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Todas as mídias combinadas em benefício da aprendizagem

Para oferecer a melhor educação possível para todos, e, em especial para os que vivem em situação de vulnerabilidade

Publicado em 01/10/2020

por Redação revista Educação

igualdade-aprendizagem Foto: João Ritter/Unsplash

Por Cláudia Costin*: O momento de pandemia da covid-19 expôs a desigualdade educacional existente no Brasil – que, se já era conhecida, tornou-se claramente perceptível ao buscarmos novas formas de contato com os alunos, de modo a evitar uma total interrupção do processo educacional. Foram utilizadas diferentes mídias para assegurar aprendizagem emergencial remota, como plataformas digitais, televisão, rádio e até cadernos pedagógicos ou apostilas físicas.

Leia: Um dos criadores do Pisa analisa o investimento público em educação no Brasil

Embora a desigualdade social não se traduza obrigatoriamente em desigualdade educacional, no Brasil as parcelas mais desfavorecidas da população são, também, as que têm menor acesso à educação de qualidade.

Entre as 79 economias que participaram do último Pisa – teste internacional de qualidade da educação, organizado pela OCDE e aplicado a jovens de 15 anos – o Brasil foi o segundo país com maior desigualdade educacional.

igualdade aprendizagem

Foto: João Ritter/Unsplash

Brasis

Essa desigualdade significa também desigualdade no acesso à internet, às novas tecnologias. Bem utilizadas, essas tecnologias poderiam ser uma forma de pular etapas no desenvolvimento educacional, ou na garantia de aprendizagem para alunos no País.

As escolas brasileiras podem e devem avançar na utilização de tecnologia. E não somente das tecnologias digitais, mas também das que podemos chamar de “low-tech”, como televisão e rádio – se possível ligados a um aplicativo, de forma que todos possam acessar, online e offline. Vale a pena olhar para outras tecnologias que dialoguem com o mundo digital, e, progressivamente, equipar as escolas com novas tecnologias, no esboço do que a poderíamos chamar, no futuro, de ensino híbrido.

Podemos fazer um paralelo entre o acesso ao livro e o acesso à tecnologia. Durante muito tempo, muitas escolas públicas brasileiras não tinham livros didáticos, e foi uma operação logística complexa assegurar livros didáticos pra todos os alunos.

Hoje, na média – embora aconteçam exceções –, os alunos brasileiros têm acesso ao livro didático. Um esforço assemelhado, mas já no sentido de disseminar a tecnologia, foi feito em nosso vizinho, Uruguai. Lá, o Plano Ceibal permitiu que os alunos tivessem não só acesso a equipamentos, mas também a conectividade e conteúdos de qualidade.

Leia: Perda com evasão escolar é de R$ 214 bilhões por ano

Banda larga para todos

O Brasil, agora, tem que fazer um esforço grande para garantir conectividade em banda larga. E não só nas escolas, mas também nas residências dos alunos. Isso não só para que o aluno esteja preparado para o mundo do trabalho, mas também no sentido de garantir a ele o acesso a competências digitais para a vida.

O aluno precisa saber usar o computador para aprender. O professor, para atualizar e aprimorar o processo de ensino. E também para exercer uma cidadania planetária, conectando-se às causas que o aluno defende e participando, com colegas, de outras cidades e de outros países, de comunidades que se interligam no mundo contemporâneo. O Brasil terá que fazer um esforço grande nessa direção, mas vai valer a pena.

Houve um processo de “learning by doing”, ou aprender fazendo, incrível na resposta educacional à covid. Professores que criaram essas soluções têm que ter suas boas práticas iluminadas. O Brasil já vem construindo boas práticas em muitas escolas e redes no país e torna-se urgente dar escala a essas experiências.

Talvez a melhor maneira de melhorarmos em educação, seja, ao invés de copiarmos o que outros países fazem, começar a nos inspirarmos naquilo que já vem dando certo em diferentes estados e municípios brasileiros.

Leia: Entenda o que é uma educação antirracista e como construí-la

Aprendizagem daqui para a frente

Espero que, depois dessa crise, de tanto sofrimento, possamos fazer o Brasil aprender com ele mesmo, com os professores, que usaram toda a sua criatividade em experiências incríveis, combinando as mídias e tecnologias a que seus alunos puderam ter acesso para assegurar a continuidade do processo educacional em suas casas.

Temos que nos aproximar da realidade do aluno para levá-lo a avançar, mantendo altas expectativas de aprendizagem para todos. Não é porque o aluno vive em condições de grande vulnerabilidade, que nós temos o direito de pensar em uma educação de segunda linha. É fundamental pensar na melhor educação possível para todos, e, ao mesmo tempo, dar apoios adicionais para quem enfrenta maiores desafios.

Cláudia Costin é fundadora e diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas, FGV CEIPE. Foi ministra da Administração e Reforma do Estado, secretária de Cultura do Estado de São Paulo e secretária de Educação do Município do Rio de Janeiro. É membra do comitê técnico e cofundadora do Todos Pela Educação.

O texto de Cláudia Costin tem como base a sua participação em agosto do Showcase Educação: Tecnologia como instrumento de mediação no processo educacional, promovido, via web, pela SYNNEX Comstor e pela Cisco.

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Educação brasileira avançou, mas desigualdade de aprendizagem ainda é latente

Autor

Redação revista Educação


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