NOTÍCIA
De Bertha Lutz a Jaqueline Goes de Jesus e Sônia Guimarães: a importância de abrir caminhos para as próximas gerações
Por Ana Carvalho, professora de ciência de dados da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio | A ciência é um motor de progresso e inovação, mas, por séculos, as mulheres cientistas foram deixadas à margem desse campo. Muitas tiveram seus trabalhos ignorados, enfrentaram preconceitos e precisaram lutar para conquistar espaços que, por direito, sempre deveriam ter sido seus. Ainda assim, resistiram e fizeram história.
No Brasil, não foi diferente. Mulheres incríveis desafiaram as barreiras impostas pelo machismo e transformaram a ciência nacional e mundial. Hoje, reconhecer essas trajetórias e incentivar novas gerações a seguirem esse caminho é essencial para um futuro mais justo e inovador.
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Bióloga, pesquisadora e ativista, Bertha Lutz foi uma das primeiras cientistas brasileiras a lutar pelo direito das mulheres à educação e ao trabalho científico. No início do século 20, quando a presença feminina na ciência era quase inexistente, ela ingressou no Museu Nacional e se tornou referência em estudos sobre anfíbios. Além de suas contribuições científicas, Bertha batalhou pelo sufrágio feminino no Brasil e pela igualdade de gênero na academia. Graças a mulheres como ela, hoje temos mais oportunidades de atuar e ser reconhecidas na ciência.
A biomédica Jaqueline Goes de Jesus fez história ao liderar a equipe que sequenciou o genoma do coronavírus em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil. Esse feito foi fundamental para entender a propagação do vírus e auxiliar no desenvolvimento de vacinas e tratamentos. Como mulher negra na ciência, Jaqueline enfrentou desafios adicionais para conquistar espaço, mas sua dedicação e competência a transformaram em referência na pesquisa genômica e na luta por mais diversidade na ciência brasileira.
A física Sônia Guimarães quebrou barreiras ao se tornar a primeira mulher negra brasileira a obter um doutorado na área. Sua trajetória foi marcada por desafios, desde a falta de representatividade até o preconceito racial e de gênero. No entanto, sua determinação a levou a se tornar professora no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), uma das instituições mais prestigiadas do país. Além de seu trabalho acadêmico, Sônia é uma voz ativa na luta por mais inclusão de mulheres negras na ciência, incentivando novas gerações a seguirem esse caminho.
Além de seu trabalho acadêmico, Sônia Guimarães é uma voz ativa na luta por mais inclusão de mulheres negras na ciência (Foto: arquivo pessoal)
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Apesar dos avanços, mulheres ainda enfrentam desafios para se consolidar na ciência. A desigualdade salarial, a falta de representatividade em cargos de liderança e o preconceito institucional são barreiras que persistem. No entanto, cada vez mais iniciativas buscam mudar essa realidade, com programas de incentivo, bolsas de estudo e redes de mentoria que ajudam a abrir portas para futuras cientistas.
A ciência precisa de mulheres. A diversidade de perspectivas gera soluções mais inovadoras e eficazes para os desafios do mundo. Cada pesquisadora, engenheira, programadora e professora que segue sua vocação está pavimentando um caminho para as próximas gerações.
Se você é uma mulher apaixonada por descobrir, criar e transformar, saiba que há espaço para você na ciência. As histórias de Bertha Lutz, Jaqueline Goes de Jesus e Sônia Guimarães mostram que, apesar das dificuldades, é possível vencer e deixar um legado. O conhecimento não tem gênero, mas o impacto das mulheres na ciência tem o poder de mudar o mundo.
A jornada pode ter obstáculos, mas não precisa ser solitária. Há uma rede de mulheres cientistas que já abriram caminho e que continuam lutando para que mais meninas e mulheres possam trilhar essa estrada. Se a ciência é sua paixão, vá em frente. O futuro está sendo construído agora, e ele será mais brilhante com mais mulheres liderando descobertas e transformações.
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