NOTÍCIA
Apenas 46% dos estudantes brasileiros da classe mais vulnerável completam a etapa do ensino básico, enquanto a porcentagem para estudantes das camadas mais privilegiadas chega a 90%. Esses dados foram apresentados por Ana Crispim, gerente de projetos do Instituto Ayrton Senna, durante o evento Socioemocional […]
Publicado em 14/09/2023
Apenas 46% dos estudantes brasileiros da classe mais vulnerável completam a etapa do ensino básico, enquanto a porcentagem para estudantes das camadas mais privilegiadas chega a 90%. Esses dados foram apresentados por Ana Crispim, gerente de projetos do Instituto Ayrton Senna, durante o evento Socioemocional na Escola, que aconteceu hoje, 14, na Fecap, em São Paulo.
“Observamos que se aumentássemos a taxa de conclusão para 90%, o Brasil teria um ganho de mais ou menos 135 bilhões de reais por ano. Então começamos a ver qual a importância da educação em diversas esferas da sociedade. Temos que olhar para isso não só por meio daquelas competências que têm a ver com a leitura, escrita, matemática, mas o estudante de forma integral, considerando ele em todos os aspectos”, aponta Ana.
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Ana participou do painel A importância do desenvolvimento socioemocional durante o ensino básico, ressaltando um estudo longitudinal promovido pelo Instituto Ayrton Senna e parceiros no Ceará, em Sobral, que analisou o desenvolvimento socioemocional dos estudantes entre 2019 e 2021, antes e durante a pandemia. Esse período impulsionou problemáticas, principalmente durante o isolamento social, uma vez que estar fora da escola gerou baixa aprendizagem e aumento de casos de violência doméstica.
Ou seja, o estudo constata o impacto da escolarização para além do aprender português e matemática, mas para um crescimento de crianças e jovens sadias e respeitadas pela família e população.
Com base em estudos científicos, o Instituto Ayrton Senna organiza as competências socioemocionais em cinco macrocompetências: autogestão, engajamento com os outros, amabilidade, resiliência emocional e abertura ao novo.
Ana Crispim indica caminhos para que esse processo acolhedor ocorra de forma assertiva, são eles: trabalhar com o autocuidado, a autonomia e o autoconhecimento para fortalecer e melhorar a saúde mental dos estudantes; fazer com que o aluno se sinta seguro e acolhido no ambiente escolar, mantendo um espaço que promova socialização, tenha respeito à diversidade e às singularidades de cada um; e elaborar estratégias para apoiar os estudantes em que todos estejam presentes no processo.
“Para apoiar os estudantes, a gente tem que apoiar as pessoas que estão na linha de frente, que são os educadores, os gestão escolares. Eles também precisam estar se sentindo seguros psicologicamente, emocionalmente, fisicamente para que assim consigam apoiar os estudantes”, ressalta.
“Para a gente ter todo esse combo, temos que ter ações intersetoriais, protocolos de encaminhamentos que sejam claros e um mapeamento de redes protetivas da comunidade, porque é assim que a gestão vai conseguir fazer a implementação, o acompanhamento, o monitoramento de todas as ações em todos os níveis e garantir o acesso do estudante para a educação integral — que é de direito dele”, conclui.