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Políticas Públicas

Expansão do ensino médio técnico pode gerar aumento de 2,32% no PIB

Na educação profissional e técnica (EPT) integrada ao ensino médio, apenas 20% dos estudantes conseguem uma vaga — com base no Centro Paula Souza, de SP. Ou seja, há interesse, mas faltam vagas pelo país. Se triplicar as chances para que os estudantes brasileiros possam […]

Publicado em 11/07/2023

por Redação revista Educação

ensino médio técnico_2 Foto: Fundação Itaú

Na educação profissional e técnica (EPT) integrada ao ensino médio, apenas 20% dos estudantes conseguem uma vaga — com base no Centro Paula Souza, de SP. Ou seja, há interesse, mas faltam vagas pelo país. Se triplicar as chances para que os estudantes brasileiros possam cursar essa modalidade (aumentar para 60%), é observado um aumento no PIB de até 2,32% e uma diminuição de 0,58 para 0,55 no nível de desigualdade salarial, de acordo com o índice Gini, o instrumento que mede o grau de concentração de renda em determinado grupo. 


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Esses foram os principais resultados obtidos no estudo que acaba de ser lançado, Potenciais efeitos macroeconômicos com a expansão da oferta pública de ensino médio técnico no Brasil, organizado pelo Itaú Educação e Trabalho. 

O estudo começou ano passado e contou com os pesquisadores Marcelo Santos, Vitor Fancio, Clarice Martins e Sergio Firpo, que atualmente é Secretário de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e Assuntos Econômicos do atual governo.

Quem olha para a juventude? 

Vale lembrar que outra pesquisa do Itaú Educação e Trabalho já constatou que o ensino técnico não é o fim, mas o incentivo para o estudante dar continuidade aos estudos, como acessar o ensino superior. Essa informação é relevante para um país como o Brasil, com a desigualdade de renda escancarada e com apenas 21% dos jovens entre 25 anos e 34 anos tendo concluído o ensino superior, segundo levantamento da OCDE divulgado em 2021. 

“O Brasil ainda tem mais jovens do que idosos. Temos uma vantagem demográfica e precisamos cuidar bem da juventude. Esse estudo visa ampliar a consciência do que podemos fazer pelo Brasil e, assim, criar condições para o país se desenvolver”, defendeu ontem, 10, Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, durante a divulgação da pesquisa para a imprensa, em SP.

Ela também citou a importância da aprendizagem ao longo da vida para dar ‘segurança’ aos impactos das novas tecnologias, que tendem a afetar diferentes campos do trabalho.

ensino médio técnico
Divulgação do estudo ‘Potenciais efeitos macroeconômicos com expansão da oferta pública de ensino médio técnico no Brasil’. Da esq. para a dir.: Marcelo Santos, Sergio Firpo, Carla Chiamareli e Ana Inoue
Foto: Fundação Itaú

Implicações da expansão do ensino médio técnico

A expansão aumentaria o investimento público com o ensino médio técnico de 1,18% para 1,35%, porém, esse investimento adicional tende a gerar retorno, dado que o PIB também aumentaria em 2,32%. “Você aumenta o número de vagas e financia com os tributos [impostos sobre renda do trabalho]. Esse aumento gerado no PIB vai fazer valer a pena o aumento no investimento”, explicou Sergio Firpo.

A expansão de oportunidades para o ensino médio técnico também resultaria em um aumento de 10,4% da proporção de trabalhadores com ensino médio técnico e ensino superior, resultando na diminuição da desigualdade salarial e um aumento no bem-estar de 0,38% segundo índices do Gini. 

“Quando observamos o Gini, vemos a preocupação em dar ao jovem mobilidade social para avançar, aprender, ocupar seu espaço e ser capaz de se cuidar. Temos um problema muito sério em desigualdade que precisa ser resolvido, e é preciso olhar para educação pública e valorizar a juventude na totalidade”, ressaltou Ana Inoue.

Ação em conjunto

A pesquisa não indica como aumentar esses números de vagas, mas o fato é que diferentes atores precisam reconhecer seu papel de apoio aos jovens. “Podemos pensar também em políticas intersetoriais, porque quando a gente fala de educação técnica, a gente está falando para além da educação. Não dá para pensar na modalidade de ensino técnico separada do trabalho”, apresentou Carla Chiamareli, gerente de gestão de conhecimento do Itaú Educação e Trabalho.

Já não é novidade que enquanto a média dos países da OCDE de estudantes que concluem o ensino médio integrado ao ensino técnico é de 32%, a realidade brasileira é de apenas 8%. Estudos como esse buscam evidenciar os potenciais do EPT e incentivar a criação de políticas públicas intersetoriais.

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Autor

Redação revista Educação


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