NOTÍCIA
Mozart foi relator da Base Nacional Comum de Competências do Diretor Escolar e defende que a profissão deve exercer papel de liderança
Publicado em 08/04/2024
Uma gestão que exerce seu papel de liderança de modo eficaz tem impacto importante no clima, no desenvolvimento dos estudantes e na formação dos professores em serviço. Ou seja, faz a diferença no ambiente escolar. É o que aponta Mozart Ramos, que atuou como secretário de Educação de Pernambuco, reitor e professor na Universidade Federal do estado.
A pesquisa de doutorado de Filomena Siqueira, pela FGV de São Paulo, analisa as redes estaduais de todo o Brasil e mostra que uma liderança eficaz — aquela que mobiliza as pessoas —, produz em média 12 pontos a mais na escala Saeb, tanto em língua portuguesa quanto em matemática. Isso representa oito meses a mais de aprendizado, pontua Mozart Ramos, que também foi conselheiro-relator da Base Nacional Comum de Competências do Diretor Escolar do Conselho Nacional de Educação (CNE) e é titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, da USP de Ribeirão Preto.
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O documento do CNE destaca os aspectos mais importantes da função do diretor escolar no contexto brasileiro e conta com 10 competências gerais do diretor escolar e 17 competências específicas divididas em quatro dimensões: político-institucional, pedagógica, administrativo-financeira, e pessoal e relacional, que objetivam o desenvolvimento de lideranças.
Antes da criação do documento com as competências do diretor, não existia parecer oficial relativo à gestão escolar, o que faz do documento um referencial. Tanto que Mozart revela que embora o documento não tenha sido homologado pelo MEC, órgãos de controle como o Tribunal de Contas dos estados, Tribunal de Contas da União e o Ministério Público utilizam o parecer como base.
Como exemplo, Mozart Ramos conta que, em 2023, participou do programa Educa Mais RS, promovido pelo Tribunal de Contas, no Rio Grande do Sul, e que esta formação voltada a diretores se baseava no parecer da formação dos diretores escolares.
Além de dominar as competências e habilidades presentes no documento, e proporcionar um ambiente agradável para os professores e alunos, o gestor também precisa estar atento à influência que ele exerce sobre o futuro dos estudantes. O desenvolvimento das habilidades socioemocionais e o desenvolvimento cognitivo também devem ser visados pelas gestões que querem se tornar admiradas.
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Mozart cita a frase do falecido professor estadunidense Richard Hamming: “Os professores deveriam preparar os alunos para o futuro dos alunos e não para o passado dos professores”.
A motivação dos professores e o seu engajamento são os primeiros sinais a serem identificados quando falamos sobre mudança na forma de gerir uma escola. “Quando a gente percebe que os professores estão desmotivados, sem estímulo, sem provocar inovações no ambiente escolar, isso já é um primeiro sinal de que a gestão não anda bem.”
Quando dados como o do Censo Escolar e do Saeb indicam que os alunos estão abandonando a escola ou reprovando, também é preciso ficar em alerta. Sobre esse problema, Mozart finaliza dizendo que cabe à Secretaria da Educação, seja ela estadual ou municipal, ter uma política que possa avaliar a qualidade da gestão e também propor mecanismos de formação continuada para o gestor.
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