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“Não se pode esquecer que a educação aqui foi durante muito tempo dominada por determinados grupos. Para o bem ou para o mal, as elites do Brasil moldaram a forma como enxergamos o país”, diz Michael França, economista, pesquisador do Insper e colunista do jornal […]
“Não se pode esquecer que a educação aqui foi durante muito tempo dominada por determinados grupos. Para o bem ou para o mal, as elites do Brasil moldaram a forma como enxergamos o país”, diz Michael França, economista, pesquisador do Insper e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Seu apontamento sobre a educação brasileira dá o tom do painel Educação e democracia na diversidade, que acontece dia 10 de maio, às 15h30, na Bett Brasil*.
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Ao lado de João Marcelo Borges, pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV) e gerente de pesquisa do Instituto Unibanco, e com mediação de Leny Kyrillos, comentarista da rádio CBN, eles discorrem como os problemas históricos e estruturais do país seguem impactando negativamente a educação nos dias de hoje.
Uma das maneiras de corrigir as distorções atuais, avalia João Marcelo Borges, é a implantação de “metas ambiciosas e públicas que orientem os esforços dos sistemas de ensino”. Michael França, que também é coordenador do Núcleo de Estudos Raciais do Insper, complementa afirmando que “a alta desigualdade e a baixa mobilidade social no Brasil afetam nossas relações socioeconômicas de formas que muitos ainda nem sequer imaginam”. Nesse contexto, grande parte dos resultados das vidas dos brasileiros são influenciados pelo que ele chama de ‘loteria do nascimento’.
Ou seja, a classe social, o gênero, a raça e o local onde cada pessoa nasce têm significativa influência sobre suas vidas. “Para criar uma sociedade mais prospera, precisamos mudar isso. Precisamos criar condições para que uma parte maior dos resultados alcançados por nossos compatriotas sejam resultados de suas escolhas e esforços. Isso faz parte de uma construção não só individual, mas coletiva”, avalia o pesquisador.
João Marcelo relembra que o gasto público com educação em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do país teve um salto importante nas últimas décadas; apesar dos consecutivos recuos nos valores totais registrados nos últimos cinco anos. Mas, para melhor mitigar os problemas da educação, a qualidade dos gastos tem de melhorar.
“Primeiro, na priorização dos gastos. Por exemplo, queremos gastar mais no ensino superior ou na educação básica?”, questiona o pesquisador, indicando que é preciso um plano de ação para orientar políticas públicas mais eficientes.
Citando números da execução do orçamento da União, João Marcelo explica que a maior parte dos gastos nacionais em educação são de custeio, para manter a desigual e ineficiente estrutura já existente. O caminho para mudar tal panorama e avançar é ampliar os gastos em investimentos para combater as deficiências.
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Ambos os pesquisadores concordam que dentre os muitos problemas que o país tem, a educação deve ser tratada como prioridade. “Ela é um meio de mudar a forma como enxergamos o mundo e tem o potencial de nos ajudar a lidar melhor com problemas complexos e auxiliar no desenvolvimento de escolhas mais assertivas”, opina Michael França. João Marcelo complementa afirmando que “a despeito das políticas públicas e da ação governamental, que são importantíssimas, a sociedade precisa se sentir responsável pela educação”.
Por incompatibilidade de agenda, as falas de João Marcelo Borges, do Instituto Unibanco, foram tiradas destas duas entrevistas:
Bett Brasil
*A Bett Brasil é o maior evento de educação e tecnologia na América Latina. Acontece de 9 a 12 de maio, no Transamerica Expo Center, São Paulo. E nós, da Educação, estamos fazendo uma cobertura especial. Clique aqui para ficar por dentro de tudo.
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