A cidade do Recife, PE, foi palco na última semana, 4 e 5, da Jornada Bett Nordeste 2024, versão itinerante da Bett Brasil, com correalização do Sinepe-PE (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco). Nos dois dias, o encontro recebeu dois mil participantes entre representantes de governo, gestores, professores, especialistas, provedores de soluções e mantenedores de instituições de ensino.

“Essa edição da Jornada Bett Nordeste em Recife foi incrível. O evento tem crescido a cada ano, sempre alinhado à nossa estratégia de oferecer cada vez mais conteúdos relevantes, oportunidades de networking, além da chance de conhecer novos produtos e soluções para o mercado de educação”, afirmou a diretora-geral da Bett Brasil, Claudia Valério. Ela ainda acrescentou: “O propósito da Bett Brasil é conectar pessoas e promover um ambiente que favoreça o diálogo, a troca de experiências e a prospecção de negócios”, concluiu.

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Esta edição foi pautada por diálogos sobre duas temáticas atuais da educação básica: inteligência artificial (IA) e inteligência emocional (IE). O debate girou em torno sobre o que devemos aprender com essas duas ‘linguagens’ com o foco na necessidade de integrar a IA de forma intencional e significativa no cotidiano das escolas e a importância do desenvolvimento de habilidades socioemocionais.

“A Jornada Bett Nordeste trouxe temas essenciais para o cenário atual da educação. De um lado, temos a inteligência artificial, que levanta mais perguntas do que traz respostas; do outro, a inteligência socioemocional, que nos lembra da importância de focar no ser humano e em como vamos lidar com essas transformações,” afirmou a diretora de conteúdo da Bett Brasil, Adriana Martinelli. “Os painéis de debate aconteceram com formatos variados e muita interação entre a plateia e os palestrantes. Foi um momento riquíssimo, onde todos puderam refletir, debater e levar insights práticos para aplicar em suas escolas”, frisou Adriana.

Ela também ressaltou que a jornada ofereceu uma oportunidade de articulação entre os diferentes atores do setor educacional. “Os problemas da educação são complexos, e não serão resolvidos por uma única pessoa ou instituição. O evento cria um espaço para que professores, gestores, coordenadores, mantenedores e empresários do mercado possam se conectar e dialogar. A partir desse encontro, podemos começar a construir caminhos mais produtivos e satisfatórios, garantindo uma aprendizagem de qualidade com equidade”, comentou Adriana.

Inteligência artificial

Com a temática “IA e IE na educação: o que devemos aprender?”, o evento itinerante promoveu mais de 16 horas de conteúdo com palestras e painéis de debate que contaram com a presença de mais de 50 palestrantes convidados.

Na abertura da Jornada Bett Nordeste, o secretário de educação do Recife, Fred Amancio, destacou a importância do evento conectar as temáticas da IA e IE. “Esses são provavelmente os dois temas que mais trazem novidades para o nosso ambiente educacional”, afirmou. Ele explicou que, enquanto a tecnologia e a inteligência artificial estão revolucionando a educação, o debate sobre inteligência emocional, embora não seja novo, continua a ganhar relevância, especialmente em relação ao desenvolvimento das competências socioemocionais dos estudantes.

Sobre o que devemos aprender no tema de IA, o coordenador de ciência e inovação da Proz Educação e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luciano Meira, destacou que o primeiro ponto primordial ao implementar qualquer tipo de tecnologia é considerar os professores e os gestores escolares no centro do processo das decisões institucionais, garantindo que tudo faça sentido no contexto local. Outro ponto é a valorização do papel do professor, com a IA vista como uma ferramenta que se integra às atividades docentes, não apenas para complementar, mas para expandir as possibilidades de ensino.

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O professor reforçou que o momento atual exige mais experimentação e diálogo em relação às tecnologias digitais na educação. “Ainda sabemos muito pouco sobre o impacto da IA, e estamos apenas começando a explorar essas possibilidades. Estamos longe de uma transformação digital efetiva nas escolas, e é essencial que esse processo seja acompanhado de mais experimentação”, afirmou.

Ainda sobre IA, a sócia Opice Blum Advogados, Alessandra Borelli Vieira, falou sobre os desafios éticos da tecnologia. Ela enfatizou que as instituições e as empresas devem ser transparentes quanto à coleta, processamento e uso dos dados dos alunos. Além disso, a implementação de medidas rigorosas de segurança para proteger as informações dos alunos contra vazamentos e ataques é um passo imprescindível. “A escolha de ferramentas de IA deve considerar a capacidade dessas tecnologias de manter os dados protegidos”, acrescentou.

Alessandra também ressaltou que a IA deve servir para complementar, e não substituir, o papel do professor. “É importante refletir sobre o impacto da IA nas decisões pedagógicas e garantir que a autonomia do professor seja preservada”, afirmou. Alessandra sublinhou a necessidade das escolas não apenas protegerem os dados dos alunos, mas também ensinarem o uso ético e responsável das ferramentas de IA. “É fundamental promover o desenvolvimento de habilidades digitais críticas e conscientes entre os estudantes”, concluiu.

Inteligência emocional

Já sobre a temática de inteligência emocional, o psicólogo e professor Rossandro Klinjey, embaixador e co-fundador do Educa, reforçou que a escola é um espaço para o desenvolver as competências socioemocionais, não apenas o lado cognitivo. “Isso inclui o autoamor, que considero a competência central do indivíduo, como se fosse o sistema operacional da alma. Com o autoamor, você desenvolve todas as outras competências; sem ele, fica difícil estabelecer o que é mais importante para você”, afirmou.

Ele destacou que, ao fortalecer o autoamor e a autoestima, os estudantes conseguem lidar melhor com situações desafiadoras. “Quando você trabalha essas competências, sabe pedir ajuda, estabelecer limites e evitar relações tóxicas que podem levar ao bullying, por exemplo. Essa blindagem emocional é uma proteção contra muitas questões”, disse. Segundo Klinjey, há uma crescente conscientização sobre a importância de trabalhar o interior das pessoas. Ele ponderou que vivemos uma experiência coletiva a partir do nosso filtro pessoal e, esse filtro, muitas vezes, está distorcido pela falta de amor-próprio e compreensão de si mesmo, o que compromete a forma como nos entregamos ao mundo.

Área de Exposição da Jornada Bett Nordeste

A Jornada Bett Nordeste apresentou uma área de exposição, onde diversos players do mercado de educação apresentaram novidades e lançamentos em soluções, produtos e serviços. Os expositores desta edição do evento ressaltaram a importância de trazer a Bett Brasil para a região Nordeste.

“É muito importante estarmos presentes aqui, especialmente porque também participamos do evento em São Paulo, e muitas vezes, o público do Nordeste não consegue ir até a capital paulista para a Bett Brasil anual,” afirmou o Chairman da edtech Realms IP.TV, Eduardo Giraldez. Ele ainda destacou a diversidade do público como um dos pontos mais positivos. “É interessante ver tantos perfis diferentes. Essa diversidade é fundamental para que possamos levar nossa mensagem de forma mais ampla”.

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Outra edtech brasileira que esteve no evento foi a Árvore, uma plataforma gamificada de aprendizagem. “Para a Árvore é sempre um enorme prazer participar de eventos no Nordeste porque temos muitas escolas parceiras na região”, disse Marcella Eloi, head de aquisição da Árvore. Ela também destacou a abertura ao diálogo encontrada no Nordeste. “O público está sempre disposto a conhecer, descobrir e dialogar. O Nordeste é onde mais encontramos essa abertura para falar sobre educação. Em eventos, costumamos perguntar: ‘Você conhece a Árvore?’ E aqui, as pessoas sempre respondem que sim. Quando mostramos como a Árvore cresceu, todos estão interessados em saber mais, e essa troca é fundamental”, comentou.

O consultor pedagógico da International School, Moisés Assis, falou sobre o objetivo da marca em democratizar o ensino bilíngue no país. “É extremamente relevante estar em contato com diferentes perfis, de escolas públicas e privadas, profissionais que vivem a educação no dia a dia e compreendem as demandas das salas de aulas”, disse Assis.

Assis ressaltou ainda a necessidade de manter um diálogo com as escolas, com a intenção de entender as dores das instituições, o que elas estão buscando e que tipo de inovação faz sentido para as suas diferentes realidades. “Tem sido muito enriquecedor conversar com o público da Jornada. A possibilidade de interagir com diferentes perfis no evento é essencial para expandir nossa marca e valores”, finalizou o consultor pedagógico.

Visitas guiadas a instituições de ensino no Recife

Uma nova iniciativa da Jornada Bett Nordeste 2024 foram as visitas técnicas guiadas às instituições de ensino de Recife para os participantes do evento. Na última quarta-feira, 4, a visita foi à escola Vila Aprendiz, dedicada à educação infantil, e na quinta-feira, 5, ao Porto Digital, um dos principais parques tecnológicos e ambientes de inovação do Brasil.

“A visita técnica é uma ótima oportunidade de trocas. Pudemos mostrar nossos projetos acontecendo na prática, e ainda constatar que, assim como fomos inspirados ao longo desses 15 anos, também podemos ser inspiração para transformar a escola que dá respostas na escola que promove uma educação investigadora”, comentou a diretora da Escola Vila Aprendiz, Paula Carneiro Leão.

Para o representante do Porto Digital e responsável pela condução da visita técnica, Henrique Steinberg, a experiência com o público da Jornada Bett Nordeste no Porto Digital mostrou a importância das conexões no universo da educação. “As conexões reduzem o tempo para que as coisas aconteçam, catalisam resultados e multiplicam o que há de bom. Isso é o que faz as experiências positivas se multiplicarem e as negativas serem evitadas. No Porto Digital é exatamente isso que seguimos, ampliando os valores dos nossos fundadores e aplicando-os no nosso trabalho”.

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