NOTÍCIA
A concepção não é exatamente nova. Jogos como The Sims e o cinema 3D já ofereciam experiência parecida, mas as realidades virtual e aumentada, aliadas à tecnologia 5G, impulsionaram a interação para além da simples visão da tela; agora pode-se viver dentro dela. Originado do […]
A concepção não é exatamente nova. Jogos como The Sims e o cinema 3D já ofereciam experiência parecida, mas as realidades virtual e aumentada, aliadas à tecnologia 5G, impulsionaram a interação para além da simples visão da tela; agora pode-se viver dentro dela. Originado do grego, metaverso significa “além do universo” e acredita-se que suas possibilidades podem tornar estudo e trabalho muito mais motivadores e engajadores, ou no mínimo, interessantes.
“Tudo indica que ele vai trazer uma grande modificação na forma como os produtos e serviços são desenvolvidos e entregue aos clientes”, acredita Marcio Sanches, coordenador da Universidade Corporativa do Semesp e professor na FGV-SP.
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Nesse contexto, o ensino superior se coloca no cerne da questão, tendo que se inteirar e se antever à demanda por novos profissionais e às possíveis modificações que terão de incutir no currículo de profissões que já existem, o que para Marcio Sanches é um dos principais desafios. Segundo o professor, as profissões que já existem precisam encontrar novas oportunidades e maneiras de atuar nesse ecossistema.
“Quando se trata de ensino a distância, ainda falamos muito em coisas gravadas, mas no metaverso teremos acesso a uma biblioteca brutal de informações, por isso acredito que nós, professores, por exemplo, seremos muito mais curadores do conteúdo que será disponibilizado ao aluno”, diz Marcio.
O professor pontua que independentemente da profissão, as pessoas e instituições de ensino devem comelar a se inteirar disso para ver o que vai surgir a partir desse universo, pois as mudanças serão drásticas já nos próximos 10 primeiros anos.
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Empresas do setor de realidade virtual afirmam que agora a tendência é a expansão tecnológica, que deverá tornar o metaverso mais realista, conquistar um público cada vez maior e, assim, abrir uma nova fronteira de mercado e de trabalho, abrindo portas para novas especialidades. Conheça as principais delas:
1. Cientista de pesquisa do metaverso
Visão computacional, computação gráfica ou imagem computacional. Também precisa conhecer C++;
2. Planejador do metaverso
Anos de experiência em gerenciamento, conhecimento de marketing e modelos de negócios de HW/SW/SaaS/PaaS e uma ótima mentalidade empreendedora;
3. Desenvolvedor de ecossistemas:
Anos de experiência governamental/lobbying e profundo conhecimento do crescente setor de XR;
4. Gerente de segurança metaverso
Exigirá diploma de Engenharia e experiência em eletrônica de consumo/fabricação;
5. Construtor de hardware metaverso – e construtor de mundos
Ter uma fábrica capaz de criar eletrônicos de consumo complexos;
Wagner Sanchez, pró-reitor do Centro Universitário FIAP, uma das instituições especializadas na formação em tecnologia, enfatiza que a ideia não é algo exatamente novo e que os jovens já estão imersos a essa outra realidade que ele prefere chamar de multiverso, uma vez que a palavra metaverso já está muito associada à empresa do CEO Mark Zuckerberg. Sanchez, que ministrará este ano uma aula magna justamente sobre o tema na FIAP, ressalta os pontos positivos desse ecossistema para o engajamento no aprendizado.
“Imagine que você acorda, invoca seu avatar, coloca seu tênis da Nike, pega sua Coca-Cola, ambos comprados no multiverso, e vai para sua aula, onde você interage em tempo real com seus colegas, em um ambiente que pode ser qualquer um: o Vale do Silício ou Museu do Louvre. Estudar pode ser muito mais interessante”, diz.
Wagner Sanchez aborda ainda alguns pontos que aceleraram os avanços das realidades virtual e aumentada até a chegada do metaverso (ou multiverso):
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Este último fator, segundo Sanchez, já é popular nesse ambiente. É com criptomoedas que se pode comprar um tênis da Nike, uma bolsa da Gucci ou uma Coca-Cola para seu avatar, pois essas marcas já comercializam seus produtos no metaverso. Além desses diferenciais da realidade virtual, também já é possível usar os sentidos, com exceção do paladar. “Todos os outros, tato – com a ajuda de luvas, e até cheiro, algumas empresas já inseriram em seus dispositivos”, conta o pró-reitor da FIAP.
Parece que não se está muito distante de poder ter a experiência do “cinema sensível”, tecnologia imaginada por Aldous Huxley, em Admirável Mundo Novo, ainda em 1932, que possibilitava seus espectadores sentir absolutamente tudo o que viviam os personagens do filme, incluindo as emoções.
Apesar de todas as possibilidades e vantagens que o metaverso trará, alguns pontos precisam ser discutidos como o acesso (quem poderá fazer parte desse universo?), já que a internet não é democratizada a todos no Brasil e isso ficou ainda mais evidente na pandemia, além de cada óculos de realidade aumentada chegar a custar mais de R$500. A entrada nesse universo ainda é restrita para a camada privilegiada.
Outra questão é o aumento da emissão de gás carbônico (CO2). Por mais que se pense que a baixa socialização e consumo de bens e produtos possam diminuir sua emissão, é justamente o contrário. De acordo com um relatório de 2020 dos pesquisadores da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, se 30% dos jogadores mudassem para plataformas de jogos em nuvem até 2030, haveria um aumento de 30% nas emissões de carbono. Isso porque maiores servidores requereriam maior uso de energia elétrica.
Por último e igualmente preocupante: como fica a saúde mental das pessoas em um mundo onde elas podem ter a aparência que desejarem e viverem em ambientes perfeitos? Como fica a visão de si e do mundo real? Como tudo isso vai afetar a vida das pessoas talvez seja a principal questão a ser avaliada, especialmente depois da descoberta dos danos psicológicos que causam os algoritmos do Facebook e Instagram, sobretudo em mulheres e crianças. Pior: sob ciência total do dono Mark Zuckerberg e demais desenvolvedores dessas marcas.
“Acho que teremos que esperar um pouco para ver que seres humanos serão ‘construídos’, digamos assim, até lá. Mas é um aspecto tenso mesmo”, completa Wagner Sanchez.
*Fonte das 5 profissões vinculadas ao metaverso que surgirão até 2030: Levantamento do Centro Universitário UniOpet
Esta matéria, da repórter Mayara Figueiredo, foi publicada originalmente no site da Plataforma Ensino Superior: www.revistaensinosuperior.com.br
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