Campanhas políticas, terminais de autoatendimento, redes sociais, telas em meios de transporte: estamos cada vez mais cercados por imagens, e as imagens pautam boa parte da nossa percepção de mundo. Quando tudo isso começou?
A revolução digital, na virada do século 20 para o 21, acelerou o processo, mas é recomendável conhecer o período histórico chamado de “pré-cinema”, assim batizado por pesquisadores de audiovisual, para notar que as sementes do atual cenário já estavam na pré-história da era das imagens.
Livro fala sobre a história da fotografia (foto: divulgação)
No livro
Entre pássaros e cavalos – Marey, Muybridge e o pré-cinema (Sesi-SP, 256 págs.), o videoartista e professor Raimo Benedetti empreende uma jornada por esse período de descoberta, ainda no século 19. As trajetórias paralelas de dois homens que nasceram e morreram nos mesmos anos (1830 e 1904), o fisiologista francês Étienne-Jules Marey e o fotógrafo inglês Eadweard Muybridge, servem de moldura para a reconstituição da aventura que, a partir da fotografia, levou ao cinema.
Marey e Muybridge se conheceram aos 51 anos de idade. Antes do encontro, já haviam se destacado com pesquisas inovadoras sobre o uso da fotografia. Depois, com base na troca de experiências, pisaram fundo no acelerador.
Quando cada um de nós usa hoje o celular para tirar uma foto ou gravar um vídeo e postar esse material em redes sociais, às vezes usando como modelos pássaros e cavalos, animais que inspiraram a busca pela tecnologia capaz de chegar à imagem em movimento, poderia muito bem usar as hashtags #marey e #muybridge. São os bisavôs da nossa era.
Leia também:
Cineasta iraniano aborda distâncias entre classes sociais