não se limitando a apenas uma localidade.
Em seu nono ano como secretária de Educação municipal, sendo oito à frente da educação de Atibaia e agora de Mariporã, ambas localizadas em SP, Márcia Bernardes, que é presidente da Undime SP, também sabe da importância da análise de dados, como os de aprendizagem, principalmente no planejamento de políticas públicas e do impacto de experiências positivas das cidades médias quando repassadas para as menores.
Já sobre a visão de território, Bernardes diz: “com o QEdu Gestão você não olha só dados do município, mas consegue olhar para a educação como território e mostrar que educação é responsabilidade de todos. É comum dizer que ensino infantil é do município e ensino médio do estado. Só que pelos dados da plataforma conseguimos visualizar a educação em todos os níveis e ter um raio-X do território e da cidade e não olhar apenas para um ponto”.
Mozart Ramos incentiva o regime de colaboração por enxergar nas parcerias maiores chances de implantação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e até melhores resultados na formação de professores.
Aliás, uma das propostas da Undime, segundo o presidente Luiz Miguel Martins, é o de fortalecer ações colaborativas por meio de polos que incentivam municípios a se apoiarem. “Estamos com um projeto piloto em meu município cujo objetivo é colocar municípios com características comuns para viabilizarem ações, o que inclui compras em grande escala para diminuir custos e até contratação de professores”, conta.
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