NOTÍCIA
Em um mundo cada vez mais atribulado, as pessoas não conseguem ter tempo para olharem para si e para o outro, gerando diversos problemas. Klinjey traz algumas orientações sobre tais situações e aborda também se antes do suicídio há sinais
O psicólogo e professor Rossandro Klinjey refletiu sobre Como saber como está minha autoestima ? hoje, 5, no último dia da Jornada Bett Nordeste, organizada pela Bett Brasil*, e que acontece no Recife Expo Center, PE. De início já destacou a importância de as pessoas acreditarem em si: “O que você fez e tem feito para saber o seu lugar no mundo? Para chegar onde quer, você sabe onde está?”, indagou.
Rossandro, que também é especializado em saúde mental e desenvolvimento humano, contou que ao atender uma pessoa, o que ele busca é que ela passe a se enxergar como é.
“As pessoas têm dificuldade de acreditarem em si mesmas. Poucas conseguem ter uma visão clara de si”, explicou Rossandro Klinjey.
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Segundo o psicólogo, ao exercitar o amor próprio, o indivíduo evita a carência e, consequentemente, tende a se afastar de ambientes e relacionamentos tóxicos. “Quando temos baixa autoestima, geralmente, nos preocupamos com a opinião dos outros. A importância que damos para o mundo lá fora é o que nos fragiliza. Nisso, não conseguimos expressar a potência que temos.”
Nesse processo de baixa autoestima, o corpo acaba sentindo, acaba somatizando. Claro que não é fácil. Mas ele orienta que é preciso tomar uma decisão.
“Quando o psiquismo adoece o corpo? Quando você está em situação de opressão e não quer sair por medo e humilhação, e o seu corpo toma a decisão por você e aí vem a gastrite, a insônia, etc.”, alertou Rossandro.
O perdão, segundo o psicólogo, é fundamental. “Não adianta sair da relação e levar o ódio. Tem que ter perdão. Mas, nem sempre sair de uma relação difícil é o caminho. Às vezes é necessário se impor.”
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Outro tema abordado durante a conversa com os participantes da Jornada Bett Nordeste foi o suicídio entre jovens e adultos. Rossandro contou o caso de uma mãe que o encontrou no aeroporto e relatou que seu filho se suicidou. Ela não notou sinais, sendo uma surpresa o ocorrido. Klinjey perguntou se a mãe mexia nas gavetas do quarto do filho e no celular, por exemplo. A mãe disse que não devido ao respeito à privacidade do adolescente. Ele, então, pediu para ela ver o Instagram do menino, saber quem ele seguia, mexer no quarto do filho, o qual ela ainda não havia tocado desde o ocorrido, saber as séries que ele assistia e quais personagens ele se identificava, além de conversar com seus dois filhos e colegas do menino. E, só depois era para mandar um e-mail para ele — já que Rossandro não atende mais em consultório.
“A mãe me respondeu. Eu sabia que viria carga de dor. Ela disse que fez o que pedi e que descobriu que há mais de um ano e meio ele dava sinais de que queria se matar e me questionou: ‘estou me sentindo culpada. Era o que você queria?’. Eu respondi apenas com um ‘sim’. Ela me indagou o motivo e eu escrevi: ‘porque agora você já sabe o que fazer com os seus outros dois filhos’”. Para ele, esse papo de família moderna que ‘respeita’ a privacidade do filho é perigoso e deve existir limite.
“As pessoas dão sinais. Mas não vemos porque não nos observamos, muito menos observamos o outro. Não nos olhamos mais, não nos tocamos mais. As pessoas estão abandonando a si mesmas e abandonando o outro.”
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