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A educação digital se tornou obrigatória nas escolas públicas. E agora?

Uma parceria público-privada foi a solução para levar a educação digital para 100% da rede pública de Poços de Caldas. Por meio de projetos de programação e robótica inseridos semanalmente no currículo e com uma aceitação com avaliação superior a 8,9 na avaliação continuada de […]

Publicado em 16/05/2023

por Studio Educação

Escola Dona Vicentina_educação digital

Uma parceria público-privada foi a solução para levar a educação digital para 100% da rede pública de Poços de Caldas. Por meio de projetos de programação e robótica inseridos semanalmente no currículo e com uma aceitação com avaliação superior a 8,9 na avaliação continuada de professores e alunos, a rede de ensino se tornou um exemplo a ser seguido por municípios e estados do Brasil, apesar dos desafios.


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Ano passado, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ganhou um complemento por meio de um parecer aprovado pelo Ministério da Educação que estabelece normas para a computação na educação básica. Em janeiro deste ano, o presidente Lula sancionou a Política Nacional de Educação Digital (Pned) — Lei 14.533 —, um conjunto de normas que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e torna obrigatória a educação digital em todas as escolas públicas do país.

Algumas escolas já conseguem trabalhar com a computação e a robótica de forma interdisciplinar em sua matriz curricular, mas Poços de Caldas se tornou a primeira rede municipal no Brasil a implementar uma solução que atende a 100% dos requisitos da BNCC e da Pned para todos os alunos.

educação digital
Crianças do 1º ano da Escola Municipal Dona Vicentina Massa na atividade desplugada Labirinto do Robô
Foto: divulgação/equipe Ativamente

Na prática

Na Escola Municipal Professor Antônio Sérgio Teixeira, os alunos criaram animais com o uso da ferramenta Scratch para um projeto sobre a fauna brasileira. “Para eles foi algo novo, pois aguçou a curiosidade, a vontade de aprender e o entusiasmo em fazer essa pesquisa usando o computador e viajando pelo mundo da tecnologia. Esse tema [letramento digital] é de suma importância na educação básica. Por exemplo, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer melhor os animais que compõem nossa fauna brasileira de uma forma prazerosa, utilizando a tecnologia a seu favor”, conta Flávia Beatriz Furtado Leite de Vasconcelos, professora do 4º ano do ensino fundamental.

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Aluna do 3º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Professor Antônio Sérgio Teixeira utilizando a ferramenta Scratch
Foto: divulgação/equipe Ativamente

O uso da tecnologia não é necessariamente a ferramenta principal para o aprendizado do pensamento computacional. No caso da Escola Municipal Mariquinhas Brochado, os alunos trabalham projetos desplugados, ou seja, que não precisam necessariamente de ferramentas digitais.

“Em uma atividade, trabalhamos o livro A infância da bruxa Onilda, de Eva Furnari, de maneira diversificada e interdisciplinar. Os alunos foram convidados a desenhar  a bruxa, votar em ingredientes para a poção mágica e nós [professoras] nos vestimos de bruxa para fazer a poção mágica com os ingredientes secretos que  cada turma escolheu. Com a atividade incentivamos a criatividade e a imaginação de cada aluno. Trabalhar projetos desse tipo, mesmo não sendo digital, envolve uma série de habilidades e conhecimentos que possibilitam que  os alunos desenvolvam o raciocínio lógico e se tornem mais colaborativos e participativos nas atividades escolares”, explicam as professoras do 1º ano do ensino fundamental, Gisleine Costa Albino e Marisa de Araujo Dias.

Nessas experiências, o conteúdo da disciplina se potencializa e o uso das ferramentas digitais auxiliam no desenvolvimento de habilidades e competências relacionadas ao currículo da educação digital.

“É gratificante ver todos os alunos trabalhando com os computadores e vivenciando atividades plugadas e desplugadas que incentivam a linguagem tecnológica e as práticas com o pensamento computacional”, declara a Secretária Municipal de Educação  de Poços de Caldas, Maria Helena Braga, que completou 60 anos de magistério e é  incentivadora do projeto.

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Projeto Ativamente em Poços de Caldas

Essas atividades foram realizadas dentro do programa Ativamente, desenvolvido desde março de 2022 pela empresa A Recreativa em parceria com a Prefeitura de Poços de Caldas por meio da Secretaria Municipal de Educação. O município foi pioneiro ao implementar em 100% de suas escolas, urbanas e rurais, esse projeto, que oferece às instituições ferramentas como laptops de última geração, internet de alta velocidade, kits físicos de atividades, e formação e plantão didático aos professores. O objetivo do programa é trabalhar com o pensamento computacional, a programação e a robótica em todos os níveis de ensino. No caso de Poços de Caldas, ocorre ao longo de todo o ensino fundamental, do 1º ano ao 9º ano, sendo que cada escola possui liberdade para inserir os projetos de acordo com sua realidade, inclusive com o seu ano letivo.

“Não temos ainda uma disciplina, integramos (semanalmente) todas essas vertentes dentro da nossa matriz curricular. Os alunos do 1º ano e 2º ano fazem todo o trabalho com o professor. Do 3º ao 5º ano já há apoio do monitor que temos da empresa. E do 6º ano ao 9º ano todo esse conteúdo está inserido dentro da carga horária de cada disciplina. Então, se for um professor de língua portuguesa, ele integra essas atividades à língua portuguesa”, explica Thaís Morgana, responsável pelo projeto Ativamente na Secretaria de Educação de Poços de Caldas.

educação digital
Thaís Morgana, responsável pelo projeto Ativamente na Secretaria de Educação de Poços de Caldas
Foto: arquivo pessoal

“Todo esse desenvolvimento ocorre em uma aprendizagem com significado, estamos sempre trabalhando temas relacionados à comunidade onde os alunos e a escola estão inseridos. Além da tecnologia, conseguimos inserir tópicos do dia a dia que são muito importantes e outros tópicos que a Política Nacional de Educação Digital prevê que sejam abordados para os alunos, como: cibersegurança, cyberbullying, como lidar com fake news, tudo que envolve, de fato, letramento digital”, complementa Rubens Massa, CEO do A Recreativa.

Contudo, os conceitos sobre letramento digital ainda não estão familiarizados entre os educadores do país. Tanto que conseguir mostrar a importância do que está sendo proposto, incluindo a necessidade dessa fluência digital não só para os alunos, mas para eles, foi um dos principais desafios para a implantação do projeto, conta Thaís Morgana. O fato de a BNCC trazer a obrigatoriedade da cultura digital, computação e, mais recentemente, o sancionamento da Pned para dentro das escolas, tem feito os educadores se abrirem mais para essas mudanças. Atitude comum, afinal, o que é novo tende a gerar desconforto. “Enquanto Secretaria, cabe a nós assessorar, apoiar e tentar diminuir as arestas que possam surgir quanto às inseguranças dos professores, que são muitas”, esclarece. 

*Programação e robótica nas escolas municipais: o pioneirismo de Poços de Caldas é tema de um episódio do podcast Brasil Educação, da revista Educação. Disponível no Spotify e Apple.

Escute nosso episódio de podcast:

Autor

Studio Educação


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