NOTÍCIA
Diretora pedagógica de escola localizada no Rio Grande do Sul fala da importância do coletivo na liderança escolar e mudanças da função, que exige conhecimentos específicos
A trajetória de Joseane do Canto no Instituto Divina Providência, escola que atende da pré-escola ao ensino médio e está localizada em Capão da Canoa (RS), teve início ainda como aluna. Profissionalmente, a história se iniciou na década de 1990, quando ela estava terminando a faculdade de Pedagogia — o primeiro cargo foi na biblioteca, que ela classifica como “um ótimo laboratório” devido ao contato que teve com alunos e professores. Hoje diretora pedagógica da instituição — cargo que ocupa há quase cinco anos —, Joseane destaca uma palavra como ponto fundamental quando o assunto é gestão escolar, área na qual acumula experiência de mais de 20 anos: colaboração. “Nosso trabalho é extremamente coletivo. É um trabalho participativo”, resume a gestora.
As decisões são feitas pela equipe diretiva — composta por ela, o diretor-geral (o Pe. Edenilso de Costa), as responsáveis pelos setores financeiro e de recursos humanos, e a orientadora da escola — e com os professores. O planejamento anual, por exemplo, conta com a participação dos docentes, o que inclui atividades, projetos e eventos. Assim, segundo a diretora, promove-se o envolvimento de todos nas questões que são importantes para a instituição, como o currículo, por exemplo.
No caso da equipe diretiva, há reuniões semanais, em dia e horário fixos. “Ali são estruturadas todas as demandas, não apenas o ‘apagar incêndio’”, afirma a diretora. Os encontros buscam também olhar para o futuro e as necessidades dos alunos. Ainda em relação à colaboração, Joseane afirma que há uma política de atendimentos coletivos às famílias — em vez de apenas um profissional fazê-lo.

Professores e funcionários vivenciam saídas em campo e viagens (Foto: @juuliadocanto)
Num mundo que passa por uma série de mudanças, cada vez mais velozes, o papel do gestor também se amplia. “Hoje entendemos que ser um gestor vai muito além de assuntos burocráticos ou administrativos. É um envolvimento com uma visão de futuro, tendo esse olhar atento e constante, com estudo, sobre as tendências do mercado, da necessidade que o ser humano tem e precisa ser atendida”, afirma Joseane.
Para a gestora, há também uma transformação no papel da escola. “Com o passar do tempo, o campo de atuação da escola também passou a ser um pouco mais amplo, não se limitando apenas à construção do conhecimento junto aos alunos, mas também com a orientação para a vida. Como, por exemplo, com reflexões sobre projeto de vida, sobre visão de futuro”, analisa. Em relação à visão de futuro, ela destaca algo que tem sido objeto de muitos debates na educação atualmente: a preparação do aluno para um mundo do trabalho em constante transformação, em que profissões podem se modificar — com algumas perdendo espaço e outras novas surgindo.
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Os desafios da gestão escolar e a importância do diálogo com as famílias
Visão humanizada na gestão escolar
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No meio disso tudo, Joseane ressalta que é preciso que o gestor tenha conhecimentos específicos para o cargo — citando, por exemplo, o pedagogo que se torna gestor, e pontuando que há demandas distintas no cargo de gestão. “Há necessidade de um conhecimento específico a respeito de uma estrutura empresarial, de uma organização corporativa, de aspectos pontuais de recursos humanos, de organização institucional, de impacto social que a instituição tem e precisa ter de acordo com a necessidade e a demanda local. Essa visão mais ampla de ter o olhar voltado para aquilo que a sociedade está vivendo no momento e para o qual está se encaminhando em termos de futuro”, reflete.

Professores e professoras do turno da manhã (Foto: Reprodução/Facebook Instituto Divina Providência)
Para que haja colaboração e participação, também é preciso haver escuta. De acordo com a diretora, no Divina Providência, há esse cuidado para compreender, por exemplo, a experiência dos docentes. “Buscamos, com frequência, essa escuta, esse olhar voltado para aquilo que está acontecendo no nosso dia a dia para ajustar a rota. Como estão os professores, como eles estão se sentindo dentro da instituição, o que nós podemos fazer para qualificar ainda mais o trabalho, para que eles se sintam mais acolhidos, sejam mais produtivos, se sintam realizados fazendo aquilo que eles estão fazendo e, dessa forma, o trabalho seja mais eficiente com o nosso aluno e com as famílias”, explica Joseane.
Há também um olhar mais amplo para todos os funcionários — algo que está ligado à própria história do Instituto Divina Providência, hoje com 1.805 alunos. “Para o nosso fundador, São Luís Guanella, a escola é um ambiente educativo desde o momento em que o aluno chega à portaria. Então, todos contribuem para a educação do aluno. Com base nisso é que a gente está sempre buscando fortalecer a identidade, a missão, a visão, trabalhando os nossos valores, não só como um papel que está fixado ali num quadro nas salas, mas também fazendo realmente parte do nosso trabalho”, explica. Há ainda experiências semestrais para professores e funcionários, incluindo saídas de campo e viagens. Além do entrosamento da equipe, também há espaço para reflexões pedagógicas.
Por fim, a diretora afirma que também é papel da gestão escolar promover “ações que possam conectar a escola que temos hoje com a escola que queremos viver a cada dia”.
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